terça-feira, novembro 08, 2005

Carlos Gomes - Biografia

A última ópera de Carlos Gomes que foi irradiada pela Radio Cultura FM de São Paulo foi Il Guarany, há poucas semanas.

Entre dar aqui um link que remeteria à biografia que abaixo vai transcrita ou criar um novo artigo, opto por repetir aqui a biografia de nosso compositor maior, com a finalidade de manter juntas as peças de nossa análise semanal.

Antônio Carlos Gomes

1836 - Em 11 de julho nasce, em Campinas, Carlos Gomes, filho de Manoel José Gomes e Fabiana Maria Jaguary Cardoso. Apelidado de Tonico, inicia os estudos musicais aos dez anos, sob a supervisão de seu pai. Durante a adolescência apresentava-se com seus irmãos na banda do pai em bailes e concertos. Neste período, já compõe músicas religiosas e modinhas.

1854 - Compõe sua primeira missa - Missa de São Sebastião.

1857 - Compõe a modinha Suspiro d'Alma com versos de Almeida Garret. Fundação da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. No discurso de inauguração, José Amat enfatiza os objetivos da Academia: "A música não é absolutamente a mesma em todas as nações; sujeita às grandes regras da arte ,ela se modifica no estilo e no gosto em cada nação, segundo as inspirações da natureza do país, os costumes, a índole e as tendências do povo."

1859 - Compõe a fantasia Alta Noite para clarinete. Apresenta-se, pela primeira vez, tocando piano, num concerto em Campinas, acompanhado de Henrique Luiz Levy. Faz uma tournée com o irmão violinista Pedro Sant'Anna Gomes, através das principais províncias de São Paulo, hospedando-se em repúblicas estudantis. Compõe o Hino Acadêmico, a modinha Tão longe de mim distante e a Missa de Nossa Senhora da Conceição.

1860 - Muda-se para o Rio de Janeiro, contra a vontade de seu pai, e inicia seus estudos musicais no Conservatório de Música.

1861- Apresenta sua primeira ópera com o libreto de Fernando Reis A Noite do Castelo no Teatro Lírico Provisório. Escreve uma carta para seu pai a fim de convidá-lo para a estréia.

1862 - Compõe Joana de Flandres.

1863 - Com o apoio do Imperador Pedro II, viaja para a Itália, berço da ópera e do belcanto, terra de Rossini, Verdi , Donizetti, Ponchielli.

1864 - Chega à Milão. Devido à idade avançada, sua inscrição é recusada no Conservatório de Milão. Passa a ter aulas particulares de composição com o maestro Lauro Rossi.

1866 - É aprovado no exame final de composição no Conservatório de Milão e recebe o título de Maestro. Compõe música para a revista Se sa minga, com texto de Antônio Scalvini

1867 - Execução, no Teatro Fossati do Coro das Máscaras, da canção Fuzil em Agulha

1868 - Enquanto Inicia seus trabalhos para a ópera O Guarani, compõe várias peças de música de câmara, com textos de Scalvini. Escreve as músicas Nella Luna, La Moda.

1869 - É recebido nos salões da Condessa Maffei, o que lhe abrirá as portas para sua apresentação no Scalla.

1870 - Apresenta-se no Teatro Alla Scalla de Milão com O Guarani, baseada no romance de José de Alencar. No intervalo da récita, vende todos os direitos da ópera para o editor Francisco Lucca por 3.000 liras, que passa a lucrar com a ópera mais do que o próprio maestro.

O Rei Vítor Manuel II o nomeia Cavaleiro da Coroa da Itália.

Em razão das comemorações do aniversário de D. Pedro II, a ópera é encenada no Rio de Janeiro, em 2 de dezembro. A apresentação se encerra com os gritos do público: Viva o Imperador! Viva Carlos Gomes! Viva José de Alencar!

1871 - Escreve a opereta Telégrafo Elétrico e começa a trabalhar na ópera Os Mosqueteiros do Rei, que fica inacabada. Abertura da Exposição Industrial de Milão com O Guarani.Carlos Gomes é convidado para preparar a apresentação de O Guarani no Teatro Apollo em Roma. Em 16 de dezembro casa-se com a pianista Adelina Peri.

1872 - Contando com a ajuda de seu amigo André Rebouças, apresenta-se no circuito dos grandes teatros com O Guarani: La Pergola (Florença); Carlo Felice (Gênova) Covent Garden (Londres); Teatro Municipal de Ferrara; Teatro Municipal de Bolonha; Teatro Eretenio (Vicenza); Teatro Social de Treviso. Termina de compor Fosca, e encarrega Antônio Ghislanzoni de escrever-lhe o libreto Marinella, mas abandona o projeto. Verdi assiste à récita de O Guarani.

1873 - Nascimento do filho Carlos André e morte dos filhos Carlotta Maria e Manoel José. Estréia de Fosca no Scalla. A ópera foi duramente criticada na imprensa italiana, que a julgava impregnada do leitmotif wagneriano. Começa a compor Salvador Rosa, vendendo os direitos ao editor Giullio Ricordi.

1874 - Primeira apresentação de Salvador Rosa no Carlo Felice de Gênova. Começa a trabalhar em Maria Tudor, com libreto de Arrigo Boito e Emílio Praga. Estréia de Salvador Rosa . Nasce o filho Mário.

1876 - A pedido do Imperador Pedro II, compõe Saudação do Brasil, para ser apresentada nas comemorações do Primeiro Centenário da Independência dos Estados Unidos.

Inicia uma nova ópera com libreto de Ghislanzoni, A Máscara, mas logo abandona o projeto.

Apresenta Fosca no Teatro Colón de Buenos Aires, seguindo depois para apresentações no Rio de Janeiro.

É nomeado Acadêmico do Instituto Musical de Florença.

1878 - Inicia a construção da Villa Brasília, em Lecco. Escreve, para o Álbum musical do Trovador, a romança Corrida de Amor.

1879 - A ópera Maria Tudor , encenada pela primeira vez no Scalla, é um fracasso. Começa a escrever a música para a ópera cômica em três atos, Ninon de Lenclos, que logo abandona, devido a uma forte depressão que o acomete após a morte de seu filho Mário. Muda-se para Gênova. Conhece Hariclé Darclée, tornando-se amantes.

"Mário, subindo ao céu, aos cinco anos, me deixou na terra infeliz para toda a vida."

A ópera O Guarani começa a rodar o mundo: Livorno, Milão, Turim, Moscou e Pittsburgh. Em dezembro, começa uma nova ópera, Palma, mais um projeto inacabado.

1880 - Retorna ao Brasil na Excursão Lírica de Tomás Passini, visitando Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém. A companhia encena Salvador Rosa, O Guarani e Fosca. Compõe na Bahia o Hino do Centenário de Camões.

1882 - Publica Álbuns de Música de Câmara. Trabalha em dois libretos: Emma de Catania e Leona. Nenhum será terminado. Volta ao Brasil para participar da Estação Lírica do Pará. Nasce a filha Itala.

1883 - Organiza, em Milão, uma Companhia Lírica, e realiza nova temporada no Brasil.

1884 - O Imperador lhe pede uma marcha para comemorar a libertação dos escravos no Ceará: Ao Ceará Livre. De volta a Lecco, compõe a modinha Conselhos. Trabalha em dois libretos de Ghislanzoni, Os ciganos e Oldrada, também projetos inacabados.

1885 - Separa-se de Adelina Peri. Passa por graves dificuldades financeiras. A manutenção de Villa Brasília se torna onerosa.

1886 - Sofre de grave crise nervosa, somente aliviada com ópio. Promessas para encenar Fosca, mas nenhum teatro concretiza o convite.

1887 - Para pagar dívidas, vende a Villa Brasília com todos os móveis e objetos. Muda-se para um pequeno apartamento em Milão. Escreve Madrigal para a revista Cena Ilustrada. Morre Adelina e sua filha Itala vem morar com ele. Começa a trabalhar na ópera Morena, que também fica inacabada.

1888 - Termina de compor O Escravo com argumento de Visconde de Taunay e libreto de Paravicini.

1889 - De volta ao Brasil, apresenta O Escravo no Teatro Lírico, em homenagem à Princesa Isabel e à Lei Áurea. D Pedro II promete-lhe a direção do Conservatório do Rio de Janeiro; no entanto, a República é proclamada, não se realizando a promessa.

1890 - Volta à Milão e vai morar no apartamento de propriedade da Condessa Cavalini, sua amante. Inicia a composição da ópera Cântico dos cânticos, não concluída.

1891 - A ópera O Condor é encenada no Scalla. Faz parte, juntamente com Arrigo Boito, Bazzini e Catalani, da comissão julgadora para escolher o diretor de orquestra do Scalla. Morre D.Pedro II em Paris.

1892 - Compõe o oratório Colombo em homenagem ao IV Centenário do Descobrimento da América. Solicita ao governo ajuda financeira para representar o Brasil na Exposição Universal Colombiana de Chicago. Viaja para Chicago, mas apresenta somente trechos de suas óperas, uma vez que as subvenções do governo não cobrem o custo das apresentações. Retorna à Milão com o filho Carlos doente.

A apresentação de O Guarani em Chicago foi por água abaixo, pois o governo brasileiro não deu a subvenção esperada. No dia 7 houve apenas um concerto para convidados do mundo oficial daqui. Portanto, entrada grátis. Esperava fazer aqui um mundo de negócios, mas depois percebi a triste realidade! Neste país a arte é um mito. Os americanos não se interessam por nada que não seja uma novidade da vida prática, ou seja, o meio mais fácil de ganhar dólares! Carta de Gomes, escrita nos Estados Unidos, à Tornaghi.

1893 - Representa Condor no Teatro Carlo Felice em Gênova.

1894 - Concorre à cadeira de diretor do Liceu Musical Rossini, perdendo para Carlo Pedrotti. Trabalha em duas óperas, Kaila e Cântico dos cânticos. Assiste em Turim à estréia da ópera Manon Lescaut, de Puccini

1895 - Encena O Guarani em Lisboa e recebe, das mãos do Rei de Portugal, a Comenda de San Tiago. Recebe convites para dirigir a Escola de Música de Veneza e o Conservatório do Pará, porém, doente e disposto a livrar seu filho Carlos do serviço militar italiano, prefere partir para o Brasil.

1896 - Já muito doente, chega ao Pará em abril. Morre em 16 de setembro.

Fonte Biblioteca Nacional

Obs. Este artigo foi publicado anteriormente neste blog, em 16 de maio de 2005, quando dos preparativos para a audição de Salvatore Rosa, outra ópera do autor.

Jacques

:

Anonymous Anônimo said.

(Post dentro do post) a título de curiosidade, jacques, olha a letra do "Suspiro D'alma", a modinha feita em parceria com Almeida Garret:

Suspiro que nasce d'alma
Que à flor dos lábios morreu...
Coração que o não entende
Não o quero para meu.

Falou-te a voz da minha alma
A tua não a entendeu
Coração não tens no peito,
Ou é diferente do meu

Queres que em língua da terra
Se digam coisas do céu?
Coração que tal deseja,
Não o quero para meu.

Cá entre nós: não é ver um fado?

(lembrando a minha dúvida cruel, sobre se "O Guarany" era ou não era uma manifestação, ainda que embrionária, da nossa brasilidade)

09 novembro, 2005 09:17  
Anonymous Anônimo said.

jacques...não mudou muita coisa em relação ao apoio que o governo dá às artes em geral, mudou? Já dá para viver da arte sem ser queridinho do imperador?

09 novembro, 2005 09:22  

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