segunda-feira, março 28, 2005

Um pouco mais sobre fotos.

Indiscutivelmente, o maior avanço que tivemos neste já batido século 20 foi o tecnológico. Não há como negar, todas as áreas caminharam mas, a tecnologia que brotou e desenvolveu-se naqueles 100 anos foi descomunal.

E, para me restringir ao meu assunto, as fotografias evoluiram muitíssimo. De desajeitados caixotes a minúsculas câmeras, de filmes que eram sais depositados sobre placas de vidro, pouco sensíveis à luz a micro chips que se integraram à maquina fotográfica, quase que dispensando o bom e velho filme, tudo mudou.

Não é esse no entanto o objetivo deste artigo.

Meu objetivo é comentar o que a fotografia mudou nesse nosso mundinho velho de guerra. Quem não se lembra de várias fotos que marcaram nossa história?

Desde que a fotografia chegou ao mundo, pudemos adicionar informação visual aos fatos que anteriormente eram apenas narrados e quando muito, objeto de desenhos ou quadros.

Tudo isso fazia com que a informação circulasse de maneira imprecisa, tendenciosa quase sempre. As fotos vieram a dar uma nova dimensão à informação.

Aqui no Brasil são conhecidas as fotos que nosso último imperador, fã de primeira hora da fotografia, cuja coleção de fotos chegou a nossos dias e pelo que lí, é ou será objeto de exposição, aliás de maneira merecida, pois D. Pedro II era um bom fotógrafo, do ponto de vista técnico e artístico.

Mas, eu dizia, a fotografia mudou o nosso mundo. Infelizmente, ao lado da informação boa, da informação positiva, a fotografia serviu a todas as tendências políticas a todas tendências de pensamento, para disseminar imagens. Essas imagens destinavam-se a propagar causas. Causas que tanto serviam para tentar incensar o lado daqueles que a publicavam tanto para atacar o lado adversário.

Mais de uma vez montaram-se fotografias para tentar enganar populações. Fotografias célebres que marcaram época, foram mais tarde desmascaradas e a realidade dos fatos restabelecidas.

Também estas serão aqui desprezadas por não constituirem-se em reportagem histórica, uma vez que se destinavam a enganar.

De uma maneira geral, as fotos trazem em seu bojo, a informação sem retoque. Todos nós nos acostumamos a ver fotos do vovô e da vovó em nossas casas. Parentes distantes trocaram fotos ao longo desses últimos anos. Por elas podemos reconstituir histórias de nossos antepassados próximos.

Também conhecemos cidades e acidentes geográficos pelos tão celebrados cartões postais, fotografias em sua maioria e que disseminaram as belezas de outras plagas. Já há muitos anos podia-se saber como era esta ou aquela cidade, em vistas que ilustravam êsses cartões.

No que tange a boa parte desses cartões, as regras de composição a que fiz menção em meu último artigo, fizeram com que comprássemos a imagem e a mandássemos aos nossos amigos e parentes.

A guerra, ou melhor, as guerras, foram tantas... E alí estavam os nossos repórteres fotográficos para registrar e mostrar ao mundo a face cruel da guerra.

Quem nunca viu fotos das trincheiras da Primeira Guerra Mundial? E as da barbárie da Segunda? Aquele instantâneo daquela menina correndo nua no Vietnã? Isso é um assunto tão desagradável quanto necessário. Essas fotos constituem-se na documentação viva de um século cheio de crueldades perpetradas pelas mais diferentes facções em conflito.

Existem outros tipos de imagens que nos fizeram sonhar por um mundo melhor, o homem chegando à Lua, a conquista de um pico, o preciso segundo onde o homem bateu um recorde, o instante preciso onde o público aplaudiu o seu ídolo, a foto de nossos filhos, porque não?... Tantas e tantas coisas boas...

A fotografia mudou o século 20. Esperamos que continue mudando os próximos.

E o que falar da fotografia como arte? Certas fotos equivalem-se a telas onde pintores se notabilizaram. Henri Cartier Bresson, Annie Leibovitz, Robert Doisneau são, entre tantos outros, alguns dos artistas que elegeram a fotografia como forma de expressão.

Fotos são imagens que perpetuam aquele instante no qual foram tiradas e que transmitem ao próximo toda a carga de emoção, toda a frieza da informação, todo o calor da comunicação, enfim, tudo aquilo que podemos transmitir pelo sentido da visão.

Isso, somando-se ao texto, constitue-se a base da mudança maior que se deu a partir do último século. Quem sabe a humanidade aprende essa lição e abandona essa faceta cruel e constroi um mundo melhor para nossos descendentes.

Oxalá!

Jacques

:

Postar um comentário

<< Home