quarta-feira, março 08, 2006

Roméo et Juliette - Gounod


Roméo et Juliette

Música por Charles Gounod

Texto em francês por Jules Barbier e por Michel Carré, baseada na obra de William Shakespeare

A próxima audição da Radio Cultura FM de São Paulo, neste domingo Às 15:00hs será a ópera Roméo et Juliette de Charles Gounod.

O anúncio:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006
GOUNOD - Romeu e Julieta. Solistas: Natalie Dessay, Jossie Pérez, Ramón Vargas, Stéphane Degout, Kristinn Sigmundsson. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Bertrand de Billy.

A obra é belíssima e os atores são de primeira linha. Ouvi esta gravação no último sábado "ao vivo". Agora, com narração de intervalos em português, como de hábito, todos nós poderemos ouvir essa maravilha de récita. Recomendo!

O Roméo et Juliette de Gounod

Gounod apaixonou-se pela estória dos amantes malfadados de Shakespeare aos dezenove anos, quando assistiu à um ensaio orquestral de Roméo et Juliette, sinfonia dramática de Berlioz. Aquele poderoso retrato musical da tragédia shakespeariana marcou Gounod profundamente. A peça ainda não havia sido publicada, mas o jovem compositor memorizou longos trechos e os tocou para Berlioz dias depois. Convencido que Gounod tinha conseguido uma cópia da sinfonia, Berlioz perguntou. “Como diabos você conseguiu isso?”. “Em um de seus ensaios”, foi a resposta.

Em 1864, décadas depois, Gounod se propôs a criar uma versão operística de Romeu e Julieta. Seus antigos parceiros, o talentoso time de libretistas de Jules Barbier e Michel Carré, destrincharam a conhecida tragédia cena à cena, preparando um libreto em apenas três meses. Eles simplificaram o enredo original de Shakespeare, eliminando personagens secundárias e reduzindo a trama a seus elementos essenciais; Gounod pôde assim focalizar sua atenção no romance arrebatador que é o coração da trama. Eles também acrescentaram elementos específicos para tornar o enredo mais operístico — como uma cena nupcial na qual Julieta desmaia no momento em que Páris tenta colocar um anel em seu dedo.

Na primavera de 1865, inspirado pela beleza natural da Riviera Francesa, Gounod aprofundou-se em sua tarefa. Enquanto se deixava levar pela ópera, as notas fluíam facilmente de sua pena. Em uma carta à sua esposa, Gounod admitiu que escrever Roméo et Juliette o fez sentir-se como se tivera vinte anos novamente. As personagens dos dois amantes estavam tão vivas em seu coração, que ele sentia a presença delas a seu redor; Romeu e Julieta mantiveram-no companhia.

Na première mundial, em Paris, abril de 1867, as magnificas árias e os ardentes duetos de amor fizeram da ópera um grande sucesso. Em menos de um ano, a ópera atraia enormes audiências na Inglaterra, Bélgica e Alemanha. Algumas apresentações incluíam até participações inesperadas da platéia. Numa das apresentações em Chicago, com Nellie Melba (Juliette) e Jean de Reszke (Roméo), um admirador exaltado passou da sacada para o palco; ele também estava apaixonado por Juliette! De Reszke corajosamente desembainhou sua espada e colocou-se entre o louco e Juliette, empurrando-o do palco.

Até os cantores se deixaram contagiar com a forte emotividade da ópera. Quando Adeline Patti cantou com seu Romeu, Nicolini, na Ópera de Paris, ela alargou a cena da sacada com inéditos vinte e nove beijos. Tempos depois ela divorciaria seu marido, o Marquês de Caux, e se tornaria a Sra. Adelina Nicolini.

Roméo et Juliette lotava as casas operísticas com multidões de fãs, mas nem todos concordavam. Alguns críticos afirmavam que Roméo et Juliette não chegava aos pés de Fausto, ópera anterior de Gounod. Ernest Newman escreveu: “Uma das miragens do mundo musical é que Romeu e Julieta seja material ideal para uma ópera…ambos compositores e libretistas falharam a não perceber que, além destes dois personagens, existe muito pouco na peça que ofereça qualidades intrínsecas de uma ópera. E até as personagens de Romeu e Julieta pecam neste sentido; mesmo numa ópera, as pessoas esperam algum amadurecimento das personagens... e os amantes de Verona não amadurecem”. Ele vai mais adiante, afirmando que cada amante serve apenas para uma ária e, juntos, para um dueto de amor e outro de morte. Segundo ele, as outras personagens eram “meras figuras desqualificadas” e dispensáveis ao enredo. Gounod, contudo, buscava impacto emocional e não perfeição dramática. Ele concentrou-se em expressar cada capítulo da estória dos jovens amantes, minuciosamente retratando suas emoções em música. As audiências de hoje continuam amando ser parte da montanha russa emocional de Gounod. Sua ópera é tida no mundo inteiro como uma das grandes reproduções musicais do conto shakespeariano.


Personagens:


Juliette (soprano): Uma bela senhorita, filha de Capulet.

Stéphano (soprano): Pajem de Roméo, um jovem cheio de vida.

Gertrude (meio-soprano): Aia e amiga de Juliette.

Roméo (tenor): Filho de Motagne, um jovem vistoso.

Tybalt (tenor): Primo de Juliette.

Mercutio (barítono): Melhor amigo de Roméo.

Conde Páris (barítono): Um rico amigo de Tybalt, interessado em Juliette.

Benvólio (barítono): Sobrinho de Montague, um dos confidentes de Roméo.

Gregório (barítono): Criado dos Capulet.

Frère Laurent (baixo): Um franciscano amigo de Roméo e Juliette.

Conde Capulet (baixo): Chefe da casa Capulet.

Duque de Verona (baixo)



Sinopse


Prólogo: Verona, Itália. Um dramática introdução orquestral retrata a ferrenha hostilidade entre duas nobres famílias, os Capulets e os Montagues. Um coro solene conta a estória de dois jovens amantes que, ao morrer, dissolveram a vendeta entre suas famílias.

PRIMEIRO ATO : Nossa estória se inicia com um suntuoso baile de máscaras na mansão dos Capulets, em celebração ao aniversário de dezesseis anos da bela Juliette. Seu pai, um próspero Capulet, cumprimenta seus convidados e os incita a dançarem. Um convidado muito importante está presente nesta noite: o Conde Páris, grande amigo de Tybalt, o primo de Juliette. Tybalt espera convencer seu amigo a casar-se com Juliette, que impressiona Páris com sua estonteante beleza.


Entrementes, Mercutio e Roméo, membros da família rival dos Montagues, mascarados, entram de penetras. Roméo sente que eles não deveriam estar ali; ele teve um sonho premonitório na noite anterior. O audacioso Mercutio provoca Roméo com uma canção sobre a imaginária Rainha Mab, a criadora de sonhos e ilusões. Roméo, contudo, segue apreensivo – até o momento em que vê a estonteante Juliette. Ele se apaixona à primeira vista.

Gertrude, a complacente aia de Juliette, brinca com ela sobre Páris. Mas Juliette ainda não está pronta para comprometer-se — ela prefere desfrutar de sua juventude.

Apartando-se da multidão, Roméo chama a atenção de Juliette. Os olhos dos jovens se chocam. Mas no momento em que ele estende-lhe sua mão, Juliette é chamada por Tybalt, que reconhece o cortejador como um Montague. Roméo e seus amigos fogem imediatamente. Capulet, tentando evitar um rebuliço, previne Tybalt de perseguir Roméo e encoraja seus convidados a continuarem dançando.

SEGUNDO ATO: No fim daquela noite, Roméo entra furtivo no jardim dos Capulets. Ele avista Juliette em sua sacada e compara sua beleza com a do sol nascente. No momento em que ela se aproxima, ele se esconde. Crendo-se sozinha no manto da noite, Juliette corajosamente proclama seu amor pelo belo Roméo, desejando que ele não fosse um Montague. Ao escutar isso, Roméo se revela, jurando que renunciará seu nome se isso significar que eles poderão viver juntos. Os dois são temporariamente interrompidos por Grégorio, que está mantendo guarda e se acerca ao escutar um ruído no jardim. Roméo se esconde e a aia de Juliette a leva para dentro. Uma vez que os amantes estão à sós novamente, Juliette promete mandá-lo notícias na manhã seguinte. Se ele realmente quer casar-se com ela, eles encontrarão uma maneira.

TERCEIRO ATO: Cena I. Roméo corre à cela de seu amigo Frère Laurent. Ele confessa que está apaixonado por Juliette, a Capulet, e que eles vieram se casar. A notícia choca o frade, mas a óbvia força do amor entre Roméo e Juliette o convence a realizar a cerimônia. Enquanto Gertrude mantém vigilância, Roméo e Juliette dizem “sim”.

Cena II. Na rua em frente da casa Capulet, Stéphano, pajem de Roméo, canta serenatas a Grégorio, Tybalt, e outros Capulets; sua cantiga zombeteira fala sobre uma pomba que fugiu do ninho de abutres para viver com seu bem-amado. Grégorio se irrita com o deboche e pula frente à Stéphano com a espada desembainhada. Aparece então Mercutio e acusa Gregório de procurar briga com um garoto, exatamente o tipo de coisa que se espera de um Capulet insolente. Insultado, Tybalt desafia Mercutio para um duelo. Roméo logo aparece e tentar separar os dois homens. Tybalt também desafia Roméo, mas Roméo está desarmado e não deseja lutar. Seu amor por Juliette lhe deu uma nova perspectiva sobre a rivalidade das duas famílias e ele já não vê motivo para a prolongação de décadas de ódio. Desgostoso, Roméo fica de lado, enquanto Mercutio e Tybalt lutam.

A luta termina quando Mercutio é fatalmente ferido. Roméo, encolerizado, mata Tybalt vingando a morte de Mercutio, seu melhor amigo. Momentos depois, o Duque chega ao local e bane Roméo de Verona.

QUARTO ATO: Cena I. Roméo tem ordem para sair de Verona antes do nascente; secretamente, ele visita Juliette antes de deixar a cidade. Juliette o perdoa por matar seu primo – ela sabe que Tybalt mataria Roméo se tivesse a oportunidade. Depois de uma romântica noite juntos, Roméo levanta-se alvoroçado ao escutar o canto de uma cotovia. Relutante, os amantes se despedem.

Momentos depois que Roméo foge, Gertrude, Capulet e o Frère Laurent entram nos aposentos de Juliette. Capulet anuncia que Juliette irá casar-se com Páris naquele mesmo dia, fazendo cumprir o último desejo de Tybalt. Ele sai, deixando Juliette à sós com o frade. Juliette está desesperada. Ela confessa ao frade que prefere morrer a trair seu verdadeiro amor. As palavras de Juliette dão uma idéia ao Frei Lourenço – estando ela disposta a morrer, ele tem uma solução! Ele lhe oferece uma poção que fará com que ela pareça morta. Os Capulets transportarão seu corpo à tumba familiar, onde ela aguardará seu encontro com Roméo. Com sua família convencida de sua morte, Juliette poderá fugir com Roméo. Aterrorizada mas disposta a enfrentar qualquer coisa por seu amor, Juliette bebe todo o frasco com a poção misteriosa.

Cena II. Mais tarde naquele dia, Capulet escolta Juliette pelo palácio em sua marcha nupcial. No momento em que a jovem noiva se aproxima de Páris, ela desmaia. Capulet, em choque, clama a morte de Juliette.

QUINTO ATO: Juliette repousa, fria e sem cor, na tumba familiar. Apesar do plano está correndo bem até o momento, existe uma grande falha: Roméo não recebeu notícia da poção. Quando ele chega à tumba dos Capulets, ele pensa que Juliette está realmente morta! Aflito, ele bebe um frasco com veneno; a vida não vale à pena sem sua amada Juliette. No momento em que verte a última gota, Juliette acorda de seu sono profundo. Os dois amantes regozijam-se ao se reencontrarem. Roméo então começa a enfraquecer. Enquanto ele dá seu último alento, Juliette o assegura que o amor deles sobreviverá a morte. Então agarra a adaga de Roméo e se esfaqueia. Os amantes morrem juntos num abraço final.

Jacques


Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service

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