quarta-feira, novembro 09, 2005

Salvator Rosa - Sinopse


A. C. GOMES: SALVATOR ROSA
(Martina Franca, 22 Luglio 2004)

Drama lírico em quatro atos de Carlos Gomes; libreto de Antonio Ghislanzoni, extraído do romance Massanielo, de Mirecourt. Estréia: Teatro Carlo Felice, Genova, 21 de março de 1874, com Pantaleoni, Blenio, Anastasi, Giraldoni, Junca; Teatro alia Scala, Milão, setembro de 1874, em ambos os casos com imenso êxito. Malta, Atenas, Roma, Buenos Aires, entre outras cidades. Estréia brasileira Rio de Janeiro, Teatro São Pedro de Alcântara, 1877; são Paulo, Teatro São Jose, 1893. Das operas.de Gomes, e a menos encenada no Rio de Janeiro (só três vezes). Em São Paulo, subiu à cena em seis temporadas, sendo a ultima em 1977, sob regência de Simon Blech;

PERSONAGENS:

SALVATOR ROSA (tenor);

GENNARIELLO (soprano);

MASSANIELLO (baritono);

CONDE DE BADAJOZ (tenor);

DUQUE D'ARCOS. vice.rei de Nápoles (baixo);

FERNANDEZ. comandante das tropas es­panholas (tenor);

ISABELLA.filha do duque D’Arcos (soprano);

CORCELU. bandido (baixo);

BIANCA, dama espanhola (soprano);

SOROR INEZ (soprano).

Um ano apenas após o fracasso de Fosca, esta obra composta "em seis meses como meio desabafo" tomou-se a ópera de maior sucesso de Gomes (abriu a temporada 1876-77 dos seis prin­cipais teatros italianos). Nela, ele reduziu suas pretensões, produzindo uma grand-opéra no ve­lho estilo, tendo Nápoles por cenário e até me­smo Massaniello como personagem, elementos que convidavam a uma superficialidade musi­cal e ao melodismo tão característico dos napo­litanos.

Ato I

Cena 1

No atelier do pintor Salvator Rosa em Nápoles, em 1647. Salvator, sentado e ocu­pado em pintar um retrato, pergunta a Genna­riello o que acha da pintura, ouvindo como res­posta que o céu esta muito carregado, o mar té­trico e as damas com mau semblante. Concorda o pintor, para quem só uma mulher interessa, o que, diz Gennariello, também acontece com ele, tanto que escreveu uma serenata à sua bela. Acompanhando-se ao bandolim, canta "Mia piccierella". Aos aplausos de Salvator unem-se os de um homem que acaba de entrar, Massaniello, o qual vem participar que tudo está pronto para o levante popular contra a tirania do duque D'Arcos, o vice-rei espanhol. Despachado Gen­nariell,o segue-se um dueto patriótico em que é descrito o plano do levante que se iniciará ao meio-dia, e no qual se tentará evitar qualquer derramamento de sangue, para chegar a um acor­do com o duque.

Sozinho, Salvator canta a beleza da dama do quadro, que ele só viu uma vez e não sabe quem é. Entra o Conde de Badajoz, que vem convidar Salvator a comparecer a presença do vice-rei. O pintor recusa, mas a escolta trazida pelo conde o faz mudar de idéia e ele segue prisioneiro, não sem antes pedir a Gennariello que avise a Mas­saniello. Quando chegam os seus discípulos, des­cobrem atônitos que o mestre foi preso e saem à sua busca, brandindo os punhais.

Cena 2

No salão do palácio de Vicaria. O du­que ordena a Fernandez os preparativos milita­res para sufocar a revolta do povo. Chega Salva­tor entre os guardas. Interrogado pelo duque, que o acusa de conspirar contra o poder, nega e fala das queixas do povo. Diz-lhe que o povo ergue o brado dos oprimidos e que o duque de­ve atendê-lo o quanto antes, restabelecendo os estatutos de Carlos V e cessando os extorsivos tributos. O duque, por orgulho, não quer ceder. Entra Isabella, sua filha, que vem também pe­dir clemência para o povo. Salvator reconhece nela o modelo que pintava sem saber quem era.

Vozes de fora dão gritos de morte aos espa­nhóis. Salvator aconselha o duque a pôr-se a salvo por uma escada secreta, levando sua filha. Os dois fogem, com o duque jurando vingança... Massa­niello e populares irrompem na sala. Salvator co­munica aos revolucionários que o duque D'Ar­cos fugiu e o palácio está deserto. O povo, jubi­loso, bendiz Massaniello.

Ato II

Cena 1

Numa sala em Castelnuovo, per­to de Nápoles. Isabella, junto a sacada, vê o mo­vimento da rua. Reconhece Salvator na multidão. O duque ordena a filha que se adorne com as mais ricas vestes, pois dentro de poucas horas estarão novamente em Nápoles.. Isabella pergun­ta se as propostas de Massaniello foram aceitas. O duque responde que a ele competem os pro­blemas do estado, e a ela tomar-se bela para agrado de seu futuro esposo. Atônita, Isabella deixa o pai sozinho para o seu grande solilóquio, "Di sposo, di padre", a página mais famosa da opera. No final, assina um papel e toca a cam­painha. Badajoz introduz Salvator, mensageiro de Massaniello. O duque entrega-lhe o ato de trégua assinado. Mandando reunir a corte, pede a Salvator que o espere, pois pretende ser apresentado ao povo pelo seu braço.

Ao entrar Isabella, os dois se reconhecem e ficam perturbados. Salvator confessa que viu a jovem quando pintava em Chiaia, quando ela pôs-se a observar sua pintura, fugindo depois. Sua imagem ficou no coração do pintor, que agora descobre ser ela a filha do duque D'Arcos! Isabella não resiste: lança-se nos braços do pintor e, pegando um crucifixo, jura que será dele ou morrerá. O duque, ao entrar, escuta o juramen­to da filha. Dissimulando a cólera, convida Sal­vator a oferecer o braço a duquesa D'Arcos e a se dirigirem ao povo. Acompanhando os dois jovens com o olhar sinistro, diz: "Para ela o claustro. Para quem tanto ousou... a morte!”

Cena 2

Numa praia de Nápoles, onde o povo está em festa patriótica. Massaniello discursa as massas em tribuna improvisada. A bandeira branca tremula no castelo do duque D'Arcos: a trégua foi firmada, cessarão os odiosos impostos. Solda­dos espanhóis desfilam na praça e entram Salvator, o duque, Isabella e os fidalgos. O duque es­tende a mão a Massaniello, abraça-o e o convida a corte. Os populares se entregam a expansões de alegria sob o olhar de desprezo do duque.

Ato III

Cena 1

No terraço do palácio de Vicaria, gran­de festa celebra a aliança do povo com a realeza. Fernandez e Badajoz, num recanto, aguardam os efeitos de um filtro que o conde deu a Massa­niello. Salvator procura Isabella, mas Badajoz in­forma ao futuro esposo de Isabella que ela já es­ta encerrada num claustro.

Damas e fidalgos começam a abandonar o recinto, escandalizados com o comportamento de Massaniello, que se proclama rei de Nápoles, apa­recendo em desalinho, ofegante. Salvator acorre ao amigo mas logo percebe ter sido ele envenenado. O pintor vê, assim, na traição do duque o desmoronamento dos seus sonhos. O duque entra e manda que os soldados o prendam. Sal­vator enérgicamente se opõe, declarando que o defensor do povo foi covardemente envenenado. Fernandez desembainha a espada para desafron­tar o insulto, mas o duque, contendo a fúria do noivo de Isabella, ordena ao conde que desar­me o pintor, o qual, antes que sua espada seja profanada, quebra-a no joelho. Indignados, os cortesãos pedem ao vice.rei castigo para o atre­vido plebeu.

Cena 2

O pátio de um mosteiro. Isabella entra desesperada. Soror Inez diz que todas vão rezar por uma moribunda que se refugiou no convento para esquecer as mágoas do amor. Isabel­la se pergunta se este será o seu destino, e, fi­cando só, pede aos ventos que levem ao seu amado suas ânsias e gemidos. "Volate, o libere aure dei cieli:'

Entra o duque D'Arcos, que vem liberar a fi­lha, desde que se tome esposa de Fernandez. Isa­bella recusa a liberdade: prefere a morte, pois jurou fé eterna a outro homem. "Esse homem", diz-lhe o duque, "morrerá se tu não o salvares". Em vão, por lagrimas e suplicas ela tenta de­mover o pai. o vice-rei, imperturbável, diz que entregará a cabeça do criminoso ao carrasco. Isa­bella finalmente cede.

Ato IV

A cena esta dividida ao meio: a esquerda, os jardins do palácio iluminados para festa; a direita, a igreja do Carmo. Gennariello canta sua serenata. o conde, saindo do palácio, confabula com os assassinos incumbidos de liqui­dar Massaniello, que entram oa igreja. Do castelo o coro entoa loas aos esposos. o conde põe em liberdade Salvator, indicando-lhe a igreja por onde deve fugir. Isabella aparece em ves­tes de noiva, oculta por um véu, chega-se a Salvator e pede-lhe que fuja se não quiser cair nas mãos dos verdugos. O pintor percebe por suas vestes que a duquesa é agora a esposa de Fernandez. Ela implora perdão: fora vitima do pai e somente com seu sacrifício pode resgatar a vida de Salvator. Este propõe uma fuga: Isa­bella mantém-se fiel aos seus juramentos. Gen­nariello sai apressado da igreja para avisar do perigo que corre a vida de Massaniello. Os dois correm para la.

O duque D'Arcos sai do palácio e Isabella pergunta-lhe quem mandou assassinar Mas­saniello. "Teu pai!", brada Salvator, que com um punhal arremessa-se contra o vice-rei. De­tido por Gennariello, atira o punhal ao chão e amaldiçoa o duque, para uma vida de re­morsos e terror. O duque ordena ao conde que Salvator seja morto. Isabella, desvairada, apanha o punhal no solo e se mata. Em sua agonia, roga ao pintor que viva para a arte e a gloria.

___

Se o libreto de Ghislanzoni é malfeito e o in­terêsse dramático está dividido num excessi­vo número de papeis principais, a música e fortemente colorida e o peso da tragédia ée ali­viado por um personagem em travesti, o jo­vem Gennariello, cuja canzonettta "Mia piccirella" se transformou numa das melodias mais populares da época. .

Texto baseado no Kobbe -Livro Completo das Óperas

Jacques

:

Blogger Dalva M. Ferreira said.

Tragédias, tragédias... que a alegria raramente dá ibop!

Vamos a mais esta peça, então! Grazzie.

10 novembro, 2005 21:23  

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