quinta-feira, novembro 24, 2005

Wagner, Leitmotifs e Gesamtkunstwerk


Para poder melhor entender Parsifal de Wagner, é oportuna a leitura dessas linhas. Wagner, um dos expoentes máximos da ópera alemã, não poderia deixar de levar em conta todos aqueles que o precederam.

A ópera alemã, Wagner em particular, lida com "Leitmotifs", mesmo anteriormente a ele, de maneira mais sutil, já havia um encaminhamento nessa direção, se a palavra ainda não existia, Mozart, na sua época, cerca de cem anos antes, na sua fase de óperas em alemão, já lidava com conceitos assemelhados, abaixo a explicação.

Um Leitmotif (também escrito como leitmotiv) é um termo criado pelo amigo de Wagner, H. von Wolzogen, para denotar o método fundamental de composição das últimas óperas de Wagner, ou seja, a representação dos personagens, situações e idéias recorrentes através de motivos musicais. O próprio Wagner usou o termo GRUNDTHEMA ou "tema básico". Estes leitmotifs não são melodias rigidamente fixas, mas são usados de maneira muito flexível, com modificações no ritmo, altura do som, tempo, etc., de acordo com os requisitos da situação em particular. Deve-se notar que os extensos "Quadros de Leitmotifs" encontrados nas edições populares das óperas de Wagner não foram feitos por ele, nem por nenhum daqueles cujos nomes são apresentados

Todas as últimas óperas de
Wagner (O Anel, Tristão e Isolda, Die Meistersinger e Parsifal) basearam-se em um conceito de Drama Musical como uma forma de arte universal, GESAMTKUNSTWERK, na qual todas as artes são transfiguradas, sacrificando sua identidade individual e algumas de suas características especiais para realizar a nova associação. A música não é mais dividida em árias tradicionais e recitativos; a música é, agora, um fluxo contínuo.

Segundo a teoria de Gesamtkunstwerk de Wagner, os mitos são um assunto ideal, não somente porque eles divertem, mas também porque são significativos ou simbólicos. O significado do mito é expresso em poesia, mas é inevitavelmente levado para a canção, pois somente a música é capaz de transmitir a intensidade de sentimento ao qual as idéias do poema dão origem.

A música de Wagner é flexível (ritmo não periódico) e livre (sem divisões formais introrecitativas e árias). A música orquestral é contínua durante o ato e é unificada pelo uso do LEITMOTIF. Estes pequenos temas musicais, cada um ligado a uma pessoa, coisa ou idéia em particular, recorrem, variam ou se desenvolvem musicalmente de acordo com a recorrência, variação ou desenvolvimento do objeto correspondente no drama.

Embora a explicação seja sucinta, ela cria um brilho para a escuta de Parsifal (bem como as demais óperas de Wagner). Aqui cabe apenas uma nota, podemos analiticamente encarar essa audição, levando-se em conta toda essa explicação, ou podemos nos levar para o lado do devaneio, o de escutar a música e a trama da ópera, deixando-nos flutuar ao sabor do gênio de Wagner e esquecer por algum tempo o borburinho e o redemoinho que nos assombra o dia a dia.

Jacques

Baseado num texto do Metropolitan Opera International Radio Broadcast Information Center

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Blogger Dalva M. Ferreira said.

Coincidência? Convergência? Eu tenho lido muito sobre ele, sobre os motiffs, sobre o mito, sobre Jung, sobre Tolkien... muito interessante saber essas coisas, jacques, mas parece interessante também simplesmente se soltar e receber o impacto dessa forma nova de música.

Obrigada.

24 novembro, 2005 18:58  

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