terça-feira, janeiro 31, 2006

Mozart - "Così fan tutte"

Così fan tutte: from left to right, Patricia Risley as Dorabella, Ana Maria Martinez as Fiordiligi, Charles Castronovo as Ferrando, and Troy Cook as Guglielmo


Estamos de volta às nossas óperas.

Esta semana, em prosseguimento às transmissões radiofônicas do Metropolitan Opera de New York, ouviremos "Così fan tutte".

Nunca é demais repetir que a transmissão que será transmitida pela Radio Cultura FM de São Paulo, é a mesma que foi ao ar no sábado anterior, ao vivo, numa cadeia internacional de emissoras.

Eis o aníncio:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006 - MOZART - Così fan tutte. Solistas: Alexandra Deshorties, Magdalena Kozená, Nuccia Focile, Matthew Polenzani, Mariusz Kwiecien, Thomas Allen. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: James Levine.

Há poucos dias, ainda na semana passada comemoramos os 250 anos de nascimento de Mozart. Por todo o mundo a data foi comemorada. Com justiça, Mozart é, sem sombra de dúvida, um dos compositores mais completos. Precoce, desde a tenra idade compunha com a desenvoltura de um super dotado.

Ainda nessa minha última viagem, li, entre outros, a biografia de Beethoven por Lewis Lockwood, um trabalho de peso. Neste livro, o autor ressalta, várias vezes, a influência das obras de Mozart na composição beethoviana.

Mozart foi um marco na arte da composição. Suas obras inovaram e influenciaram incontáveis gerações de compositores.

"Così fa tutte" é uma ópera que foi escrita no sentido de divertir platéias e como tal tem os seus méritos. Não é, sem dúvida, uma obra prima. E nem foi essa a intenção de Mozart. Apesar disso, "Così" é, de suas obras, a que apresenta algumas das mais bonitas árias e a que apresenta o maior número de "cenas de conjuntos", duos, tercetos e quartetos. O libreto foi considerado "frívolo" pela crítica, o que não depõe em absoluto com a qualidade da criação.

A história é simples e direta. Disfarçados de nobres albaneses, Fernando e Guglielmo, tentam, cada um, seduzir a noiva do outro, e conseguem. Don Alfonso, consegue ao fim aclarar a situação e reconciliar os casais.

Essa histórinha singela, no entanto, faz com que diretores de produção brinquem com o final, óbvio, e nem sempre acabam a ópera dentro dos limites estritos do texto. Mozart foi inteligente o suficiente para deixar ambigüo este "finale". E desde então "così fan tutte"...

O texto abaixo é baseado numa resenha publicada pelo Metropolitan Opera National Radio Broadcasting Information Service.

Jacques


Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Wolfgang Amadeus Mozart é uma das figuras mais impressionantes da história da música ocidental. Nasceu em Salzburgo, Áustria, onde seu pai, Leopold, era um violinista e compositor a serviço do príncipe-arcebispo de Salzburgo. Leopold aspirava ser o músico chefe na corte do príncipe, mas o reconhecimento do potencial de seu filho Wolfgang logo fez com que abrisse mão de suas próprias ambições.

Após aprender peças simples para cravo (um predecessor do piano) com apenas quatro anos, Mozart fez progressos rápidos e começou a compor suas próprias peças aos cinco anos. Percebendo o talento de seu filho, Leopold, pai de Mozart estava determinado a tornar seu filho famoso, apesar de ter motivos que podem ser considerados sórdidos: uma criança prodígio como Mozart representava uma grande vantagem financeira para uma família relativamente pobre. Leopold no entanto, também acreditava que o talento de seu filho era uma benção de Deus e que sua tarefa era torná-lo conhecido para o mundo.

Em 1762, antes que Mozart completasse seis anos, seu pai levou-o, juntamente com sua irmã Maria Anna para tocar na corte da realeza da Bavária. Após uma visita semelhante em Viena, Mozart e sua irmã haviam causado uma tal sensação que empreenderam uma turnê de muito sucesso de três anos e meio na Europa.

Com doze anos, Mozart escreveu sua primeira ópera, "La Finta Semplice", e em seguida, retomou suas viagens. Finalmente voltando para casa em Salzburgo em 1771, passou seus anos de adolescente compondo missas, concertos, divertimentos e serenatas para o arcebispo Colloredo.

Em 1781, com vinte e cinco anos, Mozart escreveu sua primeira grande ópera, "Idomeneo", sendo chamado a Viena pelo filho do arcebispo, após sua primeira apresentação. Mozart foi mal tratado quando a serviço do arcebispo e a sua frustração levou-o a demitir-se bastante chateado. Em sua última entrevista, Mozart foi literalmente chutado para fora da residência do arcebispo de Viena.

Mozart permaneceu em Viena, determinado a forjar seu caminho como compositor. Casou-se com Constanze Weber e ambos sobreviveram por um certo período apenas com o dinheiro que Mozart conseguia dando aulas a alguns alunos. No início da década de oitenta, Mozart encontrou o libretista Lorenzo da Ponte que lhe deu o libreto para "Le Nozze di Figaro". Figaro estreou em 1 de maio de 1786, tendo obtido uma entusiástica recepção. Mozart e da Ponte começaram logo a trabalhar em "Don Giovanni".

"Don Giovanni" estreou com sucesso em Praga, em outubro de 1787, mas não foi tão bem recebida quando uma versão ligeiramente diferente foi apresentada em Viena no ano seguinte. A situação financeira de Mozart piorava. Ele tinha se tornado o Compositor da corte para o Imperador, mas não era muito bem pago pelo seu trabalho. Em 1789, recebeu uma oferta de um salário mais generoso do Imperador da Prússia, mas Mozart recusou-se a mudar de Viena. Seus problemas monetários se agravaram. Constanze caiu doente, aumentando ainda mais os seus problemas e uma terceira ópera sua, escrita em colaboração com Da Ponte, "Così fan tutte", não foi o suficiente para diminuir seus problemas. Em 1791, seu último ano de vida, Mozart escreveu apenas duas óperas: "Die Zauberflöte" e "La Clemenza di Tito". Enquanto "Die Zauberflöte" é considerada como um de seus maiores trabalhos, "La Clemenza di Tito" em comparação parece um pouco sem brilho.

Durante o ano de 1791 ficou mais doente e deprimido, nunca recebendo o reconhecimento do público que merecia. Ao morrer em 5 de dezembro de 1791, somente alguns amigos compareceram a seu funeral, e nem mesmo sua esposa, pois estava muito doente e abatida. Mozart morreu na mais completa miséria e, segundo o costume de Viena daquele tempo, foi enterrado em uma vala comum.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Viagem à Antártica - 2006 - II


Esta foto é dedicada a vocês dois, amigos, Paloma Dawn e Il Dissoluto Punito.

Meus caríssimos, vocês ocupam lugares muito importantes dentro de mim. O que seria do escritor sem seus leitores?

Obrigado pelas boas vindas e apenas peço o fôlego de mais alguns dias para recompor-me fisicamente. A vocês e a todos os demais turistas "ad-hoc", ir para a Antártica é um privilégio reservado a poucos, o que vi, longe de estar registrado em fotos e filmes, que não alcançam a beleza que se poderia imaginar, é a beleza rude, dura, de um continente que bravamente vem resistindo ao avanço dos homens. É um registro indelével, muito mais complexo que meras fotos ou filmes. Por mais que queiramos transmitir emoções mostrando esses registros gráficos, há que se viver a experiência, esta deixou marcas profundas.

Suas paisagens intocadas, uma vez já foram palco da cobiça dos homens. Quis, naquela ocasião, que o bom senso de homens mais sensatos prevalecesse, que o homem se tornasse coadjuvante, o aventureiro deu lugar ao cientista. Lá convivem em harmonia, ditada pela mãe Natureza, apenas os animais antárticos, a única lei em vigor é a lei da sobrevivência. O homem visita o continente como convidado, melhor, como auto-convidado. Vai lá para ver, extasiar-se, estudar, aprender. Aos poucos o dano causado à Natureza vai se recompondo.

Conversei com noviços e veteranos. Uma de suas missões é recuperar o que sobrou de incursões predatórias anteriores. Numa das bases que fui, faz parte do programa trazer de volta pedaços de ferro, madeira, concreto, lixo e outros despejos que nossos irmãos lá deixavam.

O quebra-gelo que embarquei, dessaliniza a água que consome, trata a água servida e traz de volta tudo o que levou, sem exceção, a não ser o óleo consumido. É uma lição que deveríamos utilizar em nosso mundo dito "civilizado".

Lá deixei o meu coração. A semente que lá brota é a da utopia de um continente sem fronteiras. É lá onde vi homens se abraçarem fraternalmente depois de longas temporadas de ausência. É lá que vi cooperação entre nações que há anos se degladiavam, quer em campos de batalha quer em fronteiras intelectuais.

O bom senso prevaleceu e a Natureza está ganhando. A Antártica agradece.

Oxalá que assim continue.

Jacques

terça-feira, janeiro 24, 2006

Viagem à Antártica - 2006