quinta-feira, junho 15, 2006

The Fairy Queen - Purcell


Nesse domingo, a Rádio Cultura FM estará irradiando a semi-ópera "A Rainha das Fadas", do compositor inglês Henry Purcell (1659-1695).

A ópera italiana não era então popular entre os inglêses, e a alternativa da moda era a chamada semi-ópera. Diferentemente da ópera, a música não se sobrepunha ao texto. Os autores não cantavam, declamavam. E, só depois de se calarem, é que a orquestra tocava à "maneira de interlúdio" ou como música ambiente.


O ANÚNCIO:


TEATRO DE ÓPERA
– O mundo da lírica em obras completas

PURCELL – A Rainha das Fadas
. – Solistas: Catherine Bott, Jeffrey Thomas, Michael Schopper. Coro e Orquestra Barroca de Amsterdã. Reg. Ton Koopman.

Apresentação: Maestro Walter Lourenção.

Masque em um prólogo e cinco atos de Henry Purcell; libreto adaptado de “A Midsummer Night's Dream”, de Shakespeare, provavelmente por Elkanah Settle.

Estréia: Dorset Gardens, Londres, abril de 1692. Perdida a partitura, publicou-se na London Gazette uma oferta de recompensa a quem a encontrasse, o anúncio provavelmente surtiu efeito, pois a obra voltou a ser apresentada, Drury Lane, 1703.

Novamente perdida, a partitura foi achada na biblioteca da Royal Academy of Music por John South Shedlock, que regeu uma apresentação em forma de concerto em Londres, St. George's Hall, 15 de junho de 1901. Outra récita em concerto: Londres, Morley College, 10 de junho de 1911, regência Gustav Hoist.

A primeira montagem cênica desde 1692 teve lugar em Cambridge, 10 de fevereiro de 1920, regência CB. Rootham. Estréia em Covent Garden: 12 de dezembro de 1946, com Audrey Bowman, Muriel Burnett, Constance Shacklock, Bruce Darnagel, Rhydderch Davies, Olive Dyer, Edgar Evans, David Franklin, Hubert Norville, Muriel Rae, Dennis Stephenson, adaptação e regência Constant Lambert, coreografia F. Ashton; retomada em 1951; Festival de Aldeburgh, 1967. Estréia alemã: Es­sen, 27 de junho de 1931, tradução de E. Schulz-Dornburg. San Francisco, 30 de abril de 1932; Bru­xelas, 28 de junho de 1935 (em francês); Festival de Berlim, 1966, pelo Theater am Gärtnerplatz de Munique, regência Kurt Eichorn.

PERSONAGENS:

O Duque; EGEUS, pai de Hermia;

LYSANDER, apaixonado por Hermia;

DEMETRIUS, apai­xonado por Hermia, noivo de Helena;

HERMIA, apaixonada por Lysander;

HELENA, apaixonada por Demetrius;

OBERON, rei das fadas;

TITANIA, rainha das fadas;

ROBIN GOOD-FELLOW;

Fadas.

Comediantes:

BOTTOM, o tecelão;

QUINCE, o carpinteiro;

SNUG, o marceneiro;

FLUTE, o consertador de foles;

SNOUT, o caldeireiro;

STARVELING, o alfaiate.

Cantores e dançarinos, ato I: criaturas feéricas, A NOITE. O MISTERIO. O SEGREDO. O SONO com seu séquito, cantores, dançarinos.

Cantores, ato III: ninfas, CORIDON e MOPSA, coro de faunos e de náiades, lenhadores e ceifeiros, dançarinos.

Cantores e dançarinos, ato IV: A PRIMAVERA, O VERÃO, O OUTONO, O INVERNO e seu séquito; PHOEBUS.

Cantores e dançarinos, ato V: ]UNO, chineses e chinesas, macacos.

O libreto acompanha de muito longe a peça de Shakespeare, com uma intriga fortemente diluída pelos episódios dançados. Resumimos aqui ape­nas a ação associada a música.

SINOPSE:

Ato I. Num palácio. Titania ordena as fadas que cantem e dancem para ela. As fadas trazem três poetas embriagados e os atormentam. Abertura: duo “Come, let us leave the town" (Vinde, deixemos a cidade); coro dos poetas, "Fill up the Bowl" (Enchei a taça).

Ato II. Um bosque, ao luar. Robin Good-Fellow dá a Oberon a flor mágica. Depois que se vão, Titania e as fadas vêm dançar e transformar o bosque em paisagem feérica. Elas invocam os es­píritos do céu, e aparecem a Noite, O Mistério, O Segredo e O Sono. Dança do séquito dos espíritos. Graças à flor mágica, Oberon adormece Ti­tania, Lysander e Hermia. Solo de Titania: "Co­me, all ye monsters" (Venham, espíritos); trio "Now join your warbling voices all" (Agora uni todos vossas vozes melodiosas); coro "Sing whi­le we trip in" (Cantai enquanto entramos na ponta dos pés); ária da Noite, "See, even night her self is here" (Vêde, até a noite está aqui). O Mistério: "I am come to lock all fast" (Vim para tudo fechar rapidamente); O Segredo: "One charming night" (Uma noite encantadora); O So­no: "Hush, no more, be silent all" (Calada, bas­ta, fazei silencio todos). Coro final.

Ato III. Mesmo local. Helena entra, Lysander des­perta e a segue. Os atores ensaiam sua peça, Ro­bin Good-Fellow os dispersa. Bottom retorna com a cabeça de asno e Titania, despertando, apaixona-se por ele - efeito mais uma vez da flor mágica. Eles saem. Oberon manda Robin Good-Fellow ir buscar Helena. Titania ordena as fadas que divirtam Bottom: faunos, dríades e náiades obedecem. Coridon e Mopsa brincam alegremente, perseguindo-se por um beijo recu­sado; uma ninfa canta. Dança dos ceifeiros. Co­ro final. Ária e coro: "If love's a sweet passion" (Se o amor é uma doce paixão); abertura; dan­ças das fadas; dança do homem verde; ária “Ye gentle spirits of the air" (Vós, gentis espíritos do ar); diálogo entre Coridon e Mopsa; canção da ninfa: 'When I have often heard" (Tenho ouvido muito); dança dos ceifeiros; ária e coro "A thousand, a thousand ways" (Mil, mil dife­rentes maneiras).

Ato IV. Mesmo local. Oberon reconcilia os na­morados, desperta Titania. Robin Good-Fellow livra Bottom de sua cabeça de asno. Titania pede musica para esperar o nascer do dia. O cenário muda, surgindo um jardim maravilhoso. En­tram as Quatro Estações e seu séquito. Phoebus aparece, saudado por todos. Balé das Quatro Estações. Ária e coro "Now the night is chac'd away" (Agora a noite se foi); duo "Let the fifes and the clarions" (Que os pífaros e clarins); árias "When a cruel long winter" (Quando um longo e cruel invemo), "Thus the ever grateful Spring" (Assim a Primavera, sempre benfaze­ja), "Here's the Summer. sprightly, gay" (Eis o Verão. alegre e saltitante), "See my many colour's fields" (Vêde meus muitos campos coloridos), "Next winter comes slowly" (Lentamente vem o próximo inverno).

Ato V. O Duque ordena aos caçadores que des­pertem os casais de namorados. Oberon, Titania e seu séquito aparecem e confirmam o que disse­ram. Chega Juno, que lhes dá seus conselhos. En­trada e balé dos chineses. o Himeneu os aben­çoa, Oberon e Titania concluem a cena com um epílogo falado. Epitalâmio 'Thrice happy lovers" (Amantes três vezes felizes); árias "Thus the gloomy world" (Assim o triste mundo), "Thus happy and free" (Assim felizes e livres), com repetição dos coros; "Yes, Xansi"; dança dos ma­cacos; ária "Hark, how all things" (Ouví, como todas as coisas); solos, trio e coro "Sure the dull god" (Certamente o tedioso deus); ária e coro "Hark, the ech'ing air" (Ouví o ar que ecoa); solo: “See, I obey" (Vêde, obedeço); duo 'Turn then thine eyes" (Vira então teus olhos); solo "My torch indeed" (Minha tocha, co'a breca); trio e coro: 'They shall be as happy" (Serão igualmen­te felizes); chacona.

Jacques

Texto baseado no Kobbé - O Livro Completo da Ópera

PS: O presente texto contou com a colaboração da minha sempre presente incentivadora Dal Ferr

:

Blogger Dalva M. Ferreira said.

Viva!

Grazzie, amico! Che gran honore!

Mas sabe o que eu estou pensando? Imagino aqueles tempos tão difíceis, quando tudo era tremendamente trabalhoso para se obter, diferentemente de nossos tempos modernos, onde tudo se consegue através da tecnologia. Pois aquela sociedade "primitiva" tinha a capacidade desses refinamentos da alma, naiades, fadas, entes... A procura da elevação data de priscas eras, não é mesmo Jacques? Somos um cisco no universo, mas com os olhos voltados para cima! Shakespeare sempre me deixa pasma...

16 junho, 2006 07:00  
Anonymous Anônimo said.

Ofereceram-me ontem esta obra, numa gravação do J.E.Gardiner. Não conhecia, e ao ouvir a faixa 22 (ActIII: If Love's a Sweet Passion) tive de vir procurar uma explicação racional para tanta beleza irracional. E pela segunda vez encontro o seu blog, Jaques. Da primeira foi sobre o pescador de pérolas. Gosto de o encontrar nestes desencontros electrónicos.

23 setembro, 2006 10:55  

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