La Traviata - um clássico
Photo: ©2001 Ken Howard
Próximo domingo, às 15 horas, a Radio Cultura de São Paulo transmite La Traviata de Verdi.
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VERDI - La Traviata. Solistas: Angela Gheorghiu, Jonas Kaufmann, Anthony Michaels-Moore. Coro e Orquestra do Metropolitan Opera. Reg.: Marco Armiliato.
Informações
La Traviata foi concebida em 1852, o ano em que a peça de Dumas, A dama das Camélias foi encenada em Vaudeville em Paris. Em julho daquele ano, Verdi ainda não havia escolhido o tema e o libreto para a nova ópera que ele devia escrever para o Teatro La Fenice de Veneza. Em uma carta endereçada a Marzari, presidente do teatro, Verdi escreveu: "Se houvesse uma prima-dona de primeira classe em Veneza, eu logo teria pronto um tema incendiário, um tema que não seria um fracasso; mas as coisas como são, devemos procurar por algo mais adequado e adaptável à situação."
Este assunto incendiário -"simples e cheio de amor", como Verdi o descreveu em outra ocasião- era a história da heroína de Alexandre Dumas, Marguerite Gautier. Verdi compôs a ópera para o libreto de Francesco Maria Piave em Busseto e em Roma durante o outono e o inverno de 1852 e 1853. Enquanto estava trabalhando na partitura, recebeu más notícias de Paris sobre Fanny Salvini-Donatelli, a soprano escalada para a apresentação.
O compositor partiu para Veneza preparado para o pior. Os ensaios começaram na última semana de fevereiro daquele ano, imediatamente após sua chegada à cidade. Hospedado no Hotel Europa no Grande Canale, Verdi preocupava-se com os cantores: eles não haviam compreendido bem a música e a peça, haviam ignorado suas instruções e tinham demonstrado pouco interesse no trabalho. A primeira apresentação realizou-se em 6 de março de 1853. Nos dia 7 e 9 de março, Verdi escreveu o seguinte:
"Para seu pupilo e secretário Emanuele Muzio: "La Traviata, apresentada ontem à noite, foi um fiasco. É minha responsabilidade ou dos cantores? O tempo dirá." Para Ricordi, seu editor: "Sinto muito em lhe dar notícias tristes, mas não posso esconder a verdade. La Traviata foi um fiasco. Vamos olhar para as causas Esta é a história toda. Addio, addio." Para Lucardi, o escultor em Roma: "Foi um fiasco! Um grande fiasco! Não sei de quem foi a culpa: é melhor não falar sobre isso. Não direi nada sobre a música e permita-me não dizer nada sobre os cantores. Dê esta notícia a Jacovacci [empresário do Teatro Apollo em Roma] e diga que esta é minha resposta a sua última carta, onde ele me perguntava sobre o elenco." |
Durante mais de um século, os relatos de Verdi foram aceitos em seu valor nominal. Mas eis aqui os fatos:
Imediatamente após o prelúdio do primeiro ato, o público começou a gritar por Verdi, que teve que subir ao palco mesmo antes das cortinas se abrirem. Foi chamado novamente após os brindisi, depois do dueto de Alfredo e Violetta e "não sei quantas outras vezes mais, sozinho e com a prima-dona ao final do primeiro ato." Assim escreveu Tommaso Locatelli, um famoso crítico de Veneza, crítico do jornal La Gazzetta Uffiziale di Venezia. Sobre Salvini, com quem Verdi estivera apreensivo, "ela impressionou o público, que a inundou com aplausos."
A crítica continua: "A música era magnificamente tocada pela orquestra, tão magnífica que o delicioso prelúdio do terceiro ato conseguiu e mereceu uma série animada de aclamações aos gritos... O público estava encantado pelas mais bonitas e vivas melodias escutadas há um bom tempo... Alguém que não vê a beleza de 'Um di, quando le veneri', alguém que não se sinta tocado por aqueles 'Piangi', que não são tocados ou cantados mas que são sim falados pela orquestra, alguém que não sinta seu coração tremer com o suspiro musical de 'Pietà, gran Dio, di me', alguém que não se sinta tocado por aqueles momentos, não tem o direito de falar sobre música."
No lado da cobrança, o crítico diz que "três coisas são necessárias para a arte da música: voz, voz e voz. E verdadeiramente, Verdi criou algo bonito, mesmo se não tem um artista que compreenda e que possa desempenhar o que ele cria. Na noite passada Verdi teve o azar de não ter tido as três coisas acima mencionadas, e todas as peças que não foram cantadas por Mme. Salvini-Donatelli foram perdidas, por assim dizer." Certas peças para o tenor e o barítono ficaram abaixo da média: Di Provenza il mar foi cantada em sua forma inteira original e ficou assim longa demais. O tenor estava com uma voz inadequada para a difícil ária que deveria interpretar no início do segundo ato. Mas além destes momentos, que provocaram uma certa frieza no público, a apresentação foi razoavelmente bem. Nenhum assobio, nenhuma vaia, nenhum berro. Ao contrário, La Traviata foi repetida por 10 vezes durante sua primeira temporada no Teatro La Fenice, somente 4 apresentações a menos que Rigoletto havia tido em 1851.
A provável explicação para esta discrepância é que Verdi registrou sua própria reação àquela noite: ele a viu como um fiasco, mesmo se o público não a considerou assim. Se assumirmos que ele estava tentando criar algo novo com La Traviata, dando forma a uma história pessoal, comovente, transformando-a em uma peça musical coerente e estreita, então a apresentação deixou muito a desejar em relação ao que ele pretendia, tendo assim, com certeza, parecido um fracasso para ele. Também poderia ter sido um sucesso com o público. Entretanto, um compositor pode ter visto algo menos que uma apresentação completa e realizada, como um fiasco, e pode ter se perguntado se a ausência do efeito que ele havia planejado era sua culpa ou a dos cantores.
Uma questão menos duvidosa, entretanto, é a dos cenários e figurinos feitos para La Traviata. Durante gerações, os musicólogos e os críticos têm repetido uma afirmação, de que o fracasso foi devido aos figurinos modernos, que o público não conseguia tolerar. Nada poderia estar mais longe da verdade do que esta afirmação. La Traviata foi apresentada em Veneza, em sua estréia mundial, com cenários Luis XIV, como os jornais e os programas do dia mostram claramente. Além disso, a ópera foi apresentada no Teatro Gallo no ano seguinte com o mesmo cenário e os mesmos figurinos que haviam sido usados na estréia, um trabalho do cenógrafo veneziano Bertoja. Quando La Traviata chegou a Milão, em 10 de setembro de 1856, foi encenada no Teatro Canobbiana, novamente com sua decoração Luis XIV. Os homens do elenco usavam longas perucas cacheadas e sedas vermelho e azul, brocados dourados colarinhos em laço branco, meias de seda brancas, calções balão à altura do joelho e sapatos com fivelas e franjas. Violetta e Annina usaram vestidos um pouco mais modernos no século 18, apesar do vestido de baile do primeiro ato, usado por Violetta, sugerisse uma época anterior.
Como então, as pessoas chegaram a acreditar que a ópera havia sido encenada com figurinos contemporâneos? Esta é uma pergunta fácil de ser respondida: o historiador francês, Arthur Pougin, um dos primeiros biógrafos de Verdi, cometeu o erro original. "Com figurinos modernos," escreveu Pougin, "tão frios, tão tristes e tão monótonos." Outros escritores preguiçosos ou ocupados demais, ou mesmo confiantes demais na infalibilidade de Pougin, repetiram a mesma frase. Assim, a verdade se perdeu.
Ato I
Ato III
O quarto de Violetta. Um prelúdio pungente indica que Violetta está morrendo de tuberculose. Ela está acamada, sendo atendida pela fiel Annina e sendo cuidada pelo Dr. Grenvil. O médico tenta animá-la mas admite à criada ao sair, que Violetta tem apenas algumas horas de vida. Escutando de Annina que é Carnaval, a enferma envia-a para dar aos pobres a metade de todo o dinheiro que lhe resta. Ao se ver sozinha, lê a carta que recebeu de Germont explicando que Alfredo agora já sabe de seu sacrifício e que ele está vindo para pedir-lhe seu perdão. Com tristeza Violetta suspira por ser tarde demais, despede-se dos sonhos do passado e implora o perdão dos Céus.
Um clássico!
Jacques
:
Ave! agora sim, pode me incluir na categoria dos neófitos, com prazer redobrado! Falta só ler o libreto, e acompanhar on line. Melhor que isto, só ao vivo, concorda??
Grazzie, Jacques!
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