segunda-feira, outubro 24, 2005

É pelo dedo que se conhece o gigante


Assim reza o ditado popular...

Mozart é um dos compositores mais populares que conhecemos.

Boa parte de vocês deve ter visto o filme "Amadeus" de Peter Schaffer, dirigido por Milos Forman. É um filme polêmico no sentido de diversas "verdades" assumidas por seu autor e seu diretor, notadamente sua rivalidade com Antonio Salieri, outro compositor da corte austríaca, competente em sua obra, embora seja menos importante do que a legada por Mozart. Salieri apesar de ser um contemporâneo de Mozart e uma espécie de rival deste, em absoluto era como foi retratado por Schaffer.

A própria figura de Mozart, também retratado de forma caricatural, de um lado contribuiu para popularizar a figura de Mozart, de outro, faz com que uma personagem complexa e genial seja ofuscada pela superficialidade da sua interpretação.

A verdade é que Mozart foi um dos maiores gênios musicais que já conhecemos. Para entender sua obra é necessário conhecer mais sobre ele.

Sem a pretensão de escrever (ou reescrever) um tratado sobre Mozart e sua obra,
transcrevo aqui um perfil singelo de sua vida.

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Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791)


Wolfgang Amadeus Mozart é uma das figuras mais impressionantes da história da música ocidental. Nasceu em Salzburgo, Áustria, onde seu pai, Leopold, era um violinista e compositor a serviço do príncipe-arcebispo de Salzburgo. Leopold aspirava ser o músico chefe na corte do príncipe, mas o reconhecimento do potencial de seu filho Wolfgang logo fez com que abrisse mão de suas próprias ambições.

Após aprender peças simples para cravo (um predecessor do piano) com apenas quatro anos, Mozart fez progressos rápidos e começou a compor suas próprias peças aos cinco anos. Percebendo o talento de seu filho, Leopold, pai de Mozart estava determinado a tornar seu filho famoso, apesar de ter motivos que podem ser considerados sórdidos: uma criança prodígio como Mozart representava uma grande vantagem financeira para uma família relativamente pobre. Leopold no entanto, também acreditava que o talento de seu filho era uma benção de Deus e que sua tarefa era torná-lo conhecido para o mundo.


Em 1762, antes que Mozart completasse seis anos, seu pai levou-o, juntamente com sua irmã Maria Anna para tocar na corte da realeza da Bavária. Após uma visita semelhante em Viena, Mozart e sua irmã haviam causado uma tal sensação que empreenderam uma turnê de muito sucesso de três anos e meio na Europa.


Com doze anos, Mozart escreveu sua primeira ópera, "La Finta Semplice", e em seguida, retomou suas viagens. Finalmente voltando para casa em Salzburgo em 1771, passou seus anos de adolescente compondo missas, concertos, divertimentos e serenatas para o arcebispo Colloredo.


Em 1781, com vinte e cinco anos, Mozart escreveu sua primeira grande ópera, "Idomeneo", sendo chamado a Viena pelo filho do arcebispo, após sua primeira apresentação. Mozart foi mal tratado quando a serviço do arcebispo e a sua frustração levou-o a demitir-se bastante chateado. Em sua última entrevista, Mozart foi literalmente chutado para fora da residência do arcebispo de Viena.


Mozart permaneceu em Viena, determinado a forjar seu caminho como compositor. Casou-se com Constanze Weber e ambos sobreviveram por um certo período apenas com o dinheiro que Mozart conseguia dando aulas a alguns alunos. No início da década de oitenta, Mozart encontrou o libretista Lorenzo da Ponte que lhe deu o libreto para "Le Nozze di Figaro". Figaro estreou em 1 de maio de 1786, tendo obtido uma entusiástica recepção. Mozart e da Ponte começaram logo a trabalhar em "Don Giovanni".

"Don Giovanni" estreou com sucesso em Praga, em outubro de 1787, mas não foi tão bem recebida quando uma versão ligeiramente diferente foi apresentada em Viena no ano seguinte. A situação financeira de Mozart piorava. Ele tinha se tornado o Compositor da corte para o Imperador, mas não era muito bem pago pelo seu trabalho. Em 1789, recebeu uma oferta de um salário mais generoso do Imperador da Prússia, mas Mozart, recusou-se a mudar de Viena. Seus problemas monetários se agravaram. Constanze caiu doente, aumentando ainda mais os seus problemas e uma terceira ópera sua, escrita em colaboração com Da Ponte, "Così fan tutte", não foi o suficiente para diminuir seus problemas. Em 1791, seu último ano de vida, Mozart escreveu apenas duas óperas: "Die Zauberflöte" e "La Clemenza di Tito". Enquanto "Die Zauberflöte" é considerada como um de seus maiores trabalhos, "La Clemenza di Tito" em comparação parece um pouco sem brilho.

Durante o ano de 1791 ficou mais doente e deprimido, nunca recebendo o reconhecimento do público que merecia. Ao morrer em 5 de dezembro de 1791, somente alguns amigos compareceram a seu funeral, e nem mesmo sua esposa, pois estava muito doente e abatida. Mozart morreu na mais completa miséria e, segundo o costume de Viena daquele tempo, foi enterrado em uma vala comum.

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Esta semana, ouviremos, pela Radio Cultura FM de São Paulo, às 15 horas, talvez a ópera mais querida de Mozart, Don Giovanni.

O anúncio:

TEATRO DE ÓPERA - O mundo da lírica em obras completas
MOZART - Don Giovanni. Solistas: Dietrich Fisher-Dieskau, Walter Kreppel, Sena Jurinac, Ernst Haefliger. Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlim. Reg.: Ferenc Fricsay.

O presente artigo, é uma republicação de 11 de Maio de 2005. Naquela ocasião, ouvimos La Clemenza de Tito. Não é fácil traçarmos um paralelo entre as duas. Don Giovanni é talvez, das óperas de Mozart, a mais conhecida. Talvez seja esta a mais popular ópera de Mozart, unindo a farsa da história a uma sequência de ótimas árias, sendo a um tempo leve e musicalmente perfeita.

Muito teremos a contar sobre essa ópera ao longo dessa semana, uma das mais executadas desde que foi composta, apesar de terem sido necessárias alguns pequenos ajustes na versão original, assunto ao qual retornaremos.

Mozart é Mozart!

Jacques

Baseado num texto do Metropolitan International Radio Broadcast Information Center

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Blogger Dalva M. Ferreira said.

Muito bom! Nota cem com louvor.

26 outubro, 2005 09:01  

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