quarta-feira, março 22, 2006

Mazeppa - Tchaikovsky

Mazeppa Bolshoi Theatre Moscow, 2004 (Photos by Damir Yusupov)

Domingo próximo, às 15:00hs, a Radio Cultura FM de São Paulo, irradiará a ópera Mazeppa de Tchaikovsky.

O anúncio:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006 TCHAIKOVSKY - Mazzepa. Solistas: Olga Guryakova, Larissa Diadkova, Oleg Balashov, Nikolai Putilin, Paata Burchuladze. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Valery Gergiev.


Biografia

Piotr Ilich Tchaikovsky (1840-1893) tornou-se ainda em vida o compositor russo mais celebrado e permanece, desde então, como um dos mais conhecidos e mais amados. Foi um dos membros da primeira turma a graduar-se no Conservatório de S. Petersburg. Imediatamente após foi admitido no Conservatório de Moscou para ensinar harmonia. De 1876 a 1890 foi o protegido da rica Nadezhda Filaretovna von Meck, o que lhe permitiu devotar-se completamente à composição.

Durante toda sua vida, Tchaikovsky foi o único compositor profissional russo. Suas óperas sempre foram bem recebidas no Teatro Imperial. De fato, no final de sua vida, muitas de suas óperas foram encomendadas pelo Czar Alexandre III. Como compositor, Tchaikovsky sempre procurou agradar o público pagante, de modo que seus trabalhos não ultrapassavam as convenções composicionais existentes.

A vida privada de Tchaikovsky foi atormentada por um profundo senso de insegurança. Era um homossexual enrustido do século XX, o que sem dúvida lhe causava muita angústia. Em 1877 casou com Antonia Miliukova em uma tentativa de mascarar sua homossexualidade. Tchaikovsky foi tremendamente infeliz nesse casamento sem amor, o que o levou a tentar o suicídio. Quando sua tentativa falhou, deixou sua mulher para viajar pela Europa. Ainda que este período tenha sido, obviamente, bastante estressante do ponto de vista emocional, Tchaikovsky conseguiu completar Eugene Onegin em 1879.

Em 1891, Tchaikovsky embarcou em uma breve jornada para o leste dos Estados Unidos onde regeu concertos em Nova Iorque, Filadélfia e Baltimore. Após seu retorno à Rússia, foi atormentado por uma instabilidade emocional, mas mesmo assim conseguiu trabalhar em sua última sinfonia, a Pathétique e reger a estréia da mesma, em 28 de outubro de 1893. Tchaikovsky morreu menos de duas semanas mais tarde.

Muitos escândalos envolveram a prematura e suspeitável morte de Tchaikovsky em 1893. Os mexericos sugeriam que ele havia se envolvido em casos de pederastia e que cometera suicídio por solicitação de uma corte de honra. Apesar das insinuações do escândalo, a sua morte ainda não foi esclarecida. De modo geral, considera-se que morreu de cólera, mas também há evidências que sugerem que tenha tomado uma dose fatal de veneno.

Alguns dos trabalhos mais populares de Tchaikovsky incluem os balés O Quebra Nozes e O Lago dos Cisnes; também escreveu a Abertura 1812, que pode ser ouvida anualmente nos Estados Unidos, no dia 04 de julho. Ainda que não tenha escrito muitas óperas como Verdi e Puccini, Tchaikivsky escreveu A Rainha de Espadas e Eugene Onegin, que ainda hoje são encenadas. Tchaikovsky amava a música folclórica de seu país, e muitos de seus trabalhos contêm a cor e o calor desta tradição popular. A simplicidade da expressão sentimental de Tchaikovsky contribuiu para que sua música fosse conhecida e amada por mais de um século.

Personagens principais:

Maria (soprano)— Filha de Kochubei, apaixonada por seu padrinho, Mazeppa.

Lyubov (meio-soprano) — Esposa de Kochubei e mãe de Maria.

Andrei (tenor)—Um jovem cossaco, perdidamente apaixonado por Maria.

Iskra (tenor)—Governador de Poltava.

Mazeppa (barítono)— O ganancioso, cruel e poderoso soberano (Hetman) dos cossacos.

Kochubei (baixo)— Um cossaco rico, velho amigo de Mazeppa.

Orlick (baixo)—O diabólico braço-direito de Mazeppa.

Sinopse

PRIMEIRO ATO: CENA I. Tempo presente na Ucrânia, início do Século XVIII. Sem preocupações, donzelas campesinas passam o dia às plácidas margens do rio Dnipró, brincando e lançando guirlandas nas águas tranqüilas do rio. Elas param adiante do frondoso jardim do rico cossaco Kochubei e pedem à Maria, filha dele, que junte-se à elas. Maria pede desculpas, explicando-lhes que precisa ajudar seu pai a entreter um importante convidado, seu padrinho Mazeppa, o soberano (hetman) da Ucrânia. Quando as garotas saem, Maria pondera sobre como as alegrias da juventude não são tão atraentes agora que está apaixonada por Mazeppa.

O solilóquio de Maria é interrompido por Andrei, seu amigo de infância. Ao escutar suas declarações de amor, ele diz compreender como ela se sente, pois também está profundamente apaixonado. Maria pensa que Andrei está oferecendo-lhe um ombro amigo — até o momento em que ele confessa seu amor eterno por Maria. Entristecida, ela diz que não tem controle algum sobre sua obsessão com Mazeppa.

Dentro da bela propriedade dos Kochubei, o anfitrião dá boas-vindas à seu velho amigo Mazeppa. Ele contratou uma companhia de dançarinos folclóricos para entreter seu convidado de honra. Depois de um estimulante Hopak (dança tradicional ucraniana), Mazeppa chama Kochubei no canto e pede pela mão de sua filha em casamento. Chocado, Kochubei reprime Mazeppa por querer casar-se com Maria. Como pôde ele apaixonar-se pela própria afilhada? Mazeppa insiste que seu amor é recíproco, mas Kochubei, repugnado, bota Mazeppa para fora de sua casa.

Insultadíssimo, Mazeppa chama seus guardas e ameaça mostrar à Kochubei quem é que manda. O irredutível Kochubei, a esposa Lyubov, Andrei e o Governador Iskra condenam o soberano por cobiçar uma jovem garota. Maria fica dividida entre o respeito por seu pai e seu amor por Mazeppa. Mazeppa anuncia que está indo: ela vai seguí-lo ou não? Então ela escolhe sua paixão em lugar de sua família e corre para os braços de Mazeppa, deixando amigos e parentes devastados.

PRIMEIRO ATO: CENA II. Dentro da casa de Kochubei. Kochubei conversa com Andrei e Iskra, enquanto um grupo de mulheres do vilarejo consolam a atormentada Lyubov. Lyubov manda as mulheres embora, depois se dirige ao marido e exige que ele se vingue de Mazeppa. Com raciocínio relâmpago, Kochubei conta a sua esposa que Mazeppa está planejando trair o czar, tomando partido dos suecos na Guerra do Norte. Eles podem vingar-se de Mazeppa revelando sua traição. Andrei, jurando que sua vida não tem sentido sem Maria, voluntaria levar a notícia ao czar. Kochubei e Lyubov não podem esperar para ver seu inimigo dependurado no cadafalso.

SEGUNDO ATO: CENA I . No fundo do calabouço no castelo de Mazeppa em Belotserkovsky. O plano de Kochubei para entregar Mazeppa por traição falhou. O czar, que confia muito mais na palavra de Mazeppa que na de Kochubei, sentenciou à morte o pai desesperado. Kochubei, preso no calabouço de Mazeppa, aguarda sua execução. Ele queixa-se de seu destino: pagar o preço pela traição de outro homem. Não somente sua vida será sacrificada como a de seu amigo Iskra, também condenado.

Subitamente entra Orlick, o diabólico braço-direito de Mazeppa. Ele vem forçar o velho a revelar o local secreto do tesouro da família Kochubei. Brioso, Kochubei replica que já que Mazeppa lhe roubou filha e honra, o único tesouro que possui agora é a vingança, que está nas mãos de Deus.

SEGUNDO ATO: Cena II. Noite num austero aposento no Castelo de Mazeppa. Ao saber que Kochubei se negou a revelar o esconderijo do tesouro familiar, Mazeppa agenda a execução do velho homem para o dia seguinte. Mas para sua surpresa, ele descobre que é afligido por visões de culpa; até as estrelas o acusam. O que dirá Maria ao descobrir sobre a morte de seu pai?

Entra Maria, queixando-se que está negligenciada. Ela está convencida que a riqueza e o poder estão em primeiro lugar na vida de Mazeppa, e que ela está num distante segundo lugar. Tentando acalmar sua esposa, Mazeppa conta à ela seu segredo — ele planeja rebelar-se contra o czar e fundar um novo Estado: Ucrânia. Mazeppa a convence de que logo eles encontrarão glória como rei e rainha de um novo país. Seduzida pelas visões de poder e suntuosidade, Maria jura que ficará ao lado de Mazeppa, aconteça o que acontecer. Mazeppa a admoesta que aquilo pode levá-los ao patíbulo, mas ela jura seguí-lo até ali se necessário. Quando Mazeppa, sagazmente, pergunta se ele é mais importante para ela que seu pai, Maria, apesar de perturbada pela pergunta, promete amá-lo para sempre. Os amantes se abraçam e Mazeppa sai satisfeito.

A sós, Maria sai ao escuro jardim. A pergunta de Mazeppa sobre seu pai ficou grudada em sua mente e ela pressente que seus pais correm perigo. Neste momento, sua mãe, Lyubov, entra esbaforida. Ela conta a Maria que Kochubei foi preso e será executado. Paralisada pela notícia desalentadora, Maria desmaia. Uma vez que desperta, ela e sua mãe correm para salvar a vida de Kochubei.


SEGUNDO ATO: CENA II. Frente ao patíbulo, uma multidão espera ansiosamente as vítimas do verdugo. Os aldeões estão tensos; somente um bêbado Cossaco cantando uma canção alborotada se atreve a fazer balbúrdias. Logo a procissão se aproxima, com Mazeppa a cavalo e as vítimas escoltadas por guardas. Kochubei reza enquanto ele e Iskra paulatinamente aproximam-se do patíbulo. Maria e Lyubov chegam justamente para presenciar o cair do machado.

Enquanto Andrei cai ferido, Mazeppa vê à Maria no horizonte. Pálida e desgrenhada, ela não é a beleza em pessoa que foi noutrora; Maria enlouqueceu do pesar pela morte de seu pai. Mazeppa tenta reanimá-la, mas ela já não o reconhece. Orlick avisa que é hora de ir – os russos vão chegar a qualquer momento. Mazeppa quer levar Maria consigo, mas é convencido a abandoná-la.

Caminhando sem rumo e inconsciente pelas ruínas de sua casa de infância, Maria se esbarra com o ferido Andrei. Ajoelhando-se a seu lado, ela o balança em seus braços como um bebê e canta uma canção de ninar. Enfraquecido, Andrei desperta por um momento para dizer adeus à seu amor por uma última vez. Ternamente, Maria o embala em seus braços até que ele morre.

Jacques

Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service

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Blogger Dalva M. Ferreira said.

Pobre alma atormentada... Tchaikovsky é um compositor tão fantástico, há tanto sentimento em sua música!
O esquema dessa ópera não refoge ao tradicional mesmo, não é jacques? O drama, a fragilidade feminina diante do amor, sua redenção final através da dor... Exatamente (salvando as diferenças de tempo e lugar) igual às nossas novelas das oito! Haja lágrimas!

25 março, 2006 20:17  

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