quarta-feira, março 22, 2006

Mazeppa - Tchaikovsky

Mazeppa Bolshoi Theatre Moscow, 2004 (Photos by Damir Yusupov)

Domingo próximo, às 15:00hs, a Radio Cultura FM de São Paulo, irradiará a ópera Mazeppa de Tchaikovsky.

O anúncio:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006 TCHAIKOVSKY - Mazzepa. Solistas: Olga Guryakova, Larissa Diadkova, Oleg Balashov, Nikolai Putilin, Paata Burchuladze. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Valery Gergiev.


Biografia

Piotr Ilich Tchaikovsky (1840-1893) tornou-se ainda em vida o compositor russo mais celebrado e permanece, desde então, como um dos mais conhecidos e mais amados. Foi um dos membros da primeira turma a graduar-se no Conservatório de S. Petersburg. Imediatamente após foi admitido no Conservatório de Moscou para ensinar harmonia. De 1876 a 1890 foi o protegido da rica Nadezhda Filaretovna von Meck, o que lhe permitiu devotar-se completamente à composição.

Durante toda sua vida, Tchaikovsky foi o único compositor profissional russo. Suas óperas sempre foram bem recebidas no Teatro Imperial. De fato, no final de sua vida, muitas de suas óperas foram encomendadas pelo Czar Alexandre III. Como compositor, Tchaikovsky sempre procurou agradar o público pagante, de modo que seus trabalhos não ultrapassavam as convenções composicionais existentes.

A vida privada de Tchaikovsky foi atormentada por um profundo senso de insegurança. Era um homossexual enrustido do século XX, o que sem dúvida lhe causava muita angústia. Em 1877 casou com Antonia Miliukova em uma tentativa de mascarar sua homossexualidade. Tchaikovsky foi tremendamente infeliz nesse casamento sem amor, o que o levou a tentar o suicídio. Quando sua tentativa falhou, deixou sua mulher para viajar pela Europa. Ainda que este período tenha sido, obviamente, bastante estressante do ponto de vista emocional, Tchaikovsky conseguiu completar Eugene Onegin em 1879.

Em 1891, Tchaikovsky embarcou em uma breve jornada para o leste dos Estados Unidos onde regeu concertos em Nova Iorque, Filadélfia e Baltimore. Após seu retorno à Rússia, foi atormentado por uma instabilidade emocional, mas mesmo assim conseguiu trabalhar em sua última sinfonia, a Pathétique e reger a estréia da mesma, em 28 de outubro de 1893. Tchaikovsky morreu menos de duas semanas mais tarde.

Muitos escândalos envolveram a prematura e suspeitável morte de Tchaikovsky em 1893. Os mexericos sugeriam que ele havia se envolvido em casos de pederastia e que cometera suicídio por solicitação de uma corte de honra. Apesar das insinuações do escândalo, a sua morte ainda não foi esclarecida. De modo geral, considera-se que morreu de cólera, mas também há evidências que sugerem que tenha tomado uma dose fatal de veneno.

Alguns dos trabalhos mais populares de Tchaikovsky incluem os balés O Quebra Nozes e O Lago dos Cisnes; também escreveu a Abertura 1812, que pode ser ouvida anualmente nos Estados Unidos, no dia 04 de julho. Ainda que não tenha escrito muitas óperas como Verdi e Puccini, Tchaikivsky escreveu A Rainha de Espadas e Eugene Onegin, que ainda hoje são encenadas. Tchaikovsky amava a música folclórica de seu país, e muitos de seus trabalhos contêm a cor e o calor desta tradição popular. A simplicidade da expressão sentimental de Tchaikovsky contribuiu para que sua música fosse conhecida e amada por mais de um século.

Personagens principais:

Maria (soprano)— Filha de Kochubei, apaixonada por seu padrinho, Mazeppa.

Lyubov (meio-soprano) — Esposa de Kochubei e mãe de Maria.

Andrei (tenor)—Um jovem cossaco, perdidamente apaixonado por Maria.

Iskra (tenor)—Governador de Poltava.

Mazeppa (barítono)— O ganancioso, cruel e poderoso soberano (Hetman) dos cossacos.

Kochubei (baixo)— Um cossaco rico, velho amigo de Mazeppa.

Orlick (baixo)—O diabólico braço-direito de Mazeppa.

Sinopse

PRIMEIRO ATO: CENA I. Tempo presente na Ucrânia, início do Século XVIII. Sem preocupações, donzelas campesinas passam o dia às plácidas margens do rio Dnipró, brincando e lançando guirlandas nas águas tranqüilas do rio. Elas param adiante do frondoso jardim do rico cossaco Kochubei e pedem à Maria, filha dele, que junte-se à elas. Maria pede desculpas, explicando-lhes que precisa ajudar seu pai a entreter um importante convidado, seu padrinho Mazeppa, o soberano (hetman) da Ucrânia. Quando as garotas saem, Maria pondera sobre como as alegrias da juventude não são tão atraentes agora que está apaixonada por Mazeppa.

O solilóquio de Maria é interrompido por Andrei, seu amigo de infância. Ao escutar suas declarações de amor, ele diz compreender como ela se sente, pois também está profundamente apaixonado. Maria pensa que Andrei está oferecendo-lhe um ombro amigo — até o momento em que ele confessa seu amor eterno por Maria. Entristecida, ela diz que não tem controle algum sobre sua obsessão com Mazeppa.

Dentro da bela propriedade dos Kochubei, o anfitrião dá boas-vindas à seu velho amigo Mazeppa. Ele contratou uma companhia de dançarinos folclóricos para entreter seu convidado de honra. Depois de um estimulante Hopak (dança tradicional ucraniana), Mazeppa chama Kochubei no canto e pede pela mão de sua filha em casamento. Chocado, Kochubei reprime Mazeppa por querer casar-se com Maria. Como pôde ele apaixonar-se pela própria afilhada? Mazeppa insiste que seu amor é recíproco, mas Kochubei, repugnado, bota Mazeppa para fora de sua casa.

Insultadíssimo, Mazeppa chama seus guardas e ameaça mostrar à Kochubei quem é que manda. O irredutível Kochubei, a esposa Lyubov, Andrei e o Governador Iskra condenam o soberano por cobiçar uma jovem garota. Maria fica dividida entre o respeito por seu pai e seu amor por Mazeppa. Mazeppa anuncia que está indo: ela vai seguí-lo ou não? Então ela escolhe sua paixão em lugar de sua família e corre para os braços de Mazeppa, deixando amigos e parentes devastados.

PRIMEIRO ATO: CENA II. Dentro da casa de Kochubei. Kochubei conversa com Andrei e Iskra, enquanto um grupo de mulheres do vilarejo consolam a atormentada Lyubov. Lyubov manda as mulheres embora, depois se dirige ao marido e exige que ele se vingue de Mazeppa. Com raciocínio relâmpago, Kochubei conta a sua esposa que Mazeppa está planejando trair o czar, tomando partido dos suecos na Guerra do Norte. Eles podem vingar-se de Mazeppa revelando sua traição. Andrei, jurando que sua vida não tem sentido sem Maria, voluntaria levar a notícia ao czar. Kochubei e Lyubov não podem esperar para ver seu inimigo dependurado no cadafalso.

SEGUNDO ATO: CENA I . No fundo do calabouço no castelo de Mazeppa em Belotserkovsky. O plano de Kochubei para entregar Mazeppa por traição falhou. O czar, que confia muito mais na palavra de Mazeppa que na de Kochubei, sentenciou à morte o pai desesperado. Kochubei, preso no calabouço de Mazeppa, aguarda sua execução. Ele queixa-se de seu destino: pagar o preço pela traição de outro homem. Não somente sua vida será sacrificada como a de seu amigo Iskra, também condenado.

Subitamente entra Orlick, o diabólico braço-direito de Mazeppa. Ele vem forçar o velho a revelar o local secreto do tesouro da família Kochubei. Brioso, Kochubei replica que já que Mazeppa lhe roubou filha e honra, o único tesouro que possui agora é a vingança, que está nas mãos de Deus.

SEGUNDO ATO: Cena II. Noite num austero aposento no Castelo de Mazeppa. Ao saber que Kochubei se negou a revelar o esconderijo do tesouro familiar, Mazeppa agenda a execução do velho homem para o dia seguinte. Mas para sua surpresa, ele descobre que é afligido por visões de culpa; até as estrelas o acusam. O que dirá Maria ao descobrir sobre a morte de seu pai?

Entra Maria, queixando-se que está negligenciada. Ela está convencida que a riqueza e o poder estão em primeiro lugar na vida de Mazeppa, e que ela está num distante segundo lugar. Tentando acalmar sua esposa, Mazeppa conta à ela seu segredo — ele planeja rebelar-se contra o czar e fundar um novo Estado: Ucrânia. Mazeppa a convence de que logo eles encontrarão glória como rei e rainha de um novo país. Seduzida pelas visões de poder e suntuosidade, Maria jura que ficará ao lado de Mazeppa, aconteça o que acontecer. Mazeppa a admoesta que aquilo pode levá-los ao patíbulo, mas ela jura seguí-lo até ali se necessário. Quando Mazeppa, sagazmente, pergunta se ele é mais importante para ela que seu pai, Maria, apesar de perturbada pela pergunta, promete amá-lo para sempre. Os amantes se abraçam e Mazeppa sai satisfeito.

A sós, Maria sai ao escuro jardim. A pergunta de Mazeppa sobre seu pai ficou grudada em sua mente e ela pressente que seus pais correm perigo. Neste momento, sua mãe, Lyubov, entra esbaforida. Ela conta a Maria que Kochubei foi preso e será executado. Paralisada pela notícia desalentadora, Maria desmaia. Uma vez que desperta, ela e sua mãe correm para salvar a vida de Kochubei.


SEGUNDO ATO: CENA II. Frente ao patíbulo, uma multidão espera ansiosamente as vítimas do verdugo. Os aldeões estão tensos; somente um bêbado Cossaco cantando uma canção alborotada se atreve a fazer balbúrdias. Logo a procissão se aproxima, com Mazeppa a cavalo e as vítimas escoltadas por guardas. Kochubei reza enquanto ele e Iskra paulatinamente aproximam-se do patíbulo. Maria e Lyubov chegam justamente para presenciar o cair do machado.

Enquanto Andrei cai ferido, Mazeppa vê à Maria no horizonte. Pálida e desgrenhada, ela não é a beleza em pessoa que foi noutrora; Maria enlouqueceu do pesar pela morte de seu pai. Mazeppa tenta reanimá-la, mas ela já não o reconhece. Orlick avisa que é hora de ir – os russos vão chegar a qualquer momento. Mazeppa quer levar Maria consigo, mas é convencido a abandoná-la.

Caminhando sem rumo e inconsciente pelas ruínas de sua casa de infância, Maria se esbarra com o ferido Andrei. Ajoelhando-se a seu lado, ela o balança em seus braços como um bebê e canta uma canção de ninar. Enfraquecido, Andrei desperta por um momento para dizer adeus à seu amor por uma última vez. Ternamente, Maria o embala em seus braços até que ele morre.

Jacques

Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service

quinta-feira, março 16, 2006

La Forza del Destino - Verdi

La forza del destino in Turin: (left to right) Salvatore Licitra as Don Alvaro, Andrea Gruber as Leonora and Carlo Colombara as Padre Guardiano

Photo: Ramella & Giannese/Teatro Regio Torino


Domingo próximo, às 15:00hs, a Radio Cultura FM de São Paulo, levará ao ar a ópera La Forza Del Destino de Giuseppe Verdi.

O anúncio do elenco e da orquestra é o seguinte:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006 VERDI - A Força do Destino. Solistas: Deborah Voigt, Ildikó Komlósi, Salvatore Licitra, Mark Delavan, Juan Pons, Samuel Ramey. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Gianandrea Noseda.

A ópera tem a música, mais uma vez magistral, de Giuseppe Verdi e libreto de Francesco Maria Piave, com revisão posterior de Antonio Ghislanzone, baseada na peça Don Alvaro, ó La Fuerza del Sino, de Angel Pérez de Saavedra, Duque De Rivas.

Personagens

Leonora de Vargas (soprano) – Filha do Marquês. Uma mulher gentil que ama muito seu pai, mas ama Dom Álvaro ainda mais.

Preziosilla (meio-soprano) - Uma cigana clarividente.

Curra (meio-soprano) - Criada de Leonora.

Dom Álvaro (tenor) - Filho de um traidor da coroa portuguesa com uma princesa inca; apaixonado por Leonora.

Mestre Trabuco (tenor) - Camelô.

Dom Carlo de Vargas (barítono) - Irmão de Leonora, um jovem orgulhoso e apaixonado.

Frei Melitone (barítono) - Frei no convento de Madonna degli Angeli.

Marquês de Calatrava (baixo) – Pai de Leonora, um arrogante nobre espanhol, obcecado com sua reputação.

Padre Guardiano (baixo) – Superior do convento de Madonna degli Angeli


Sinopse


PRIMEIRO ATO: Sevilha, no palácio do Marquês de Calatrava, meados do Século XVIII. O Marquês de Calatrava dá um afetuoso boa noite à sua filha Leonora. Tão logo sai, Curra, criada de Leonora, entra em ação. Elas não têm tempo a perder — Leonora planeja fugir com Dom Álvaro, seu amante, porque o Marquês não permitiu que sua filha se casasse com ele. Dom Álvaro é o filho mestiço de uma princesa inca e de um traidor da coroa espanhola, um homem perigoso. Leonora está completamente apaixonada por ele mas, na iminência de deixar sua casa para sempre, ela pensa duas vezes, hesitando em abandonar sua moradia e seu pai e partir para terras desconhecidas.

Dom Álvaro passa escondido para a sacada de Leonora. Os cavalos estão prontos e um padre espera para casá-los. Mas Leonora faz hora a tal ponto que Dom Álvaro começa a duvidar de seu amor. Já quando eles estão prontos para fugir, o Marquês entra, com espada em punho. Dom Álvaro corajosamente afirma que a fuga foi idéia unicamente dele e que somente ele deverá ser punido. Ele se rende ao Marquês e, para provar sua sinceridade, lança sua arma ao chão. Mas a arma carregada dispara acidentalmente, matando o Marquês. Em suas últimas palavras, o Marquês amaldiçoa sua filha insolente.

SEGUNDO ATO: Cena I. O tempo passou. No caos de sua fuga de Sevilha, Leonora e Álvaro tomaram caminhos distintos. Ambos acreditam que o outro está morto.

A cortina se abre e revela uma pousada no vilarejo espanhol de Hornacuelos. Camponeses, garotas da vila e arreeiros dançam e bebem. Leonora entra, disfarçada de estudante – e reconhece seu irmão, Dom Carlo, do outro lado da rua, também usando disfarce similar. Ela foge e se esconde.

Preziosilla, uma jovem cigana, incita a população a unir-se para ajudar a Itália e a Espanha a defender-se dos alemães. Enquanto lê a mão de Dom Carlo, peregrinos passam cantando em direção ao monastério da Madonna degli Angeli. Todos no albergue rezam pela salvação, mas Leonora, que quietamente reaparece, reza para poder escapar de seu irmão.
Dom Carlo dissimuladamente indaga sobre a “pequena pessoa” que acabou de chegar na pousada – será um homem ou uma mulher? Os presentes, contudo, esquivam-se da pergunta e não respondem. O dono da hospedagem pergunta ao curioso recém-chegado sobre ele. Enquanto Leonora escuta às escondidas, Dom Carlo diz aos vilarejos que ele é um estudante que está ajudando um “amigo” a caçar o par de assassinos do Marquês de Calatrava: Leonora de Vargas e seu amante. Ele já viajou por toda a Espanha em busca do sedutor de Leonora. Depois da estória, o grupo diz boa noite.

Cena II. À luz da lua, Leonora vai ao apartado monastério da Madonna degli Angeli. Ela pede permissão do Padre Guardiano para passar o resto de seus dias numa caverna abandonada de um eremita, buscando paz e perdão. Ao ficar convencido de sua sinceridade, o Padre Superior, que conhece a estória de Leonora, a entrega uma veste de monge e promete levar comida para ela. Ela nunca deve voltar a ver um ser humano; mas se em perigo ou em sua última hora, ela pode tocar a campainha do eremita. Convocando os frades, o Padre Guardiano os ordena que nunca se aproximem da caverna de Leonora. Todos se ajoelham e pedem à virgem para que cuide da misteriosa eremita.

TERCEIRO ATO: Cena I. No meio da floresta, próximo a Velletri, Itália, soldados bebem e apostam enquanto que Dom Álvaro, agora um capitão junto aos Granadeiros Espanhóis, lamenta seu destino. Ele nasceu na prisão, seu pais foram injustamente decapitados, e agora ele perdeu Leonora, sua única alegria. Ele pede que ela o proteja desde o céu e tenha piedade de sua alma.

Depois de uma briga num jogo de azar, alguém pede socorro. Dom Álvaro corre para o resgate, salvando um agradecido jovem soldado. Dom Álvaro e Dom Carlo nunca foram apresentados um ao outro e, então, não se reconhecem. Sem querer proclamar suas verdadeiras identidades, os dois se apresentam usando nomes falsos. Dom Carlo explica que chegou no dia anterior sob ordens do general. Uma convocação de guerra é escutada e os novos amigos vão à batalha, lado à lado, jurando amizade eterna.

Cena II. É manhã, no meio de uma batalha entre as forças espanholas e seus inimigos alemães. Um cirurgião militar, assistindo de uma casa próximo ao campo de batalha, vê Dom Álvaro cair. Álvaro é trazido de volta para a casa numa maca, acompanhado de Dom Carlo. Álvaro faz um último pedido: se morrer, ele quer que Dom Carlo queime um pacote fechado de cartas. Dom Carlo jura que assim o fará, mas o estranho pedido levanta suas suspeitas. Ele secretamente futuca os pertences de Dom Álvaro. Ao encontrar o retrato de Leonora, Carlo descobre que Álvaro é seu inimigo mortal.

O cirurgião anuncia que Dom Álvaro sobreviverá. Dom Carlo regozija-se; agora ele pode vingar a morte de seu pai, matando Álvaro com suas próprias mãos.
À noite, próximo ao campo de batalha, soldados dormem enquanto uma patrulha faz sua ronda. Dom Álvaro, já recomposto, vaga sem conseguir dormir. Ele encontra-se com Dom Carlo, que revela sua identidade secreta e desafia Dom Álvaro a um duelo. Álvaro tenta manter a paz entre eles, jurando que a morte do Marquês foi um acidente e pedindo às almas do Marquês e de Leonora para testemunharem sua sinceridade. Carlo, escarnecidamente, conta a ele que Leonora ainda está viva. Álvaro fica eufórico e depois chocado ao entender que Carlo também a quer morta. Esta é a última gota para Dom Álvaro. Afugentando todas as memórias e sentimentos de amizade, ele embainha sua espada.

Os dois lutam furiosamente até que, ao passar por ali, a patrulha os separa e prende Dom Carlo. Álvaro é inundado de alívio. Baixando sua espada, ele resolve passar o resto de seus dias em um monastério.
O dia amanhece e o acampamento renasce com o zunzum de ambulantes, camponeses famintos, soldados e mulheres à deriva. Preziosilla conta o futuro enquanto o Frei Melitone dá um sermão sobre os pecados da massa. A multidão se volta contra Melitone, mas Preziosilla salva o frade ao distrair os presentes com uma comovente canção militar.

QUARTO ATO: Cena I. O pátio do monastério de Madonna degli Angeli. Enquanto lhes serve sopa, o irritadiço Frei Melitone censura um grupo de mendigos sujos. Quando os mendigos se queixam e dizem preferir o gentil padre Raffaele (Dom Álvaro), Melitone furiosamente vira o caldeirão e os espanta. O Padre Guardiano o aconselha a ter mais paciência e nunca sentir inveja de “Padre Raffaele”.

Escuta-se batidas à porta e o Padre Guardiano sai. Melitone deixa entrar Dom Carlo, que pede para ter com o Padre Raffaele. Dom Álvaro aparece e, uma vez mais, os inimigos ficam face a face. Dom Carlo anuncia que procura Dom Álvaro há cinco anos e que agora lutará até a morte. Álvaro afirma que seus votos de monge o proíbem de lutar — mas Carlo o insulta, bate nele e o incita a agarrar uma espada. Eles correm para a floresta em busca de um local isolado para duelarem.

Cena II. Fora de sua caverna, Leonora reza em vão para esquecer seu amor. Mesmo anos depois de sua malograda fuga com Dom Álvaro, ela não pôde parar de pensar nele. Ela pega o pão que o Santo Padre a deixou e retorna à sua caverna.

O som de uma briga é escutado ao longe e Álvaro aparece. Ele veio pedir ao eremita que perdoe um homem que foi mortalmente ferido. Leonora toca a campainha e sai para afugentar o intruso. Os amantes se reconhecem e Leonora, ao descobrir que é seu irmão quem está morrendo, corre em seu auxílio.

Mesmo em sua última hora, Dom Carlo não consegue perdoar a sua irmã. Ainda com sede de vingança, ele a esfaqueia. Enquanto Leonora morre, Álvaro se lança à seus pés. Ela promete rezar por ele no céu e jura que eles se encontrarão novamente no paraíso.

Jacques


Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service


sexta-feira, março 10, 2006

Primeiro Aniversário!

Não que eu seja dado à publicidade, muito pelo contrário, mas esta é uma data importante.

Há um ano, de maneira incipiente, dei início a esse blog.

Não para dizer que passou-se um ano in albis, apenas para lembrar que melhorei muito a maneira de escrever. Se a diferença for tão sensível daqui um ano, saberei que tive êxito na minha empreitada.

A todos vocês que me incentivam, meu muito obrigado! Sem vocês não haveria esse modesto cantinho.

Jacques

quarta-feira, março 08, 2006

Roméo et Juliette - Gounod


Roméo et Juliette

Música por Charles Gounod

Texto em francês por Jules Barbier e por Michel Carré, baseada na obra de William Shakespeare

A próxima audição da Radio Cultura FM de São Paulo, neste domingo Às 15:00hs será a ópera Roméo et Juliette de Charles Gounod.

O anúncio:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006
GOUNOD - Romeu e Julieta. Solistas: Natalie Dessay, Jossie Pérez, Ramón Vargas, Stéphane Degout, Kristinn Sigmundsson. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Bertrand de Billy.

A obra é belíssima e os atores são de primeira linha. Ouvi esta gravação no último sábado "ao vivo". Agora, com narração de intervalos em português, como de hábito, todos nós poderemos ouvir essa maravilha de récita. Recomendo!

O Roméo et Juliette de Gounod

Gounod apaixonou-se pela estória dos amantes malfadados de Shakespeare aos dezenove anos, quando assistiu à um ensaio orquestral de Roméo et Juliette, sinfonia dramática de Berlioz. Aquele poderoso retrato musical da tragédia shakespeariana marcou Gounod profundamente. A peça ainda não havia sido publicada, mas o jovem compositor memorizou longos trechos e os tocou para Berlioz dias depois. Convencido que Gounod tinha conseguido uma cópia da sinfonia, Berlioz perguntou. “Como diabos você conseguiu isso?”. “Em um de seus ensaios”, foi a resposta.

Em 1864, décadas depois, Gounod se propôs a criar uma versão operística de Romeu e Julieta. Seus antigos parceiros, o talentoso time de libretistas de Jules Barbier e Michel Carré, destrincharam a conhecida tragédia cena à cena, preparando um libreto em apenas três meses. Eles simplificaram o enredo original de Shakespeare, eliminando personagens secundárias e reduzindo a trama a seus elementos essenciais; Gounod pôde assim focalizar sua atenção no romance arrebatador que é o coração da trama. Eles também acrescentaram elementos específicos para tornar o enredo mais operístico — como uma cena nupcial na qual Julieta desmaia no momento em que Páris tenta colocar um anel em seu dedo.

Na primavera de 1865, inspirado pela beleza natural da Riviera Francesa, Gounod aprofundou-se em sua tarefa. Enquanto se deixava levar pela ópera, as notas fluíam facilmente de sua pena. Em uma carta à sua esposa, Gounod admitiu que escrever Roméo et Juliette o fez sentir-se como se tivera vinte anos novamente. As personagens dos dois amantes estavam tão vivas em seu coração, que ele sentia a presença delas a seu redor; Romeu e Julieta mantiveram-no companhia.

Na première mundial, em Paris, abril de 1867, as magnificas árias e os ardentes duetos de amor fizeram da ópera um grande sucesso. Em menos de um ano, a ópera atraia enormes audiências na Inglaterra, Bélgica e Alemanha. Algumas apresentações incluíam até participações inesperadas da platéia. Numa das apresentações em Chicago, com Nellie Melba (Juliette) e Jean de Reszke (Roméo), um admirador exaltado passou da sacada para o palco; ele também estava apaixonado por Juliette! De Reszke corajosamente desembainhou sua espada e colocou-se entre o louco e Juliette, empurrando-o do palco.

Até os cantores se deixaram contagiar com a forte emotividade da ópera. Quando Adeline Patti cantou com seu Romeu, Nicolini, na Ópera de Paris, ela alargou a cena da sacada com inéditos vinte e nove beijos. Tempos depois ela divorciaria seu marido, o Marquês de Caux, e se tornaria a Sra. Adelina Nicolini.

Roméo et Juliette lotava as casas operísticas com multidões de fãs, mas nem todos concordavam. Alguns críticos afirmavam que Roméo et Juliette não chegava aos pés de Fausto, ópera anterior de Gounod. Ernest Newman escreveu: “Uma das miragens do mundo musical é que Romeu e Julieta seja material ideal para uma ópera…ambos compositores e libretistas falharam a não perceber que, além destes dois personagens, existe muito pouco na peça que ofereça qualidades intrínsecas de uma ópera. E até as personagens de Romeu e Julieta pecam neste sentido; mesmo numa ópera, as pessoas esperam algum amadurecimento das personagens... e os amantes de Verona não amadurecem”. Ele vai mais adiante, afirmando que cada amante serve apenas para uma ária e, juntos, para um dueto de amor e outro de morte. Segundo ele, as outras personagens eram “meras figuras desqualificadas” e dispensáveis ao enredo. Gounod, contudo, buscava impacto emocional e não perfeição dramática. Ele concentrou-se em expressar cada capítulo da estória dos jovens amantes, minuciosamente retratando suas emoções em música. As audiências de hoje continuam amando ser parte da montanha russa emocional de Gounod. Sua ópera é tida no mundo inteiro como uma das grandes reproduções musicais do conto shakespeariano.


Personagens:


Juliette (soprano): Uma bela senhorita, filha de Capulet.

Stéphano (soprano): Pajem de Roméo, um jovem cheio de vida.

Gertrude (meio-soprano): Aia e amiga de Juliette.

Roméo (tenor): Filho de Motagne, um jovem vistoso.

Tybalt (tenor): Primo de Juliette.

Mercutio (barítono): Melhor amigo de Roméo.

Conde Páris (barítono): Um rico amigo de Tybalt, interessado em Juliette.

Benvólio (barítono): Sobrinho de Montague, um dos confidentes de Roméo.

Gregório (barítono): Criado dos Capulet.

Frère Laurent (baixo): Um franciscano amigo de Roméo e Juliette.

Conde Capulet (baixo): Chefe da casa Capulet.

Duque de Verona (baixo)



Sinopse


Prólogo: Verona, Itália. Um dramática introdução orquestral retrata a ferrenha hostilidade entre duas nobres famílias, os Capulets e os Montagues. Um coro solene conta a estória de dois jovens amantes que, ao morrer, dissolveram a vendeta entre suas famílias.

PRIMEIRO ATO : Nossa estória se inicia com um suntuoso baile de máscaras na mansão dos Capulets, em celebração ao aniversário de dezesseis anos da bela Juliette. Seu pai, um próspero Capulet, cumprimenta seus convidados e os incita a dançarem. Um convidado muito importante está presente nesta noite: o Conde Páris, grande amigo de Tybalt, o primo de Juliette. Tybalt espera convencer seu amigo a casar-se com Juliette, que impressiona Páris com sua estonteante beleza.


Entrementes, Mercutio e Roméo, membros da família rival dos Montagues, mascarados, entram de penetras. Roméo sente que eles não deveriam estar ali; ele teve um sonho premonitório na noite anterior. O audacioso Mercutio provoca Roméo com uma canção sobre a imaginária Rainha Mab, a criadora de sonhos e ilusões. Roméo, contudo, segue apreensivo – até o momento em que vê a estonteante Juliette. Ele se apaixona à primeira vista.

Gertrude, a complacente aia de Juliette, brinca com ela sobre Páris. Mas Juliette ainda não está pronta para comprometer-se — ela prefere desfrutar de sua juventude.

Apartando-se da multidão, Roméo chama a atenção de Juliette. Os olhos dos jovens se chocam. Mas no momento em que ele estende-lhe sua mão, Juliette é chamada por Tybalt, que reconhece o cortejador como um Montague. Roméo e seus amigos fogem imediatamente. Capulet, tentando evitar um rebuliço, previne Tybalt de perseguir Roméo e encoraja seus convidados a continuarem dançando.

SEGUNDO ATO: No fim daquela noite, Roméo entra furtivo no jardim dos Capulets. Ele avista Juliette em sua sacada e compara sua beleza com a do sol nascente. No momento em que ela se aproxima, ele se esconde. Crendo-se sozinha no manto da noite, Juliette corajosamente proclama seu amor pelo belo Roméo, desejando que ele não fosse um Montague. Ao escutar isso, Roméo se revela, jurando que renunciará seu nome se isso significar que eles poderão viver juntos. Os dois são temporariamente interrompidos por Grégorio, que está mantendo guarda e se acerca ao escutar um ruído no jardim. Roméo se esconde e a aia de Juliette a leva para dentro. Uma vez que os amantes estão à sós novamente, Juliette promete mandá-lo notícias na manhã seguinte. Se ele realmente quer casar-se com ela, eles encontrarão uma maneira.

TERCEIRO ATO: Cena I. Roméo corre à cela de seu amigo Frère Laurent. Ele confessa que está apaixonado por Juliette, a Capulet, e que eles vieram se casar. A notícia choca o frade, mas a óbvia força do amor entre Roméo e Juliette o convence a realizar a cerimônia. Enquanto Gertrude mantém vigilância, Roméo e Juliette dizem “sim”.

Cena II. Na rua em frente da casa Capulet, Stéphano, pajem de Roméo, canta serenatas a Grégorio, Tybalt, e outros Capulets; sua cantiga zombeteira fala sobre uma pomba que fugiu do ninho de abutres para viver com seu bem-amado. Grégorio se irrita com o deboche e pula frente à Stéphano com a espada desembainhada. Aparece então Mercutio e acusa Gregório de procurar briga com um garoto, exatamente o tipo de coisa que se espera de um Capulet insolente. Insultado, Tybalt desafia Mercutio para um duelo. Roméo logo aparece e tentar separar os dois homens. Tybalt também desafia Roméo, mas Roméo está desarmado e não deseja lutar. Seu amor por Juliette lhe deu uma nova perspectiva sobre a rivalidade das duas famílias e ele já não vê motivo para a prolongação de décadas de ódio. Desgostoso, Roméo fica de lado, enquanto Mercutio e Tybalt lutam.

A luta termina quando Mercutio é fatalmente ferido. Roméo, encolerizado, mata Tybalt vingando a morte de Mercutio, seu melhor amigo. Momentos depois, o Duque chega ao local e bane Roméo de Verona.

QUARTO ATO: Cena I. Roméo tem ordem para sair de Verona antes do nascente; secretamente, ele visita Juliette antes de deixar a cidade. Juliette o perdoa por matar seu primo – ela sabe que Tybalt mataria Roméo se tivesse a oportunidade. Depois de uma romântica noite juntos, Roméo levanta-se alvoroçado ao escutar o canto de uma cotovia. Relutante, os amantes se despedem.

Momentos depois que Roméo foge, Gertrude, Capulet e o Frère Laurent entram nos aposentos de Juliette. Capulet anuncia que Juliette irá casar-se com Páris naquele mesmo dia, fazendo cumprir o último desejo de Tybalt. Ele sai, deixando Juliette à sós com o frade. Juliette está desesperada. Ela confessa ao frade que prefere morrer a trair seu verdadeiro amor. As palavras de Juliette dão uma idéia ao Frei Lourenço – estando ela disposta a morrer, ele tem uma solução! Ele lhe oferece uma poção que fará com que ela pareça morta. Os Capulets transportarão seu corpo à tumba familiar, onde ela aguardará seu encontro com Roméo. Com sua família convencida de sua morte, Juliette poderá fugir com Roméo. Aterrorizada mas disposta a enfrentar qualquer coisa por seu amor, Juliette bebe todo o frasco com a poção misteriosa.

Cena II. Mais tarde naquele dia, Capulet escolta Juliette pelo palácio em sua marcha nupcial. No momento em que a jovem noiva se aproxima de Páris, ela desmaia. Capulet, em choque, clama a morte de Juliette.

QUINTO ATO: Juliette repousa, fria e sem cor, na tumba familiar. Apesar do plano está correndo bem até o momento, existe uma grande falha: Roméo não recebeu notícia da poção. Quando ele chega à tumba dos Capulets, ele pensa que Juliette está realmente morta! Aflito, ele bebe um frasco com veneno; a vida não vale à pena sem sua amada Juliette. No momento em que verte a última gota, Juliette acorda de seu sono profundo. Os dois amantes regozijam-se ao se reencontrarem. Roméo então começa a enfraquecer. Enquanto ele dá seu último alento, Juliette o assegura que o amor deles sobreviverá a morte. Então agarra a adaga de Roméo e se esfaqueia. Os amantes morrem juntos num abraço final.

Jacques


Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service

quarta-feira, março 01, 2006

Samson et Dalila - Saint Saëns

Samson et Dalila at the Royal Opera House: José Cura and Denyce Graves in the title roles

Photo: Bill Cooper




No próximo domingo, às 15:00 horas, a Rádio Cultura FM de São Paulo, em prosseguimento às audições do Metropolitan Opera de New York, levará ao ar a ópera Sansão e Dalila de Saint Saëns.

O anúncio:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006
SAINT-SAËNS - Sansão e Dalila. Solistas: Olga Borodina, Clifton Forbis, Jean-Philippe Lafont. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Emmanuel Villaume.

Ópera em três atos


Música por Charles Camille Saint-Saëns

Texto em francês por Ferdinand Lemaire

A narrativa de Sansão

O Samson et Delila de Saint-Säens é baseado no capítulo XVI de Juízes, uma das mais antigas narrativas na Bíblia. O relato conta como Sansão, um herói hebreu, revela o segredo de sua força divina à uma filistéia sedutora e é traído e arruinado por ela. Capítulos anteriores na Bíblia falam sobre o voto nazireu de Sansão (que lhe valeu sua força extraordinária) e sua ascensão à posição heróica entre os hebreus, mas a ópera de Saint-Säens centra-se no seu encontro com Dalila. Em hebraico, os nomes Sansão e Dalila significam respectivamente ‘Dia’ e ‘Noite’ e o ciclo de queda e redenção na ópera podem ser comparados ao ciclo de dia e noite.

Alguns estudiosos acreditam que Sansão foi um herói verídico que liderou seu povo na luta contra os filisteus. À medida em que sua bravura foi transmitida de geração a geração, a narrativa tornou-se mais fantástica. Ao chegar no momento em que o conto de Sansão apareceu na Bíblia (ao redor de 600 A.C.), Sansão tinha tornando-se um tipo de übermensch [super-homem]: um homem de força incrível capaz de matar mil filisteus com a mandíbula de um burro. Ele também ganhou ao longo dos anos uma série de maus costumes (entre eles, o de femeeiro) e um gritante e total contraste ao papel vivido por Dalila.

Personagens

Dalila (meio-soprano) – a ex-amante de Sansão; uma bela filistina que quer utilizar de sua sedução para descobrir o segredo do poder de Sansão.

Sansão (tenor) – O líder dos hebreus. Apesar de incrivelmente forte, tem uma fraqueza por mulheres filistéias. Sansão também guarda um segredo: se algum dia cortar seu cabelo, Deus irá erradicar sua força.

Sumo Sacerdote de Dagom (barítono) – O Sumo Sacerdote de Dagom, deus dos filisteus. Temendo que a força de Sansão possa inspirar uma revolta entre os escravos hebreus, ele planeja usar Dalila para derrubá-lo.

Abimeleque (baixo) – O sátrapa (governador provincial) filisteu de Gaza. Ele condena os hebreus por se negarem a aceitar Dagom como seu deus.

O Velho Hebreu (baixo) – Lidera os hebreus em orações e aconselha Sansão a resistir à sedução de Dalila.

Sinopse

Ato I

Gaza, Palestina, durante a época do Velho Testamento. Hebreus reúnem-se em torno de seu líder, Sansão, sobre o portal do profano Templo de Dagom, erguido pelos filisteus, seus opressores. Orando, eles perguntam à Deus porque os abandonou. Sansão porém critica a fraqueza de sua fé, dizendo que eles nunca devem deixar de confiar e glorificar o Senhor.
Abimeleque, sátrapa (governador provincial) de Gaza, repreende os hebreus por se negarem à reconhecer Dagom como seu deus e os filisteus como seus senhores. Sansão replica com palavras ferinas, incitando Israel a reconquistar sua liberdade, ao que Abimeleque o ataca. Sansão agarra a espada do sátrapa e o mata, mantendo seus serventes imobilizados enquanto os outros hebreus escapam.
Os portais do templo se abrem e o Sumo Sacerdote de Dagom aparece; ele fica chocado ao ver o o corpo de Abimeleque e os sinais de uma insurreição. Soldados filistinos se desculpam esfarrapadamente, dizendo que perderam suas forças e não puderam perseguir os culpados. Chamando-os de covarde, o Sumo Sacerdote insulta os judeus; outros filisteus, porém, intimidados pela força lendária de Sansão, são a favor da devolução do território que ocupam. Enquanto recuam, o Sumo Sacerdote, relutante, une-se à eles. Alguns israelitas retornam e um Velho Hebreu os conduz em uma oração de graças à Deus.
Dalila chega com outras filistéias, comemorando o retorno da primavera. Ela saúda o vitorioso Sansão, lembrando-o que ele já conquistou o coração dela e convidando-o para visitá-la no vale de Soreque. Sentindo dificuldades em resistí-la, ele pede direção à Deus enquanto o Velho Hebreu o admoesta sobre o perigo de render-se às seduções de uma mulher estrangeira. Durante o tempo em que suas compatriotas dançam de maneira sinuosa, Dalila canta glórias à primavera, relembrando à Sansão que ela anseia pela renovação do relacionamento deles.

Ato II

A noite se aproxima e Dalila aguarda Sansão em sua moradia no vale. Ela espera usar da paixão tola de Sansão para derrotá-lo, vingando seu povo. Enquanto relampeja à distância, o Sumo Sacerdote a visita, lembrando-lhe que Sansão aterrorizou as forças filistinas e deve ser vencido. Dalila explica que durante seu antigo romance com Sansão, ela tentou ineficazmente persuadí-lo a revelar o segredo de sua gigantesca força; nesta noite, a filistina sente-se confidente que irá prosperar já que a ausência tem feito com que ele a deseje mais que tudo. O Sumo Sacerdote pede à Dagom que abençoe a tentativa deles e sai, dizendo que irá retornar mais tarde.
Sansão chega e admite que ainda ama Dalila. A princípio ele tenta romper com o romance, dizendo que sua religião e seu povo o chamam. Contudo ela diz que o amor também é uma crença poderosa; uma que abre seu coração para as palavras dele como flores no amanhecer. Uma vez segura de sua conquista, Dalila expressa dúvidas: ele a deixou anteriormente. Se ele a ama verdadeiramente, irá compartilhar o segredo de sua força. Quando Sansão hesita, temendo que os trovões e relâmpagos sejam uma advertência de Deus, ela o menospreza e corre para dentro de casa. Sem resistir, ele a segue e o temporal começa. Não muito tempo depois, tendo finalmente descoberto que o segredo da força de Sansão está em seu longo cabelo, ela conclama os soldados filisteus escondidos que entram e o levam prisioneiro.

Ato III

Com o cabelo cortado e cegado pelos seus captores, Sansão é acorrentado a uma pedra moleira e forçado a triturar trigo numa calabouço em Gaza. Ele proclama seu arrependimento e pede à Deus perdão por seus pecados, enquanto outros hebreus cativos o acusam de traição. Soldados filisteus o levam embora.
Ao amanhecer no Templo de Dagom, o Sumo Sacerdote e Dalila conduzem os filisteus em graças por sua liberação de Sansão. Eles cantam graças de amor e dançam uma bacanal. No momento em que Sansão é trazido por uma criança, o silêncio toma conta dos reunidos. Zombeteira, Dalila brinda Sansão com lembranças de amor e vingança, enquanto o Sumo Sacerdote o ridiculariza dizendo que Jeová deveria reconstituir sua visão.
Enquanto Sansão, em silêncio, reza pelo poder para derrotá-los, o Sumo Sacerdote incita seus seguidores a darem graças à Dagom; depois ele exige que Sansão ajoelhe-se no altar do deus pagão. Como fosse se aproximar do altar, Sansão cochicha à criança que o coloque entre os dois pilares que sustentam o teto. Com a congregação entretida com um novo cântico, Sansão experimenta sua força contra os pilares, pedindo à Deus que devolva seu vigor. Num esforço sobre-humano, ele empurra os pilares, trazendo abaixo o templo que enterra a ele e a seus inimigos.

Jacques

Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service