segunda-feira, outubro 03, 2005

Turandot - Puccini


Neste próximo domingo, às 15 horas, pela Radio Cultura FM de São Paulo, teremos uma das óperas mais populares e mais conhecidas de Puccini.

Puccini foi quem "preparou" uma virada no gênero operístico que levou, um ramo dessa evolução, ao teatro musical moderno.

O anúncio:

TEATRO DE ÓPERA - O mundo da lírica em obras completas
PUCCINI - Turandot. Solistas: Birgit Nilsson, Franco Corelli, Renata Scotto, Bonaldo Giaiotti. Coro e Orquestra da Ópera de Roma. Reg.: Francesco Molinari-Pradelli.

Muito há o que se falar sobre Puccini e a última das suas óperas. Na realidade Puccini apenas esboçou o final da ópera. Consumido por um câncer que veio matá-lo, muito perto da cena final, Alfano, em 1926, terminou a obra, baseado em esboços do autor.

A curiosidade é que, em 2001, novos esboços, que haviam sido negligenciados anteriormente, e muito estudo, levaram Berio, a reformular a melodia nesse final.

Transcrevendo um artigo que escrevi em 07 de Abril p.p.:

"Puccini trabalhou muito na sua última obra, deixou vários estudos mas tinha dúvidas de como finalizar a trama. Deixou-a inconclusa. O trabalho foi entregue a Alfano, que vinha de um sucesso recente, pelas mãos de Arturo Toscannini que era o maestro que regeria a estréia.

Na primeira noite,Toscannini, especula-se, não tendo gostado do fecho encomendado a Alfano, parou a ópera onde Puccini havia escrito sua última nota, a cena onde Liù se sacrifica por seu amo e amado Calaf. Virou-se para a platéia e teria dito algo como: -"Aqui Puccini parou de escrever sua ópera!".

Ainda no terreno da especulação, Alfano teria aceitado algumas das sugestões de Toscannini e este, na noite seguinte, regeu até o final que conhecemos.

No entanto, esse final de Alfano, tendo em vista o exíguo tempo que tivera para compor, e ainda à vista dos diversos esboços deixados e não aproveitados, fizeram com que a Editora Ricordi, editora da obra, tenha encomendado a Berio, outro compositor, um segundo final para a obra.

Ao que li, Berio entregou o novo final em 2001. Em 2002 foi levada à cena esta versão modificada de Berio, que aliás é belíssima."
Mas, não querendo colocar a carroça na frente, vamos por partes. Hoje vamos falar do autor, Giacomo Puccini, talvez o mais popular autor de óperas, tais como Madame Butterfly, La Bohème, Tosca, La Fanciulla del West e Turandot.

Puccini escrevia magistralmente mas, sempre, o ponto alto de suas óperas, esmeráva-se na ária da soprano. As heroínas de Puccini eram, quase sempre, mulheres fracas e que sucumbiam no decorrer da trama. Havia, no entanto, a grande homenagem em que Puccini brindava às suas musas, a famosa e célebre ária do soprano, presentes em todas as óperas mas, que empalidecem à frente da beleza e delicadeza com que Puccini as homenageava. Até hoje, não há soprano que não se supere nesse trecho e nem platéia que não se emocione com a ária. Puccini tinha a capacidade de superar-se nesse momento. Muitos dizem: - "Parem a ópera, a soprano vai cantar!" E era assim que as coisas se passavam, a ópera parava para Puccini quando chegava a ária do soprano. Se a música era excelente olhada como um todo, a ária da soprano era o ponto máximo de suas criações.

Ao longo dessa semana dissecaremos o homem, Puccini, e sua obra máxima, Turandot.



Giacomo Puccini (1858 - 1924)

Por Puccini ter sido um genuíno talento do teatro, os críticos e acadêmicos sempre tentaram negar seu lugar entre os compositores sérios. O público, no entanto, tem outra opinião e considera Puccini como um de seus compositores favoritos.

Nascido em Lucca, Itália, Puccini descendia de várias gerações de músicos profissionais. No início ele não se interessou em dar prosseguimento à tradição da família, mas sua mãe o obrigou a estudar música. Na adolescência Puccini já era um organista suficientemente bom para manter dois empregos como organista de igreja. Atraído por novas invenções e por maquinários, tinha a curiosidade de conhecer o órgão e seu mecanismo de música e divertia-se e improvisava durante as cerimonias religiosas. Vários fatores o levaram à carreira de compositor: a recepção favorável a algumas peças religiosas e uma cantata escritas por ele; a descoberta de Aida, a última ópera de Verdi e as bolsas de estudo de seu tio-avô e da Rainha Margherita de Saboia que lhe permitiram estudar no Conservatório de Milão de 1880 a 1883.

A vida da cidade grande nunca agradou muito a Puccini, mas influenciou seu trabalho. Sua existência boêmia como um estudante pobre foi expressa mais tarde na ópera La Bohème. Apesar de sua livre associação ao movimento verismo, um esforço para um teatro de ópera mais natural e acreditável, Puccini não hesitou em escrever peças de época ou em explorar locais exóticos. Na ópera Tosca escreveu um extenso melodrama ambientado em Roma durante o período napoleônico. Para Madame Butterfly Puccini escolheu uma história americana passada no Japão.

Gozando de uma aceitação gradual e consistente àquela altura de sua carreira, Puccini estava completamente despreparado para o fracasso total de Madame Butterfly, quando de sua primeira apresentação em 1904. No entanto, acreditava em seu trabalho e revisou a ópera até que fosse aceita. As complicações de Madame Butterfly fizeram com que retardasse o início de seu próximo trabalho e minaram sua autoconfiança, mas durante uma visita a New York, Puccini concordou em escrever La Fanciulla del West, baseada na popular peça de David Belasco The Girl of the Golden West. Apesar de relutar em assumir modernismos - a obra Elektra de Strauss o havia deixado confuso e desgostoso - Puccini, com cuidado, adotou mudanças de tempo em La Fanciulla, absorvendo a influência de Pelléas de Debussy, que ele admirava.

A I Guerra Mundial provocou a principal interrupção na vida criativa de Puccini. As hostilidades complicaram suas negociações para escrever uma opereta para Viena, à época território inimigo. A opereta transformou-se então em uma ópera leve, La Rondine, produzida em Monte Carlo e acolhida com frieza no Metropolitan como a tarde decadente de um gênio. Puccini nunca mais recobrou sua superioridade jovial e sua espontaneidade romântica, mas continuou trabalhando seriamente, ampliando seus horizontes.

Um fumante inveterado, Puccini teve um câncer de garganta e foi levado para Bruxelas em 1924, para tratamento com um especialista. Apesar do sucesso da cirurgia, o coração de Puccini não resistiu e ele morreu logo em seguida. À época de sua morte, ele estava trabalhando em sua ópera mais ambiciosa, Turandot, baseada na adaptação romântica de Schiller de uma fantasia de Carlo Gozzi, o escritor satírico de Veneza do século XVIII. Em Turandot, pela primeira vez, Puccini escreveu muito para o coro, criando uma variedade orquestral, ampliada e enriquecida, que mostrava uma consciência de Petroucka de Stravinsky e de outros números contemporâneos.


Jacques
Baseado em pesquisas no site do "The Metropolitan Opera International Broadcast Information Service"

:

Anonymous Anônimo said.

Oi Jacques,
Muito bacana o seu site. Contudo, você está usando um texto de autoria minha sem citar a fonte(biografia do Puccini, escrita para o site do MET Opera). Agradeceria se pudesse citar o autor. Abraço forte e excelente o trabalho,
Antonio Massa
amassa@verizon.net

01 setembro, 2008 14:36  
Blogger Asparagus the Firefrorefiddle, the Fiend of the Fell said.

Fica registrado que o autor do texto acima é Antonio Massa, embora a origem do texto tenha sido citada tempestivamente, como sempre faço, em corpo de letra menor abaixo da assinatura.
Apesar do pedido ter sido atendido, não tenho meios para verificar a assertiva.

Jacques

01 setembro, 2008 15:09  

Postar um comentário

<< Home