domingo, dezembro 25, 2005

Férias!

Antes de tomar fôlego para o ano de 2006, estou saindo hoje de férias.

Nesse nosso cantinho onde tantos se encontram, desejo a todos, amigos, incentivadores, leitores, enfim todos, ótimas festas e um ano de 2006 cheio de paz, saúde e de prosperidade.

Estarei retornando na última semana de Janeiro, com novas energias e com novas idéias.

Meus sinceros agradecimentos para todos vocês, razão de ser desse nosso cantinho, de inconfidências e de confidências, sobre as óperas que tanto amamos.

Jacques

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Rigoletto - Sinopse

Leo Nucci as Rigoletto and Ruth Anne Swenson as Gilda at the Bastille
Photo: Eric Mahoudeau


Ato I,

Cena 1: Durante um baile no Palácio Ducal, o galanteador Duque de Mantua descreve seu amor por todas as mulheres bonitas e seu interesse particular por uma jovem desconhecida que ele viu na igreja. O Duque continua a flertar com a Condessa Ceprano, enquanto Marullo conta aos seus amigos cortesãos que Rigoletto, o bobo da corte corcunda, tem uma amante. Rigoletto zomba cruelmente do Conde Ceprano por sua infidelidade e o Conde promete vingança.

O Conde Monterone, cuja filha foi seduzida pelo Duque, interrompe a festa e clama por vingança. Rigoletto ridiculariza Monterone que joga uma praga de pai no brincalhão aterrorizado.

Cena 2: Naquela noite, Rigoletto recusa os serviços oferecidos por Sparafucile, um assassino profissional.

Sua filha Gilda, a única fonte de felicidade da vida de Rigoletto, cumprimenta-o afetuosamente quando ele entra no pátio. Gilda indaga sobre sua história familiar e Rigoletto revela somente que sua mãe está morta.

Rigoletto ordena a sua governante, Giovanna, que observe Gilda de perto, e ordena que Gilda nunca saia do lar. Gilda não revela a seu pai que está apaixonada por um homem que ela vê na igreja, que, na verdade, é o Duque disfarçado.

Assim que Rigoletto deixa Gilda sozinha, o Duque, vestido como um estudante pobre, conta a Gilda seu amor por ela.

Após a partida do Duque, Rigoletto volta para a casa e descobre os cortesãos do Duque raptando Gilda, que eles acreditam ser a nova amante do nobre. Os cortesãos enganam Rigoletto dizendo que eles estão raptando a Condessa Ceprano e ele é convencido a ficar de olhos vendados e segurar a escada, inadvertidamente contribuindo para o rapto de sua amada filha.

Ato II:

O Duque alegra-se ao saber que Gilda foi raptada e corre para encontrá-la em seu quarto. Rigoletto entra, tentando esconder sua infelicidade, e procura desesperadamente por pistas que possam levá-lo ao paradeiro de sua filha. Quando Rigoletto compreende o que aconteceu, ele implora sem sucesso aos cortesãos do Duque para que lhe dêem sua filha de volta. Gilda corre para fora do quarto do Duque e conta a seu pai os acontecimentos daquela noite. Ao ver o Conde Monterone a caminho da prisão. Rigoletto jura vingança contra o Duque.

Ato III:

Rigoletto traz Gilda para a taberna de Sparafucile para que ela veja o Duque flertando com a irmã do assassino, Maddalena. O amor de Gilda pelo Duque é inabalável e Rigoletto lhe ordena que ela volte para casa e vista roupas de homem, preparando-se para a viagem deles a Verona.
Assim que Gilda parte, Sparafucile encontra Rigoletto fora da taberna; eles decidem que o Duque será assassinado e Rigoletto retornará à meia-noite para recolher o corpo. Quando Maddalena escuta a ameaça de assassinato, tenta convencer o Duque a deixar a taberna, e quando este recusa-se a partir, ela implora ao seu irmão que poupe a vida do Duque.

Sparafucile não quebrará seu acordo com Rigoletto. No entanto, ele diz a sua irmã que se alguém mais entrar na taberna naquela noite eles matarão aquela pessoa e a vida do Duque será assim salva. Enquanto isso, Gilda retorna à taberna. Escutando a conversa de Maddalena e de Sparafucile, ela resolve sacrificar-se para salvar o Duque. Gilda bate à porta e é rapidamente morta e colocada em um saco para Rigoletto, que apanha o saco exaltado.

Enquanto rema em direção ao meio do rio, preparando-se para despejar o corpo, Rigoletto escuta o Duque cantando na taberna. Ele rasga o saco em tiras e descobre sua filha moribunda que implora o perdão do pai. Com a morte de Gilda, Rigoletto dolorosamente lembra-se da praga de Monterone.

Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service

Jacques

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Verdi - Uma breve biografia

Reedição editada de 21 de Setembro de 2005

Para entender a obra de Verdi, e situá-la no contexto de sua época, é interessante conhecer um pouco da sua biografia.

Antes mesmo de entrar na sinopse da Rigoletto, a história do compositor confunde-se com a história de suas óperas. E é normal que assim as coisas aconteçam. De Verdi, nos últimos meses, já ouvimos Oberto e Un Ballo in Maschera, numa primeira ocasião um compositor incipiente e que prometia muito. Un Ballo in Maschera já é de sua fase madura. Agora vamos ouvir um Verdi amadurecido, politizado e mais consciente de seus dotes criativos. Rigoletto é uma das óperas preferidas do público e das mais executadas no mundo inteiro.

É interessante notar como a obra e o autor se interrelacionam. Numa época onde a ópera gozava da mesma popularidade das nossas tão populares novelas, é interessante ver que o talento de seus autores tem muito a ver com suas composições. Enquanto alguns preferiram os temas "não políticos", Verdi, ao contrário, era um apaixonado dos temas que trouxessem, ainda que subliminarmente, sua visão pessoal dos acontecimentos contemporâneos.

É lógico que suas atitudes, se olhadas com os nossos olhos, tinham o condão de inflamar multidões. Afinal, era porisso que seus admiradores o idolatravam. No mundo da ópera as paixões são exacerbadas, ou ama-se ou odeia-se, ou se aplaude ou se vaia. As mesmas multidões que acorriam aos teatros para ver as composições eram as mesmas que podiam enterrar ou alçar seus ídolos a deuses.

Acredito que já citei, de passagem, aqui mesmo neste nosso site, que a biografia dos compositores é um assunto fascinante. Naquela época, boa parte das informações que possuímos advém da correspondência desses compositores, onde, despidos da personalidade pública eles encarnam seres normais, passionais e falhos, com dúvidas, comentários e notas que enriquecem as suas biografias.

Não é possível aqui entrar nessa seara. A nossa era exige, tal qual os jornais diários, uma síntese dos dados. Coloco aqui, mais como convite à leitura e menos ao estudo, que procurem conhecer a intimidade de seus compositores prediletos, seres normais com talentos para a composição mas humanos e dominados por todos aqueles defeitos inerentes a todos nós.

Polêmico e capaz, capaz e polêmico, assim foi Verdi.

Giuseppe Verdi (1813 - 1901)


Verdi nasceu entre 9 e 11 de outubro (os dados não são claros) de 1813. Apesar de não ser um camponês, sua origem era extremamente modesta - seus pais eram donos de uma taberna em Roncole. Aprendiz do organista da vila, Verdi mostrou aptidão suficiente para prosseguir os estudos na cidade vizinha de Busseto. Sua educação foi garantida por um benfeitor paternal, Antonio Barezzi, um quitandeiro.

Barezzi ajudou Verdi a ir para Milão, onde sua matrícula no conservatório foi recusada, com a alegação de que ele já tinha 19 anos e era considerado velho demais e sem proficiência suficiente no teclado. Apesar desta recusa, Verdi estudou em particular, com um acompanhador musical do La Scala de Milão e o mentor viu que Verdi assistia à ópera com regularidade. Em 1836 Verdi casou-se com a filha de Barezzi, Margherita. Três anos mais tarde, em 1839, sua primeira ópera, Oberto, foi encenada no Teatro La Scala.

Em seguida, Verdi foi atingido pela tragédia. No início de abril de 1840, o filho pequeno ficou doente e morreu, sendo seguido pela sua filha mais jovem, dois dias mais tarde. Em junho do mesmo ano, sua esposa Margherita teve um ataque de encefalite aguda e morreu, após um período curto de enfermidade. Toda a vida de Verdi foi destruída e ele retornou para Busseto. Os choques sucessivos levaram Verdi a considerar a idéia de abandonar a música.

Somente dois anos mais tarde, quando Verdi descobriu o libreto Nabucco, um conto do cerco aos hebreus durante os tempos bíblicos, seu interesse pela ópera retornou. Nabucco foi um grande sucesso e o retrato de opressão nele reproduzido, foi visto como uma declaração política sobre a Itália. O nome de Verdi tornou-se sinônimo do movimento de liberação e unificação da Itália e ele assumiu o crescimento constante de seu público com bastante seriedade. O sucesso de Nabucco estimulou Verdi, que continuou a compor algumas das mais importantes óperas da história, entre elas La Traviata, Rigoletto e Aida.

Apesar de ainda não estar no fim da carreira, Verdi retirou-se para Sant'Agata, sua propriedade agrícola, aos 58 anos de idade com sua segunda esposa, a famosa soprano Giuseppina Strepponi. Nos anos seguintes Verdi escreveu sua famosa Missa Requiem e um quarteto de cordas. Bem mais tarde, em 1887, aos 74 anos de idade, Verdi surpreendeu o mundo da ópera com Otello. Baseada na obra de Shakespeare, foi considerada por muitos especialistas como a maior realização da ópera italiana. Seis anos mais tarde, já com 80 anos, produziu outra obra de arte, novamente de Shakespeare, Falstaff, baseada nas Merry Wives de Windsor.

No inverno de 1901, sua esposa Giuseppina e muitos de seus amigos já haviam morrido e Verdi sofreu um derrame na suíte de seu hotel em Milão. Morreu aos 88 anos e, após um funeral simples como havia desejado, teve um "funeral público de pompa e estilo" normalmente reservados aos chefes de estado.

Jacques

terça-feira, dezembro 20, 2005

Ópera Direto do Metropolitan Opera de New York


Todos os anos, de Dezembro a Abril, as datas variam a cada ano, o Metropolitan Opera de New York, aos sábados à tarde, irradia para uma rêde de emissoras locais e internacionais, uma récita de ópera, ao vivo.

Em todos os Estados Unidos é possivel escutar, ao vivo, essas emissões.

A Radio Cultura FM de São Paulo, nos últimos anos, tem retransmitido essas récitas, inicialmente em rêde, o que acontecia normalmente aos sábados. De um par de anos para cá, a Cultura adotou um novo formato, ela transmite no domingo subseqüente, com os habituais comentários, a ópera do sábado anterior.

Assim, nesse próximo domingo, dia 25 de Dezembro, no horário costumeiro, às 15:00horas, a Cultura vai irradiar a ópera do dia 17 de Dezembro p.p.

O anúncio é o seguinte:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006
VERDI - Rigoletto. Solistas: Carlo Guelfi, Rolando Villazon, Eric Halfvarson, Anna Netrebko, Nancy Fabiola Herrea. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Asher Fisch.

Para que todos possamos acompanhar as óperas vindouras, coloco abaixo o calendário, lembrando que nele constam as datas e os horários de New York. Assim, para adaptar à transmissão brasileira é só adicionar os oito dias à data original e sintonizar os 103,3Mhz ou o link da emissora às 15:00hs

"2005-2006 Metropolitan Opera Radio Broadcast Season:
All times Eastern

December 17, 2005 - 1:30pm - Verdi: Rigoletto

December 24, 2005 - 1:30pm - Picker: An American Tragedy

December 31, 2005 - 1:00pm - Berg: Wozzeck

January 7, 2006 - 1:30pm - Donizetti: L'Elisir D'Amore

January 14, 2006 - 1:30pm - From the Met Archives: A Mozart Celebration

January 21, 2006 - 1:30pm - Mozart: Die Zauberflote

January 28, 2006 - 1:30pm - Mozart: Cosi Fan Tutte

February 4, 2006 - 1:30pm - Alfano: Cyrano de Bergerac

February 11, 2006 - 1:30pm - Verdi: La Traviata

February 18, 2006 - 1:30pm - Verdi: Aida

February 25, 2006 - 1:30pm - Saint-Saens: Samson et Dalila

March 4, 2006 - 1:30pm - Gounod: Romeo et Juliette

March 11, 2006 - 1:30pm - Verdi: La Forza del Destino

March 18, 2006 - 1:30pm - Tchaikovsky: Mazeppa

March 25, 2006 - 1:30pm - Verdi: Luisa Miller

April 1, 2006 - 1:30pm - Beethoven: Fidelio

April 8, 2006 - 1:30pm - Massenet: Manon

April 15, 2006 - 1:30pm - Donizetti: Don Pasquale

April 22, 2006 - 1:30pm - Mozart: Le Nozze di Figaro

April 29, 2006 - 1:00pm - Wagner: Lohengrin

May 6, 2006 - 12:30pm - Handel: Rodelinda"

A cada semana iremos colocando os detalhes de cada uma das óperas, como costumeiramente.

Esta temporada promete boas audições.

Jacques

sábado, dezembro 17, 2005

Les Troyens - Libreto

Les Troyens: Act III with Cornelia Helfricht as Didon (left), and Elodie Méchain as Anna (right)
Photo: Andreas H Birkigt

Para os que gostam de acompanhar a ópera lendo o libreto, aqui vai o link. Tenho certeza que ficarão agradávelmente surpresos com a beleza da ópera.

Boa audição!

Jacques

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Les Troyens - Sinopse

Les Troyens at the English National Opera: the royal hunt and storm
in Act IV
Photo: Clive Barda

PRIMEIRO ATO:

Tróia, em tempo imaginários
. Depois de dez longos anos de guerra, os gregos aparentemente acabaram com o cerco de Tróia. Radiantes com o prospecto de paz, troianos dançam e cantam enquanto as mulheres e crianças exploram o recém abandonado campo militar dos gregos. Os gregos deixaram para trás uma enorme estátua de um cavalo de madeira: parece ser um ofertório para os deuses, mas ninguém sabe o que significa.

Enquanto a massa celebra, Cassandre, princesa e profetisa, tem uma visão aterrorizante. Ela vê o falecido herói troiano Hector marchando pelas muralhas da cidade. Sua visão é interrompida por Chorebe, que quer que ela junte-se à celebração. Cassandre dá-se conta de que Tróia será destruída e todos a quem ama serão assassinados. Ela implora a Chorebe que deixem a cidade, mas ele nega-se a acreditar nela. Pedindo-lhe que se anime, ele a arrasta para o meio da multidão.

No cair da noite, o rei Príamo e uma procissão de padres e soldados agradecem aos deuses por sua vitória. Eles trazem oferendas para um altar ao ar livre antes de se acomodarem para verem as danças e torneios de luta. Em meio à celebração, uma lembrança do pesar da cidade: Andromaque, a viúva do herói Hector, e seu filho, deixam flores no altar. A multidão tem piedade de Andromaque, mas Cassandre está insensibilizada. Ela sabe que há mais sofrimento guardado para aquela cidade.

O herói troiano Enée chega para informar um mal presságio. O sacerdote Laocoön, suspeitando que o enorme cavalo é algum tipo de armadilha, enfiou sua espada em um dos lados da estátua e encorajou uma multidão a queimá-la. Imediatamente, duas serpentes marinhas saíram do oceano e o devorou. Todos ficam horrorizados com a notícia. Enée sugere que os gregos provavelmente deixaram o cavalo como oferenda aos deuses; os troianos devem trazê-lo ao templo de Atenas para evitar novos desastres.

Cassandre observa aterrorizada enquanto o cavalo é rebocado à entrada de Tróia. De fora, escuta-se o tinir das espadas e escudos dentro do cavalo, mas a multidão toma isso como bom agouro e continua movendo a estátua para dentro da cidade. Cassandre tenta barrá-los, gritando que o cavalo esconde uma armadilha, mas ninguém escuta. Enquanto as portas da cidade se fecham atrás do cavalo, Cassandre resigna-se a seu destino: agora ela vai morrer com seu povo.

SEGUNDO ATO:

Aquela noite, no palácio de Enée. Enée dorme, meio armado. Ele é despertado pelo fantasma de Hector, que anuncia que a cidade está sendo atacada pelos gregos. Tróia está perdida; Somente Enée irá sobrevier para fundar uma nova Tróia, na Itália. Enquanto a voz e imagem de Hector vagarosamente se esvai, o sacerdote Panthée irrompe pela porta carregando as imagens sagradas de Tróia. Panthée explica que o misterioso cavalo abrigava um exército grego que agora está destruindo a cidade. Enée agarra seu filho Ascânio e se apressa para liderar a fuga troiana.

Dentro do palácio real. Enquanto a cidade ao redor está em chamas, as mulheres troianas oram para que Vesta Cibele os libere dos gregos. Cassandre chega com outro vaticínio: Enée, que já resguardou os tesouros e imagens sagradas de Tróia, irá fundar uma nova Tróia na Itália. O próprio noivo de Cassandre, Chorebe, está morto. Cassandre tampouco espera sobreviver. As mulheres troianas certamente serão estupradas e escravizadas. Cassandre incentiva as mulheres a resistirem à sua maneira: tirando suas próprias vidas. A maioria jura morrer com Cassandre; aquelas que não tem coragem suficiente para cometer suicídio são caçadas. O resto das mulheres começam uma dança selvagem e arrebatadora, cantando as glórias de Tróia e jurando morrer livres. Os soldados gregos buscando os tesouros troianos se dão de encontro com a cena, e observam entre chocados e assombrados. Brandindo suas espadas, os gregos exigem os tesouros, mas Cassandre os desafia esfaqueando-se. Logo, os gregos ficam sabendo que Enée escapou com os tesouros. As outas mulheres começam a matar-se em massa, arremessando-se das sacadas, enforcando-se e esfaqueando-se, todas com um grito final de “Itália”.

TERCEIRO ATO:

Um corredor no palácio de Didon em Cartago. O povo cartaginês saúda a sua rainha, Didon, com o hino nacional. Ela relembra quando liderou seu povo de Tiro depois da morte de seu marido, muitos anos atrás. O trabalho duro de seu povo construiu uma cidade próspera e bela. Didon pede a seu povo que ajude-a mais uma vez contra o rei númida Iarbas, que quer conquistar Cartago e forçar a rainha a casar-se com ele. A multidão jura expulsar o exército de Iarbas para o deserto. Fazendeiros, construtores e marinheiros apresentam-se perante a rainha e ela lhes agradece com presentes simbólicos.

Depois que a multidão deixa a viúva Didon, ela confia à irmã Anna que algumas vezes é atacada por uma estranha aflição e tristeza. Adivinhando a causa, Anna diz a sua irmã que ela irá amar uma vez mais — mas Didon insiste que continuará fiel ao falecido esposo. Ela pede aos deuses que lhe amaldiçõe se ela retirar alguma vez seu anel de casamento.

Iopas, o poeta da corte, introduz um bando de desconhecidos que quase naufragou durante uma recente tempestade. Eles são remanescentes do exército troiano. Os refugiados oferecem a Didon seus tesouros em troca de alguns dias de descanso na ilha, em passagem para a Itália. No mesmo instante, Narbal, o ministro de Didon, anuncia que Iarbas e suas hordas acabam de invadir Cartago. Enée, que estava posando de simples marinheiro, revela sua verdadeira identidade e se oferece para ajudar a rainha. Didon aceita com admiração e orgulho. Enée reúne os cartagineses e troianos e pede a Didon que cuide de seu filho Ascânio. Os exércitos marcham para a batalha.

QUARTO ATO:

Interlúdio Instrumental. O alvorecer numa floresta africana, algum tempo depois. Duas naias banham-se em um riacho próximo de uma caverna natural. Cornos de caça soam à distância e as naias escondem-se. Caçadores aparecem com cães e Ascânio galopa a cavalo. Começa a chover e depois a trovejar. Os caçadores gritam uns aos outros e depois se dispersam. Didon e Enée, buscando abrigo para o temporal, entram juntos na caverna. Ninfas e Egipãs se juntam do lado de fora da caverna, dançando selvagemente e gritando “Itália!” Uma árvore é atingida por um raio e desaba no chão; as criaturas bailadoras levantam galhos ardentes. O temporal passa e a calma retorna à floresta. Didon e Enée ainda estão na caverna.

Pôr de sol no jardim beira-mar de Didon. Anna e Narbal passeiam juntos, discutindo o futuro de seu país. Narbal está contrariado por Didon haver abandonado todos os projetos dela e passar seu tempo caçando e banqueteando com Enée. Anna porém está otimista; finalmente Didon está apaixonada por um herói da realeza. Parece que Cartago logo terá um novo rei. Narbal, contudo, sabe que Enée eventualmente irá partir para a Itália. Ele teme que o relacionamento traga ruína para ambos Didon e Cartago.

Didon e Enée assistem a uma apresentação de algumas bailarinas. Didon não está entretida; ela pede a Iopas para recitar um poema simples e pastoral. Mais tarde, ainda impaciente, Didon pede a Enée que conte-lhe mais sobre Tróia; ela quer saber da sorte da viúva de Heitor, Andromaque. Enée conta que Andromaque casou-se com Pyrrus que matou seu marido Heitor. Didon reflete que tudo está dizendo-lhe para sair de seu sofrimento e permitir-se amar Enée com todo coração. Numa brincadeira, Ascânio retira sua velha aliança de casamento do dedo.

Os cortesãos vagarosamente se afastam, encantados pela beleza da noite. Juntos e a sós, Didon e Enée juram seu amor um pelo outro. Mas sua alegria é interrompida pelo deus Mercúrio, que aparece frente a Enée, dentro de um raio de lua, com uma recordação sinistra: “Itália!”.

QUINTO ATO:

O porto de Cartago, naquela noite. Um marinheiro solitário canta sobre sua saudade de casa antes de quedar-se dormido. Panthée aparece com outros troianos, dizendo-lhes que eles já passaram muito tempo em Cartago. Os marinheiros estão inquietos e os deuses estão muito irritados; todos os dias, novos sinais os adverte para que eles prossigam em jornada à Itália. Eles devem partir amanhã. Contudo, nem todos querem partir; dois sentinelas troianos queixam que já estavam se adaptando.

Enée entra, preocupado e confuso. Ele sabe que deve partir para a Itália, mas não consegue lidar com o fato de abandonar Didon. Ele decide vê-la uma vez mais, mas é impedido por uma multidão de fantasmas: os falecidos Príamo, Hector, Chorebe, e Cassandre, todos exigindo que Enée deixe Cartago imediatamente. Convencido, Enée desperta seu exército e diz-lhes que preparem-se para navegar.

Mas pouco antes dos troianos partirem, Enée é confrontado por uma Didon furiosa. Ela suplica que Enée fique e o acusa de desertá-la. Ele jura que a ama, mas ela amaldiçoa a ele e seus deuses, depois retorna correndo a seu palácio. Desanimado, Enée entra a bordo de seu navio.

O palácio de Didon, pouco antes do alvorecer. Didon pede a Anna que vá até Enée implorá-lo para que fique, mas os troianos já deixaram Cartago. Didon lamenta por não haver queimado sua esquadra quando teve chance. Ao invés, ela ordena que se queime numa pira todos os presentes e troféus de Enée. Didon compreende que sua vida está terminada e ordena que todos a deixem à sós. Ela diz adeus a seu país e sua vida.

Os troféus de Enée são empilhados numa pira no jardim beira-mar de Didon. Sacerdotes rezam para os deuses do submundo enquanto Anna e Narbal amaldiçoam Enée e sua missão no ritual. Como se estivera sonhando, Didon sobe nos degraus da pira. Ela prediz que um dia, um grande general cartaginês, Aníbal, irá vingá-la. Então se mata com a espada de Enée. O caos toma conta da multidão surpreendida. Enquanto morre, Didon profetiza que Cartago irá cair enquanto Roma se tornará uma cidade eterna. Enquanto uma visão da capital romana aparece à distância, os cartagineses juram seu eterno ódio por Enée e seus descendentes.

Jacques

Baseado na sinopse publicada no site do Metropolitan opera international Radio Broadcast Information Center

terça-feira, dezembro 13, 2005

Les Troyens - Introdução Breve e Informações Interessantes

Les Troyens: Robert Lloyd as Narbal, Lorraine Hunt Lieberson as Dido, Elena Zaremba as Anna, and Matthew Polenzani as Iopas

Photo: Marty Sohl

Antecedentes

A Eneida de Virgílio, a fonte de Les Troyens de Berlioz, é um epopéia romana baseada em vários mitos e lendas gregas, particularmente na Ilíada de Homero, que conta a estória da Guerra Troiana, e na Odisséia, do mesmo autor, que relata a jornada de retorno do herói grego Odisseu (Ulisses) à pátria depois da tomada de Tróia. Apesar da Eneida utilizar personagens e mitos gregos, o livro realmente trata da origem e história de Roma. Como outros artistas romanos, Virgílio estava interessado em pintar um elo direto entre a riqueza filosófica, cultural e científica da Grécia Antiga à cultura romana.

Obviamente, Berlioz não poderia incorporar todas as estórias da Eneida em sua ópera. Aqui estão algumas das informações que Berlioz conhecia sobre as personagens em Les Troyens mas deixou de fora de seu libreto.

CASSANDRA

Cassandra (Cassandre, em Les Troyens) era a filha do Rei Príamo e rainha Hécuba. A mitologia grega nos conta que quando Cassandra e seu irmão gêmeo, Heleno, eram crianças, eles foram brincar no santuário de Apolo. Os gêmeos brincaram até que ficou muito tarde para voltarem a casa e uma cama foi arranjada para eles dentro do templo. Na manhã, a ama dos garotos encontrou as crianças a dormir, enquanto duas serpentes lhe passavam a língua pelos sentidos. A ama ficou aterrorizada, mas as crianças estavam ilesas. Depois, o ouvido dos gêmeos ficou tão sensível que eles podiam escutar as vozes dos deuses.

Cassandra tornou-se uma jovem bela e religiosa que passou tanto tempo dentro do templo de Apolo que o próprio deus se apaixonou por ela. Ele a ensinou os segredos da profecia; Cassandra tornou-se uma profetiza, mas se negou a dormir com o deus. Para vingar-se, Apolo lançou uma maldição contra ela: desde aquele dia, ninguém jamais acreditaria em suas profecias.

Em Les Troyens, Cassandra se suicida ao invés de se deixar violar e escravizar. Mas os autores gregos, especialmente Ésquilo, contaram uma estória diferente. De acordo com eles, Cassandra, que era uma prioresa virgem, foi estuprada no altar de Minerva pelo herói grego Ájax. Depois foi escravizada e dada ao líder grego Agamêmnon. Agamêmnon fez de Cassandra sua amante e a levou para viver com ele em seu reino, Micenas. Contudo, ao chegar a Micenas, ambos foram assassinados pela esposa do rei, Clitemnestra.

HEITOR

Hector (Hector, em Les Troyens) foi o maior herói troiano e sua morte foi o começo do fim para Tróia. Filho do rei Príamo e da rainha Hécuba (e irmão de Cassandra e Páris), Heitor liderou muitos dos ataques contra os gregos. Ele matou muitos gregos, o mais importante sendo Pátroclo, melhor amigo do herói grego Aquiles. Aquiles vingou a morte de Pátroclo matando Heitor e arrastando o corpo do herói morto em volta das muralhas de Tróia com sua carruagem. Aquiles estava tão inflamado que negou-se a liberar o corpo de Heitor para um enterro. Foi somente quando o próprio Rei Príamo entrou no campo grego para implorar pelo corpo de seu filho que Heitor teve um funeral adequado.

ENEIAS

A redação mais extensiva sobre Enéias (Enée, em Les Troyens) é encontrada na Eneida de Virgílio, mas a personagem também é uma figura central na Ilíada e em outras narrativas gregas.

Enéias era o filho de Afrodite, deusa grega do amor, com o guerreiro troiano Anquises. Durante a guerra de Tróia, Enéias lutou com coragem — mas foi protegido do perigo pelos deuses, que sabiam que ele estava destinado a reinar sobre os troianos que sobrevivessem a guerra. Quando os gregos finalmente saquearam Tróia, o fantasma de Heitor alertou Enéias a escapar e instruiu-lhe a fundar uma nova Tróia. (Em Les Troyens, Heitor especifica a Itália como local da nova Tróia; na Eneida, não). Enéias escapou da cidade com seu filho Ascânio, sua esposa Creusa, e seu pai Anquises. Creusa se perdeu no tumulto da cidade em chamas e Anquises estava tão fraco que Enéias teve que levá-lo às costas.

Fora de Tróia, Enéias encontra-se com outros refugiados troianos. Juntos, eles estendem as velas em busca de um novo lugar para reconstruir Tróia. Infelizmente, a deusa Juno (Hera), que odiava tudo o que era troiano, sabotou a expedição em toda oportunidade que teve. Enéias e seus seguidores peregrinaram por seis anos. Neste período, eles tentaram estabelecer-se na Trácia, onde os arbustos sangraram, revelando um crime horrível cometido naquele solo; e em Creta, onde sua safra não cresceu e uma praga a fulminou. Depois os viajantes foram até tentados a unir-se a uma comunidade de outros exilados troianos que construíram uma Tróia em miniatura.

Enéias e seus seguidores conheceram a famosa Sibila, que vaticinou os sofrimentos pelo qual passariam e descreveu a terra onde eventualmente se estabeleceriam. Eles também visitaram a ilha de Ciclope. Finalmente, os refugiados aportaram em Sicília, onde Anquises morreu. Ao deixar a Sicília para ir à Itália, os planos de Enéias uma vez mais foram sabotados por Juno. Uma tempestade lança a frota para a costa de Cartago, onde ele e seus seguidores refugiam-se na corte de Dido.

DIDO

Dido já havia passado por muitas angustias antes de seu malogrado romance com Enéias. Ela era a filha de Muto (ou Belo), rei de Tiro. Dido (Didon, na ópera) cresceu e casou-se com o rico Sicarbas, enquanto que seu irmão Pigmalião herdou o reino. Cobiçoso da riqueza de seu cunhado, Pigmalião mata Sicarbas — mas Dido escapa com o tesouro antes que seu irmão possa confiscá-lo. Ela navegou para longe de Tiro com um grupo de amigos e refugiados.

Dido e seus seguidores estabeleceram-se no norte da costa africana, contrário à Sicília. Dido não conquistou o território. Do contrário. Ela pediu aos nativos tanta terra quanta pudesse conter-se numa pele de boi. Os nativos concordaram. Dido cortou a pele de boi em tiras muito finas e obteve assim um fio comprido com que circundou território suficiente para construir uma cidadela. Esta fortaleza tornou-se o centro da poderosa cidade-estado de Cartago.

CARTAGO E ANIBAL

Por séculos, Cartago foi o único Estado no mediterrâneo que podia rivalizar Roma. Da metade do Século III A.C. ao Século II A.C., Roma e Cartago ingressaram numa série de lutas conhecidas como as Guerras Púnicas. A memória destas guerras era pouco menos que centenária quando Virgílio escreveu a Eneida.

Em Les Troyens, Dido, pouco antes de morrer, tem uma visão do general cartaginês Aníbal. Aníbal foi uma figura histórica, um brilhante estrategista e notável general que liderou o exército cartaginês na segunda Guerra Púnica. Desde cedo, Aníbal foi levado a jurar eterno ódio a Roma. Quando cresceu, Aníbal tentou destruir a república romana marchando dentro da capital. Ele comandou seu exército desde a Espanha ( a qual havia sido conquistada pelo pai de Aníbal) até Gaul (atual França). De Gaul seu exército cruzou os Alpes, perdendo milhares de homens para o frio e terreno tosco. No momento em que chegaram à Itália, as forças cartaginesas não estavam à altura dos romanos. Apesar de conseguir capturar um número substancial de territórios italianos, sua invasão foi um fiasco e ele foi derrotado.

MERCURIO E OS DEUSES

Mercúrio (Hermes) era o mensageiro dos deuses gregos. Em Les Troyens, ele adverte Enéias para seguir seu rumo em direção à Itália. Este tipo de intervenção direta em assuntos mortais é típico das estórias sobre deuses gregos e romanos. Por exemplo, muitas vezes os próprios deuses seduziam os humanos: Enéias foi produto de tal união, entre Anquises e Afrodite. Eles também tinha amigos e inimigos mortais. Por exemplo, na Eneida, Juno, que certa vez foi desprezada pelo príncipe troiano Páris, odeia todos os troianos. Ela faz o possível para torturar e frustrar Enéias e seus seguidores. A Ilíada é também cheia deste tipo de contato entre deuses e homem. Quase todo grande deus escolhe um lado na guerra de Tróia e trabalha incessantemente para fazer com que seu lado saia vencedor. Os deuses ajudam e protegem seus aliados mortais, causam encrenca para seus inimigos, e lutam uns com os outros por assuntos terráqueos.

Jacques

Baseado em texto publicado no site do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Center



segunda-feira, dezembro 12, 2005

Les Troyens - Os Troianos - Berlioz


Espero que tenham gostado da Tosca.

Esta semana, uma ópera diferente. Distante do eixo dos "best-sellers", apesar disso Berlioz é um dos excelentes compositores de sua época.

Ouviremos Les Troyens, ópera que não tem a repercussão dos clássicos mas que musicalmente excede nossas espectativas. Distante do circuito "Elisabeth Arden", Roma, Paris, New York, é uma ópera que surpreende pela bela música que Berlioz nos brinda. Eu ousaria dizer que esta é uma das óperas que foi negligenciada pelos produtores dos teatros de ópera que preferem o sucesso fácil das obras que já foram testadas pelos grandes teatros.

Tenho certeza que esta ópera surpreenderá o mais exigente dos ouvintes que pensará consigo, como é que eu não havia notado esta ópera antes?...

Sem querer me arvorar àqueles que diriam, pois deveria ter ouvido antes, ouso dizer que é uma ópera muito linda, com melodias de fácil assimilação e de grande qualidade técnica e artística.

O anúncio da Radio Cultura FM de São Paulo é o seguinte:

TEATRO DE ÓPERA - O mundo da lírica em obras completas
BERLIOZ - Os Troianos. Solistas: Ben Heppner, Michelle DeYong, Petra Lang. Coro e Orquestra Sinfônica de Londres. Reg.: Sir Colin Davis.

Tenho certeza que gostarão.

Para ganharmos tempo, o fim do ano se aproxima, coloco abaixo uma breve biografia de Hector Berlioz, baseada numa resenha da New York Opera International Radio Broadcast Information Center.

Hector Berlioz (1803-1869)

Hector Berlioz nasceu em 1803 no vilarejo francês de La Côte-Saint–André. Ele foi educado em casa por seu pai, um médico, quem lhe deu uma excelente educação clássica, incluindo ensino do Latim e dos rudimentos da música. Berlioz aprendeu a tocar o violão e a flauta e muitas de suas primeiras peças foram escritas para esses intrumentos. Aos 12 anos, ele escreveu suas primeiras peças de câmara para músicos locais.

Em 1821, Berlioz foi à Paris para estudar medicina. Ele odiava a escola de medicina mas continuou estudando por dois anos infelizes, tempo no qual freqüentava religiosamente a ópera de Paris. Atraído pela idéia de escrever música de grande porte, ele começou a estudar composição com Le Sueur, um professor no conservatório parisiense. Não tardaria a que Berlioz abandonasse completamente a idéia da medicina, ingressando à todo vapor no conservatório e dedicando-se inteiramente à música.

Finalmente livre de distrações, Berlioz entrou num período extraordinário de produção musical. Ele compôs cantatas, trabalhou no desenvolvimento de óperas, sinfonias e canções, e descobriu novas influências poderosas. Os trabalhos de Beethoven e Weber mudaram completamente seus conceitos musicais e o influenciariam para o resto da vida. Ao ver uma apresentação de Romeo e Julieta, ele apaixonou-se por ambos Shakespeare e a atriz representando Julieta, Harriet Smithson. Berlioz seguiria admirando Shakespeare por toda sua vida; ele compôs três trabalhos musicais baseados em obras de Shakespeare. Sua instantânea e infrutífera paixão por Harriet Smithson iria durar e intensificar-se por dois anos. Mas ela não correspondeu a seus sentimentos — na verdade, ela não falava nenhum francês e Berlioz tampouco falava inglês. A eventual desilusão de Berlioz com Smithson gerou a inspiração para sua primeira grande obra musical, Symphonie Fantastique (1830), um sinfonia programática com uma trama romântica e orquestração revolucionárias. Foi um sucesso sensacional em Paris.

Em meio a tudo isso, Berlioz finalmente ganhou o Prix de Roma, o prêmio de composição mais prestigioso da França, que ele havia tentando ganhar quatro vezes antes. Infelizmente, o prêmio requeria a presença do compositor por dois anos na Itália. Berlioz, que havia acabado de ficar noivo (com Camille Mokel, uma pianista brilhante que ele conheceu depois de sua decepção com Harriet Smithson) e estava ganhando espaço em Paris, não queria sair do país. Seus dois anos na Itália foram no todo improdutivos e frustrantes. Por outro lado, o tempo na Itália ofereceu inspiração para trabalhos posteriores como Les Troyens e Harold en Italie.

No seu retorno à Paris, Berlioz, de quem a noiva o deixou por um milionário fabricante de pianos — restabeleceu contato com Harriet Smithson. Eles se apaixonaram e casaram-se em 1833. Depois, Berlioz escreveu um número de grandes obras (Harold en Italie, 1834, Grande messe des morts, 1837, Roméo et Juliette, 1838, e Grande Symphonie funèbre et triomphale, 1840, para citar algumas). Elas eram consideradas originais, mas seu gênio não tinha sido reconhecido plenamente pelo público. A renda de Berlioz proveniente de suas composições era tão miserável que ele tinha que trabalhar como crítico musical numa revista e como bibliotecário assistente no Conservatório. Consternado pela inabilidade da maioria das orquestras em tocar sua música corretamente, Berlioz também tornou-se regente. Ele foi responsável pelo treinamento de uma nova geração de instrumentistas na Europa para estarem aptos aos desafios técnicos que sua música e a música de outros compositores incomuns como Beethoven e Weber exigia.

Em Paris, um compositor não era considerado grandioso até que realizasse uma produção operística de sucesso. Berlioz, que idolatrava Gluck desde seus dias na escola de medicina, não queria nada mais do que tornar-se um grande compositor operático. Sua primeira ópera a ser executada, Benvenuto Cellini (estreada em 1838), era brilhante, porém compreendida por poucos. A produção foi um fracasso e a reputação de Berlioz dentro da França nunca foi a mesma. O insucesso de sua ópera talvez o tenha encorajado a escrever sinfonias e cantatas — e realizar diversas turnês em países onde sua música era apreciada. Foi numa de suas muito bem-recebidas turnês ao redor da Europa que Berlioz, que virtualmente havia terminado seu tempestuoso casamento com Harriet Smithson, conheceu a cantora Marie Recio. Ela seguiria sendo sua parceira para o resto de sua vida.

Berlioz começou a compor Les Troyens em 1856, adaptando, da Eneida, de Virgílio, o libreto. Ele nunca veria uma produção completa da obra em vida. Trechos da ópera foram muito bem recebidos na Alemanha, mas uma versão abreviada da ópera fracassou em Paris.

Depois do fracasso parisiense de Les Troyens, Berlioz começou a entrar num declínio lento. Ele compôs algumas peças novas — Béatrice et Bénédict, 1860, uma ópera baseada em Much Ado about Nothing (Muito Barulho por Nada), de Shakespeare, que foi um sucesso na Alemanha — e continuou a reger sua música esporadicamente. Mas os últimos anos de sua vida foram amargados pelas mortes de muitos amigos próximos e membros familiares — entre eles seu pai, Harriet Smithson, seu filho, e Marie Recio. Berlioz entrou em depressão. Ele parou de escrever críticas e quase não ia a um espetáculo musical, ao invés disso, concentrou-se em escrever suas Memórias. Ele morreu em 1869, com 66 anos de idade.

Jacques

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Tosca - Libreto


Ontem quando publiquei a sinopse da Tosca, omiti propositalmente a parte da apresentação dos personagens. Assim fiz porque o sabor de ir conhecendo, aos poucos, pela sinopse, o andamento do enrêdo é uma descoberta.

Não há ligação familiar entre os personagens, cada um deles é auto apresentado. Essa é a graça dessa ópera. Há coisas muito curiosas a respeito da encenação desta ópera. Apesar de serem incidentes que aconteceram ao longo da vida desta ópera, Tosca é reconhecidamente uma das óperas que constrói a fama de um cantor ou cantora, da mesma forma pode vir a destruir...

O andamento é tão eletrizante que nos prende do começo ao fim. A cena que estampou a sinopse de ontem, não é cantada, é pura interpretação. São longos minutos, coreografados, ensaiados à exaustão, é a cena (do assassinato de Scarpia por Tosca) que mostra quem é atriz e quem não é, quem vai ser e quem nunca será.

Maria Callas, já nos anos 50, esta é a gravação que ouviremos, calou fundo a comunidade operística ao interpretar esta cena de forma tão magistral que nenhuma outra soprano ousa sair da marcação deixada por esta.

Nós vamos, certamente, nos emocionar com Calllas, um press-release da Radio Cultura assim definiu esta gravação:

"Neste domingo, Teatro de Ópera traz uma das mais elogiadas gravações de Puccini de todos os tempos: o célebre disco de 1953 em que Maria Callas (1923-1977) interpreta o papel-título da ópera Tosca.

Ambientada em Roma, durante o período das guerras napoleônicas, Tosca é uma história violenta, com elementos de chantagem, tortura, traição e homicício. A partitura, uma das mais dramáticas escritas por Puccini, recebe leitura eletrizante do maestro Victor de Sabata. No auge de beleza de sua voz, o tenor Giuseppe di Stefano faz o papel de Cavaradossi, amante de Tosca, enquanto o expressivo barítono Tito Gobbi interpreta o pérfido barão Scarpia, chefe de polícia.

No esplendor de seus 30 anos, Callas brilha como Tosca, papel que era veículo para suas melhores qualidades de vigor e intensidade dramática. A cantora grega voltaria a gravar a ópera, em 1964, mas o registro dos anos 50 é aquele que costuma ser considerado o de melhor qualidade artística e musical."

Recomendo a audição desta obra como uma das mais belas páginas de ópera já gravadas. Esta gravação é de uma perfeição completa, sem jaça...

O libreto está publicado aqui.

Jacques

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Tosca - Sinopse

Maria Guleghina as Tosca and Samuel Ramey as Scarpia

Photo: Bill Cooper

Ato I:

Cesare Angelotti, um prisioneiro fugitivo, com respiração ofegante, refugia-se na igreja de Sant'Andrea della Valle, procurando abrigo na Capela Attavanti. Quase não consegue esconder-se quando um velho padre claudicante entra na capela e ajoelha-se.

Mario Cavaradossi, um pintor e amigo de Angelotti, entra na igreja para trabalhar em seu retrato da Madonna -inspirado na Marquesa Attavanti, que ele havia visto rezando. Tirando do bolso uma miniatura da cantora Floria Tosca, Cavaradossi compara sua beleza morena com a da Madonna loira e o padre resmunga sua desaprovação. Quando o velho homem sai, Angelotti aventura-se em sair, mas seu amigo corre a colocá-lo de volta na capela ao ouvir a voz de Tosca chamando do lado de fora.

Tosca entra, reza, e então implora por um encontro no campo com Cavaradossi, seu amante. Ao notar o retrato da jovem Attavanti ela, enciumada, suspeita do pior. Cavaradossi, entretanto, lhe assegura que, com olhos como os seus, Tosca não tem nada a temer de outra mulher.

Quando Tosca parte, Cavaradossi chama Angelotti da capela; ao escutarem o tiro de canhão anunciando a evasão do prisioneiro, os dois homens partem apressadamente. Enquanto isso, o padre retorna com um grupo de meninos grosseiros do coro, cujo canto é interrompido pela entrada sinistra do Barão Scarpia, chefe da polícia secreta romana e seus cúmplices, que procuram por Angelotti.

Encantado com Tosca, Scarpia planeja tomá-la em seu poder. Quando ela, inesperadamente, retorna à procura de Cavaradossi, Scarpia lhe mostra um leque com as plumas dos Attavanti, que ele encontrou perto da capela. Pensando que seu amante lhe era infiel, Tosca jura vingança e parte em prantos.

Enquanto a igreja enche-se de fiéis, Scarpia jura enviar Cavaradossi à morte e conseguir Tosca para si.

Ato II:

Acima dos apartamentos reais no Palácio Farnese, Scarpia antecipa seu prazer demoníaco de subjugar Tosca. O espião Spoletta traz a notícia que Angelotti escapou. Para apaziguar o Barão, Scarpia introduz na sala Cavaradossi. Scarpia interroga o arrogante pintor, quando se escuta a voz de Tosca interpretando uma cantata.

Justamente quando Cavaradossi está sendo levado a uma câmara de tortura ao lado para ser interrogado, Tosca entra, vestida em uma túnica esplêndida. Ao ficar a sós com o Barão, ela acaba cedendo às perguntas duras e revela o esconderijo de Angelotti.

A tortura de Cavaradossi acaba e o homem inconsciente é carregado. Ao retomar a consciência, ele acusa Tosca de trair sua causa, Repentinamente o oficial Sciarrone entra correndo com a notícia que Napoleão havia vencido a Batalha de Marengo, uma derrota para Scarpia. Cheio de patriotismo, Cavaradossi, grita desafiando a tirania do Barão e é jogado na prisão.

Scarpia, retomando seu jantar, propõe que Tosca se venda em troca da vida de seu amante. Lutando contra seus abraços violentos, ela protesta com Deus que, ao ter vivido para a arte e para o amor, ela não merecia um destino tão terrível. Spoletta interrompe a cena trazendo a notícia que Angelotti havia se suicidado. Tosca aceita a proposta de Scarpia, o Barão ordena uma falsa execução do pintor, após a qual ele deve ser liberado. Spoletta sai.

Assim que Scarpia escreve um passe de salvo-conduto para os amantes, Tosca agarra uma faca da mesa de jantar e o apunhala até a morte. Arranca violentamente o documento das mãos de Scarpia, coloca velas perto de sua cabeça e um crucifixo em suas mãos e foge da sala.

Ato III:

Do teto do Castelo Sant'Angelo antes do amanhecer, escuta-se à distância uma voz solitária de um jovem pastor, enquanto os sinos da torre de São Pedro anunciam a hora. Logo Cavaradossi é levado para aguardar sua execução; ele implora ao carcereiro a permissão para escrever uma carta de adeus a Tosca. Ao começar a escrever, ele é tomado pelas pungentes memórias de seu amor o que o leva ao desespero.

Para sua surpresa, Tosca entra correndo. Ela descreve como, tendo concordado com a falsa execução, conseguiu matar Scarpia. Mario afunda-se em pensamentos sobre as mãos que cometeram um assassinato para salvá-lo.

Com o amanhecer, os amantes planejam seu futuro com entusiasmo. O pelotão de fuzilamento avança e Tosca diz a Mario como cair para que realmente pareça morto. Os soldados atiram e partem.

Tosca chama Mario para que se apresse, mas quando o amante não consegue se mover ela curva-se sobre seu corpo e descobre que a traição de Scarpia havia ido além da sua morte: as balas usadas eram verdadeiras.

Quando Spoletta entra para prender Tosca pela morte de Scarpia, ela salta do teto para se matar.

Jacques

Baseado na sinopse publicada no site do Metropolitan opera international Radio Broadcast Information Center

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Puccini - Biografia

Puccini and Toscanini in 1896

Puccini foi o mais popular dos compositores de ópera no começo dos século XX.
Este post, baseado num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Center, já foi aqui transcrito, quase sem modificações. Muito há que se falar sobre o criador de óperas Puccini, muito há que se falar sobre a personalidade de Puccini, muito há que se falar sobre Puccini.

Estamos apenas arranhando a superfície, nossa missão é nos preparar para a Tosca, uma de suas ótimas criações.

Giacomo Puccini (1858 - 1924)

Por Puccini ter sido um genuíno talento do teatro, os críticos e acadêmicos sempre tentaram negar seu lugar entre os compositores sérios. O público, no entanto, tem outra opinião e considera Puccini como um de seus compositores favoritos.

Nascido em Lucca, Itália, Puccini descendia de várias gerações de músicos profissionais. No início ele não se interessou em dar prosseguimento à tradição da família, mas sua mãe o obrigou a estudar música. Na adolescência Puccini já era um organista suficientemente bom para manter dois empregos como organista de igreja. Atraído por novas invenções e por maquinários, tinha a curiosidade de conhecer o órgão e seu mecanismo de música e divertia-se e improvisava durante as cerimonias religiosas. Vários fatores o levaram à carreira de compositor: a recepção favorável a algumas peças religiosas e uma cantata escritas por ele; a descoberta de Aida, a última ópera de Verdi e as bolsas de estudo de seu tio-avô e da Rainha Margherita de Saboia que lhe permitiram estudar no Conservatório de Milão de 1880 a 1883.

A vida da cidade grande nunca agradou muito a Puccini, mas influenciou seu trabalho. Sua existência boêmia como um estudante pobre foi expressa mais tarde na ópera La Bohème. Apesar de sua livre associação ao movimento verismo, um esforço para um teatro de ópera mais natural e acreditável, Puccini não hesitou em escrever peças de época ou em explorar locais exóticos. Na ópera Tosca escreveu um extenso melodrama ambientado em Roma durante o período napoleônico. Para Madame Butterfly Puccini escolheu uma história americana passada no Japão.

Gozando de uma aceitação gradual e consistente àquela altura de sua carreira, Puccini estava completamente despreparado para o fracasso total de Madame Butterfly, quando de sua primeira apresentação em 1904. No entanto, acreditava em seu trabalho e revisou a ópera até que fosse aceita. As complicações de Madame Butterfly fizeram com que retardasse o início de seu próximo trabalho e minaram sua autoconfiança, mas durante uma visita a New York, Puccini concordou em escrever La Fanciulla del West, baseada na popular peça de David Belasco The Girl of the Golden West. Apesar de relutar em assumir modernismos -a obra Elektra de Strauss o havia deixado confuso e desgostoso- Puccini, com cuidado, adotou mudanças de tempo em La Fanciulla, absorvendo a influência de Pelléas de Debussy, que ele admirava.

A I Guerra Mundial provocou a principal interrupção na vida criativa de Puccini. As hostilidades complicaram suas negociações para escrever uma opereta para Viena, à época território inimigo. A opereta transformou-se então em uma ópera leve, La Rondine, produzida em Monte Carlo e acolhida com frieza no Metropolitan como a tarde decadente de um gênio. Puccini nunca mais recobrou sua superioridade jovial e sua espontaneidade romântica, mas continuou trabalhando seriamente, ampliando seus horizontes.

Um fumante inveterado, Puccini teve um câncer de garganta e foi levado para Bruxelas em 1924, para tratamento com um especialista. Apesar do sucesso da cirurgia, o coração de Puccini não resistiu e ele morreu logo em seguida. À época de sua morte, ele estava trabalhando em sua ópera mais ambiciosa, Turandot, baseada na adaptação romântica de Schiller de uma fantasia de Carlo Gozzi, o escritor satírico de Veneza do século XVIII. Em Turandot, pela primeira vez, Puccini escreveu muito para o coro, criando uma variedade orquestral, ampliada e enriquecida, que mostrava uma
consciência de Petroucka de Stravinsky e de outros números contemporâneos.

Jacques

Baseado num texto do Metropolitan Opera International Broadcast Radio Network


segunda-feira, dezembro 05, 2005

Maria Callas - Tosca


Amigos,

Maria Callas dispensa apresentações. É, sem dúvida, a mais badalada soprano do século XX. E é, talvez, a musa de toda uma geração. Interessante notar que essa geração à qual me refiro não se atém à idade cronológica que corresponderia a uma geração. Além de magnifica cantora, foi, indubitavelmente a primeira diva que veio a se beneficiar da tecnologia das gravações em disco.

Antes dela, a voz feminina principalmente, a falta de fidelidade não nos legou registros dignos de serem venerados como são os registros de Maria Callas.

Além do mérito de ter uma voz ímpar, ela era uma excelente atriz e intérprete. Foi, talvez , a primeira que conseguiu unir a interpretação à voz. Dona de um timbre muito característico, foi a primeira cantora que se destacou como intérprete que influenciou todas as que a seguiram.

Callas teve muitos papéis onde veio a ser considerada "definitiva". Tosca é uma delas. Sua interpretação de Floria Tosca que ouviremos neste domingo é um marco nas divas de Puccini.

Portanto, se puderem, não percam!

O anúncio da transmissão de Tosca, no próximo domingo, às 15:00hs, pela Radio Cultura FM de São Paulo, é o seguinte:

TEATRO DE ÓPERA - O mundo da lírica em obras completas PUCCINI - Tosca. Solistas: Maria Callas, Giuseppe di Stefano, Tito Gobbi. Coro e Orquestra do Teatro alla Scala de Milão. Reg.: Victor de Sabata.

É um lindo presente que a Cultura nos reservou para o próximo domingo, 11 de Dezembro.

Jacques

sábado, dezembro 03, 2005

Idomeneo - Libreto


Nada como acompanhar uma ópera com o libreto à mão. Ainda que o "à mão", seja em sentido figurado, o libreto de Idomemeo de Mozart pode ser lido aqui.

Boa audição!

Jacques

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Idomeneo - Sinopse

Photo Credit: Eric Mahoudeau

Personagens:

Idomeneo, rei de Creta (tenor),
Idamante, seu filho (soprano ou tenor),
Ilia, princesa troiana (soprano),
Elettra, princesa grega (soprano),
Arbace, confidente de Idomeneo (tenor),
Grão-Sacerdote de Netuno (tenor),
Voz de Netuno (baixo).

Povo de Creta, prisioneiros troianos, marinheiros, soldados, sacerdotes de Netuno, dançarinos.

Contexto:

Idomeneo, Rei de Creta, se aliou às forças gregas na luta contra os troianos, tendo deixado seu filho, Idamante, para governar na sua ausência. Elettra, uma princesa grega, se apaixona por Idamante mas o coração deste já pertence a Ilia, uma princesa troiana que se encontra prisioneira em Creta.

Sinopse

Ato I

Ilia é mantida como prisioneira no palácio de Idomeneo, em Creta. Ela está enamorada de Idamante, mas receia que este tenha preferência por Elettra. Porquanto seus povos estão em guerra, Ilia pensa que amando Idamante estará traindo seu país, e sofre por sua terra natal que não verá nunca mais. Este conflito faz com que Ilia rejeite as investidas de Idamante quando este vai visitá-la.

Chegam notícias de que Tróia foi derrotada e que Idomeneo e suas tropas estão retornando ao país. Exaltado, Idamante decide liberar os troianos aprisionados, incluindo Ilia. Após sua chegada, Elettra reclama do gesto humano de Idamante pois tem inveja de Ilia. Os protestos ciumentos de Elettra são interrompidos pela chegada de Arbace, Conselheiro de confiança do Rei. Arbace informa que o navio do Rei estava perdido em uma tempestade no mar e que Idomeneo estava morto. Elettra teme que, com a morte do Rei, Idamante ascenda ao trono e torne Ilia sua rainha.

O navio do Rei conseguiu chegar à praia com segurança. No meio da temerosa tempestade Idomeneo fez um trato com Netuno, o deus dos mares: se o seu barco sobrepujasse a tempestade, ele sacrificará a primeira pessoa que encontre em terra firme.

A primeira pessoa que o Rei encontra é o seu filho Idamante. Em um primeiro instante pai e filho não se reconhecem, pois Idamante era apenas uma criança quando seu pai partiu para a guerra. Enquanto a tempestade era violenta, os que estavam em terra haviam imaginado que o Rei estava perdido e Idamante chora a perda de seu pai. Quando Idomeneo descobre a verdadeira identidade de Idamante, fica horrorizado com sua promessa a Netuno. O Rei rejeita seu filho advertindo-o de que nunca devem encontrar-se. Idamante fica profundamente ferido com a inexplicável rejeição de seu pai. O restante das tropas cretenses desembarca e todos, alegremente, se reúnem com os familiares. Os soldados cantam em louvor a Netuno, que será homenageado com um sacrifício.

Ato II

Idomeneo consulta com seu conselheiro Arbace para ver como pode se livrar de seu terrível dilema. Ele não deseja sacrificar seu amado filho mas fez uma promessa solene a um poderoso deus. Arbace sugere que poderiam aplacar a ira de Netuno escondendo Idamante. Então decidem que Idamante deve acompanhar Elettra de volta à Grécia.

Ilia entra e se dirige a Idomeneo. Por causa da misericórdia e compaixão com que vem sendo tratada, Ilia reconhece sua nova pátria e adota Idomeneo como seu novo pai. Quando elogia Idamante, Idomeneo compreende que Ilia está enamorada do príncipe. Intimamente ele lamenta ao constatar que Netuno agora vai querer três vítimas: o seu filho, ele próprio e a angustiada Ilia.

Elettra fica contentíssima ao saber que Idamante a acompanhará de volta à pátria e planeja ganhar seu coração durante a viagem. Ela houve uma marcha anunciando a partida imediata do navio.

Todos se reúnem no porto para ver a partida de Idamante e Elettra. Idomeneo aconselha a seu filho que aprenda a arte de governar enquanto estiver em terras estrangeiras. Idamante se despede com tristeza de seu pai, de sua amada e de sua terra. Subitamente desaba uma tormenta e aparece um mostro marinho perturbando a calma do mar e terrificando os cretenses. Interpretando isso como um sinal da implacável ira de Netuno, Idomeneo se oferece em sacrifício.

Ato III

Nos jardins do palácio, Ilia implora aos ventos para que transportem seu amor até Idamante. Idamante mesmo aparece relatando que o monstro marinho está causando uma tremenda destruição do lado de fora da cidade e que deve ir detê-lo. Ele lhe diz a Ilia que prefere a morte do que viver com a dor de um amor não correspondido. Ela o incentiva a viver e confessa seu amor por ele

O momento de ternura é interrompido por Idomeneo e Elettra. Idamante confronta seu pai e exige uma explicação de sua frieza. Idomeneo se recusa a responder diretamente ao filho e somente diz que isso é devido à fúria de Netuno e que o sofrimento de Idamante somente aumenta sua própria dor. Novamente, Idamante anuncia sua intenção de ir ao encontro da morte. Arrasada, Ilia procura Elettra para se consolar mas só consegue incitar o desejo de vingança nela, visto que Elettra considera o gesto como um ato de insolência.

Arbace entra trazendo a notícia de que a multidão está pedindo para que Idomeneo lhe dirija a palavra. O Rei receia que o povo possa se revoltar se a fúria de Netuno não for aplacada com o sacrifício prometido. Arbace se oferece em sacrifício para assim salvar o Príncipe e o Rei.

O Sumo Sacerdote de Netuno relata os horrores infligidos pelo monstro marinho e suplica a Idomeneo que faça o sacrifício necessário. Idomeneo diz ao sacerdote e à multidão que Idamante, seu único filho, deve ser a vítima e, em choque, todos recuam consternados.

Idomeneo lidera a multidão ao templo de Netuno. Arbace informa que Idamante havia, com sucesso, aniquilado o monstro marinho mas essa notícia mergulha Idomeneo em um novo sofrimento, pois teme que agora a fúria de Netuno seja ainda maior.

Idamante chega e se atira aos pés de seu pai, dizendo-lhe que agora já sabe a razão de sua indiferença. Ele se oferece em sacrifício, disposto a morrer para salvar seu pai e seu povo da fúria de Netuno. Suplica a seu pai que aceite e proteja Ilia após a sua morte. Ilia, pressentindo que os deuses gregos querem se livrar de seus inimigos (os troianos), se oferece no lugar de Idamante. Repentinamente ouve-se uma Voz que, aparentemente fala em nome de Netuno. A Voz exige que Idomeneo se afaste e deixe Idamante e Ilia governarem o reino. Elettra está aniquilada, mas todos os demais se regozijam. Idomeneo decreta que a paz prevalecerá.

Jacques

Baseado na sinopse publicada no site do Metropolitan opera international Radio Broadcast Information Center e no Kobbe - O Livro Completo das Óperas

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Mozart - Biografia


Mozart, como já é do seu conhecimento viveu pouco. Como todo super dotado, desde muito cedo mostrou seu potencial para a música.

Apesar de termos ouvido inúmeras óperas desse magnífico compositor nesse último ano, a sua biografia, que acompanha todas as nossas resenhas semanais, não muda. eu poderia recorrer ao artifício de colocar aqui um link para a sua biografia, abaixo transcrita, mas gosto de manter todas as peças unidas. Assim é que transcrevo, mais uma vez, um post mais antigo, com texto praticamente sem mudanças para homogeneizar as informações.

Amanhã daremos seqüência à sinopse dessa obra, Idomenêo, que será ouvida no domingo, às 15:00hs., pela Radio Cultura FM de São Paulo, 103,3Mhz. ou pela Internet.

O texto abaixo é baseado numa resenha publicada pelo Metropolitan Opera National Radio Broadcasting Information Service.

Jacques


Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Wolfgang Amadeus Mozart é uma das figuras mais impressionantes da história da música ocidental. Nasceu em Salzburgo, Áustria, onde seu pai, Leopold, era um violinista e compositor a serviço do príncipe-arcebispo de Salzburgo. Leopold aspirava ser o músico chefe na corte do príncipe, mas o reconhecimento do potencial de seu filho Wolfgang logo fez com que abrisse mão de suas próprias ambições.

Após aprender peças simples para cravo (um predecessor do piano) com apenas quatro anos, Mozart fez progressos rápidos e começou a compor suas próprias peças aos cinco anos. Percebendo o talento de seu filho, Leopold, pai de Mozart estava determinado a tornar seu filho famoso, apesar de ter motivos que podem ser considerados sórdidos: uma criança prodígio como Mozart representava uma grande vantagem financeira para uma família relativamente pobre. Leopold no entanto, também acreditava que o talento de seu filho era uma benção de Deus e que sua tarefa era torná-lo conhecido para o mundo.

Em 1762, antes que Mozart completasse seis anos, seu pai levou-o, juntamente com sua irmã Maria Anna para tocar na corte da realeza da Bavária. Após uma visita semelhante em Viena, Mozart e sua irmã haviam causado uma tal sensação que empreenderam uma turnê de muito sucesso de três anos e meio na Europa.

Com doze anos, Mozart escreveu sua primeira ópera, "La Finta Semplice", e em seguida, retomou suas viagens. Finalmente voltando para casa em Salzburgo em 1771, passou seus anos de adolescente compondo missas, concertos, divertimentos e serenatas para o arcebispo Colloredo.

Em 1781, com vinte e cinco anos, Mozart escreveu sua primeira grande ópera, "Idomeneo", sendo chamado a Viena pelo filho do arcebispo, após sua primeira apresentação. Mozart foi mal tratado quando a serviço do arcebispo e a sua frustração levou-o a demitir-se bastante chateado. Em sua última entrevista, Mozart foi literalmente chutado para fora da residência do arcebispo de Viena.

Mozart permaneceu em Viena, determinado a forjar seu caminho como compositor. Casou-se com Constanze Weber e ambos sobreviveram por um certo período apenas com o dinheiro que Mozart conseguia dando aulas a alguns alunos. No início da década de oitenta, Mozart encontrou o libretista Lorenzo da Ponte que lhe deu o libreto para "Le Nozze di Figaro". Figaro estreou em 1 de maio de 1786, tendo obtido uma entusiástica recepção. Mozart e da Ponte começaram logo a trabalhar em "Don Giovanni".

"Don Giovanni" estreou com sucesso em Praga, em outubro de 1787, mas não foi tão bem recebida quando uma versão ligeiramente diferente foi apresentada em Viena no ano seguinte. A situação financeira de Mozart piorava. Ele tinha se tornado o Compositor da corte para o Imperador, mas não era muito bem pago pelo seu trabalho. Em 1789, recebeu uma oferta de um salário mais generoso do Imperador da Prússia, mas Mozart recusou-se a mudar de Viena. Seus problemas monetários se agravaram. Constanze caiu doente, aumentando ainda mais os seus problemas e uma terceira ópera sua, escrita em colaboração com Da Ponte, "Così fan tutee", não foi o suficiente para diminuir seus problemas. Em 1791, seu último ano de vida, Mozart escreveu apenas duas óperas: "Die Zauberflöte" e "La Clemenza di Tito". Enquanto "Die Zauberflöte" é considerada como um de seus maiores trabalhos, "La Clemenza di Tito" em comparação parece um pouco sem brilho.

Durante o ano de 1791 ficou mais doente e deprimido, nunca recebendo o reconhecimento do público que merecia. Ao morrer em 5 de dezembro de 1791, somente alguns amigos compareceram a seu funeral, e nem mesmo sua esposa, pois estava muito doente e abatida. Mozart morreu na mais completa miséria e, segundo o costume de Viena daquele tempo, foi enterrado em uma vala comum.