quinta-feira, abril 20, 2006

Don Pasquale - Donizetti

Don Pasquale at Deutsche Oper Berlin: Ofelia Sala as Norina, Kenneth Tarver as Ernesto, and Bruno Pola as Don Pasquale

Photo: Bernd Uhlig


No próximo domingo, a Radio Cultura FM de São Paulo apresentará a ópera Don Pasquale de Gaetano Donizetti.

O anuncio é o seguinte:

METROPOLITAN OPERA - As transmissões da Temporada 2005-2006
DONIZETTI - Don Pasquale. Solistas: Anna Netrebko, Juan Diego Flórez, Mariusz Kwiecien, Simone Alaimo. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera.

Às vezes uma boa ópera bufa vem bem a calhar. É uma ópera que brinca com situações simples e que levam ao riso fácil. Donizetti fez várias óperas nesse tom, mais para divertir do que para ser levada como peça dramática. É fácil de escutar, melodias simples e situações cômicas, uma fórmula de sucesso em qualquer época.

Personagens:

Norina (soprano) — Uma viúva bela e jovem, apaixonada por Ernesto.

Ernesto (tenor) — Sobrinho de Dom Pasquale, apaixonado por sua noiva Norina.

Doutor Malatesta (barítono) — Amigo da Família Pasquale. Um cara engenhoso e astuto que não poupa recursos na hora de pregar uma peça.

Notaro (baixo-barítono) — Carlotto, primo do Doutor Malatesta. Disfarça-se de juiz de paz para celebrar o falso casamento de Dom Pasquale.

Dom Pasquale da Corneto (baixo) — Um velho solteirão, rico e teimoso.

Sinopse:

PRIMEIRO ATO: Cena I. Um quarto na casa de Dom Pasquale em Roma, metade do século XVIII. O pomposo velho Dom Pasquale está furioso com Ernesto, seu sobrinho e herdeiro. Dom Pasquale encontrou uma rica esposa para Ernesto, mas ele está apaixonado pela bela Norina e não quer saber de outra mulher. Dom Pasquale acha que Norina não é rica o suficiente para Ernesto. Ele ordenou que seu sobrinho a deixe ou esqueça sua herança.

A ópera se inicia com Dom Pasquale anunciando que está cansado da desobediência de seu sobrinho. Ele vai casar-se e constituir novos herdeiros — isso ensinará Ernesto! Por sorte, o Doutor Malatesta, amigo da família, conhece a noiva perfeita: sua própria irmã, Sofrônia. Ela é linda, jovem e modesta – na realidade, ela quase não sai de seu convento-escola. Pasquale já se sente mais jovem; ele não pode esperar para começar sua nova família.

Ernesto aparece e Dom Pasquale lhe oferece uma última chance para desistir de Norina e manter sua herança. Ernesto, claro, recusa. “Tá bom então; comece a procurar por um novo lugar para morar!”, cacareja Dom Pasquale. Ele o expulsa de casa e anuncia que vai se casar.

Chocado, Ernesto pensa que o velho está brincando; ele sugere que Dom Pasquale peça conselhos ao Doutor Malatesta. Pasquale presunçosamente o informa que está se casando com a própria irmã do doutor. Ernesto fica arrasado.

Cena II. Mais tarde, no mesmo dia, na casa de Norina. À sós em seu quarto, Norina lê um livro sobre o amor cavalheiresco. Ela sorri; também ela sabe como usar um sorriso fugaz e uma lágrima de crocodilo para capturar o coração de um homem. Ela recebe uma carta de Ernesto informando-a que Dom Pasquale está se casando. O recém-desamparado Ernesto agora não tem escolha senão ir buscar sua própria fortuna no exterior. Ele vai partir de Roma naquele mesmo dia.

Norina fica completamente preocupada – até que o Doutor Malatesta aparece com um plano que certamente trará Dom Pasquale de volta à realidade. Norina, que nunca conheceu o velho, se fará passar pela recatada irmã de Malatesta, Sofrônia, e casará com Dom Pasquale numa cerimônia encenada. Uma vez que eles estejam casados, “Sofrônia” levará o homem à beira da loucura; ele será forçado a dar o que ela quiser somente para se ver livre dela.

O próximo passo do Doutor Malatesta é ensinar Norina a agir como uma “coisinha simples e doce”. Norina porém prova que é ela quem deve dar as classes. Malatesta aplaude sua habilidade; ele sabe que não vai demorar muito antes que os fogos de artifício estourem.

SEGUNDO ATO: De volta à casa de Dom Pasquale, Ernesto está desiludido. Ele foi desonrado, seu amigo Malatesta provou ser um inimigo disfarçado – e ele poderá perder Norina para sempre. Ele sai em desespero.

Entra Dom
Pasquale, vestido em esplêndidas roupas nupciais. O Doutor Malatesta chega com “Sofrônia”. Já encenando, Norina interpreta com perfeição uma tímida moça de convento. Pasquale fica deleitado com a recatada e submissa jovem e fica nervoso como um garoto de primário ao lado dela. Ele concorda em dividir metade de seus bens e obedecê-la à todo instante.

Durante a cerimônia nupcial enganosa (conduzida pelo primo de Malatesta, que se faz passar por juiz de paz), Ernesto adentra para dizer adeus a seu tio. Ele fica estático ao ver Norina. Malatesta intempestivamente puxa Ernesto para o canto e o convence a não fazer uma cena. Ele deve apenas desfrutar da comédia que presenciará.

No momento em que o falso contrato de casamento é assinado, “Sofrônia” deixa sua doçura ingênua de lado. Ela se nega a abraçar Pasquale e até ameaça matá-lo se ele não se comportar. Ernesto começa a sorrir. Furioso, Pasquale ordena que ele vá embora de uma vez. “Sofrônia” friamente desdiz o velho, exigindo que Ernesto fique. Pasquale grita a Malatesta que ela mudou, mas Malatesta faz-se de completamente atônito.

“Sofrônia” dobra o salário dos serventes. Ela ordena uma completa redecoração da casa, compra para si todo um novo guarda-roupa e um novo estábulo cheio de cavalos. Ernesto finalmente entende que foi puro amor que fez com que Norina aceitasse a encenação. A fastidiosa “Sofrônia” e o teimoso Dom Pasquale brigam como gato e rato até que o Doutor recomenda que o furioso e velho marido vá dormir.

TERCEIRO ATO: A casa de Dom Pasquale foi transformada. Chapéus, peles e vestidos caros estão espalhados por todo canto. Multidões de serventes correm de um lado à outro, enquanto Dom Pasquale perde-se numa montanha de contas. “Sofrônia” passa por ele, marchando em seu caminho ao teatro. Quando Pasquale a proíbe de sair de casa, ela simplesmente dá-lhe uma bofetada e passeia por ele. Humilhado, o velho logo avisa que pedirá o divórcio, mas suas palavras entram por um ouvido e saem por outro.

Ao sair, Norina “acidentalmente” deixa cair uma carta, que Pasquale, claro, lê. É uma carta de amor convidando “Sofrônia” a encontrar-se naquela noite, no jardim, com um amante anônimo. Louco para flagrar sua mulher, Dom Pasquale manda buscar o Doutor Malatesta.

Mais tarde naquela noite, Malatesta dá instruções específicas à Ernesto para seu encontro com “Sofrônia”. Ele deve ficar completamente anônimo e desaparecer tão logo veja Dom Pasquale chegar. Ernesto sai correndo para colocar a próxima fase do plano de Malatesta em ação.

Dom Pasquale
caminha trôpego, uma sombra do que era antes. Seu casamento está estraçalhando seus nervos; tudo o que ele deseja era ter deixado Ernesto casar-se com Norina. Ele mostra a carta de “Sofrônia” ao Doutor Malatesta. O Doutor sugere que eles surpreendam “Sofrônia” com seu amante e a force a aceitar um divórcio.

Cena II. Naquela noite, Ernesto canta para Norina no lado de fora do portão do jardim de Dom Pasquale. Norina anda de ponta de pé para encontrar com ele e juntos cantam um lindo dueto de amor.

Ao escutar passos, Ernesto desaparece nas sombras. Dom Pasquale e o Doutor Malatesta saltam de dentro dos arbustos e apontam lanternas para “Sofrônia”, mas não conseguem ver seu amante. Enquanto o velho procura pelo jardim, Ernesto entra de soslaio dentro da casa.

Dom Pasquale duramente ordena que Sofrônia deixe sua casa, mas ela se nega a ir. Mesmo por que a casa também é dela! Pasquale está começando a pensar que nunca vai poder livrar-se dela. Então o Doutor Malatesta diz à “Sofrônia” que outra mulher logo fará parte da família – a Norina de Ernesto. “Nunca!”, diz “Sofrônia”; ela prefere partir a dividir sua casa com a vil Norina. Pasquale deleita-se. Finalmente encontrou uma maneira de livrar-se de sua monstruosa esposa!

O Doutor Malatesta pede que Ernesto saia de casa e diz que, afinal de contas, seu tio permitirá que ele se case com Norina. Dom Pasquale implora à Ernesto que encontre Norina o mais rápido possível — ele não pode agüentar “Sofrônia” nem mais um segundo.

Finalmente Malatesta revela que “Sofrônia” realmente é Norina; o casamento do Dom era um fingimento. A verdadeira “Sofrônia” nunca saiu do convento. O Doutor gentilmente explica que a única maneira de evitar que Dom Pasquale se casasse com alguém era enganando-o. Dom Pasquale considera a humilhação um pequeno preço por livrar-se da repulsiva “Sofrônia”. Ele abençoa os amantes e, enquanto as cortinas se fecham, todos cantam juntos a moral da estória: “Está frouxo do juízo o que se casa de velho”.


Jacques

Baseada num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Service


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Blogger Dalva M. Ferreira said.

Legal, Jacques!

Dá até para ver o povo dando risada com a trama simplezinha dessa ópera! É um programinha cômico, de entremeio às tragédias das novelas do horário nobre da ópera...

23 abril, 2006 08:10  

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