terça-feira, setembro 13, 2005

CDs ou DVDs? capítulo II

Para os que leram o meu post datado de 18 de Maio deste ano intitulado CDs ou DVDs? não é grande novidade o que vai no artigo abaixo. Reproduzido da revista Veja de 14 de Setembro deste ano, data da capa, o artigo em questão mostra a disparidade entre os custos de uma gravação em estúdio comparada com as gravaçôes ao vivo.

Ressalvado o exagero do título, a tendência é, realmente, a gravação em DVDs, de custo total mais barato e com o apelo da imagem, dominarem o cenário da música operística, este sim irrefutável.

Minha opinião é que as gravações em estúdio estão mesmo fadadas a desaparecer. entretanto sempre haverá o argumento da "perfeição sonora dos estúdios" que para nós, 99,9% dos ouvintes, é irrelevante. Quem quiser ouvir ouvir as gravações em estúdio terá de desembolsar boa soma de dinheiro. Vale a pena citar que, desde que não haja grande avanço na parte sonora das gravações, o DVD é tudo aquilo que podemos desejar de uma gravação, excelente do ponto de vista sonoro e ainda com o bônus da imagem.

De tudo o que está escrito, vale a pena esperar pelas novidades da tecnologia, que poderão, novamente, desestabilizar a equação para o lado da imagem+som (DVD na nossa nomenclatura atual) ou para uma super gravação de som, que ainda não podemos nominar.

Pelo que podemos distinguir, pelos padrões atuais, o som de uma sala de concertos ainda não pode se comparar à mais perfeita das gravações.

É esperar para ver.

Jacques




O último ato

A gravação em disco da ópera Tristão e Isolda,
com Placido Domingo, custou caro. E deverá
ser a derradeira do gênero


Sérgio Martins

Acaba de ser lançado na Europa um disco que provavelmente entrará para a história como a última gravação de uma ópera em estúdio. Tristão e Isolda, obra-prima do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883), ganhou uma produção luxuosa, que consumiu um investimento de 920.000 dólares da gravadora EMI. Mas só mesmo a deferência em relação ao cantor lírico espanhol Placido Domingo, um dos tenores mais famosos do mundo e o nome por trás do projeto, explica a decisão da companhia de embarcar nessa aventura. Grandes gravações de óperas em disco são, hoje, um atalho certo para o prejuízo. As sessões de Tristão e Isolda ocorreram no lendário estúdio Abbey Road, em Londres, e consumiram dois meses de trabalho. Além de Domingo, o disco contou com o regente inglês Antonio Pappano, um talento em ascensão, e com a orquestra e o coro da Royal Opera House. Mas, lançado em 1º de agosto, Tristão e Isolda teve até agora uma vendagem pífia: apenas 15.000 unidades. O CD chega ao mercado americano nesta semana (ainda não há data para o lançamento no Brasil), mas as previsões são pessimistas. Nas contas da revista inglesa The Economist, a EMI necessitaria de cinqüenta anos para recuperar a soma investida.

As vendas de títulos de música erudita em geral tiveram uma fase gorda nos anos 90, quando os consumidores trocaram suas velhas bolachas de vinil pelos CDs. Nos últimos anos, contudo, a recessão que se abateu sobre o mercado fonográfico atingiu em cheio esse filão. Calcula-se que a venda de CDs eruditos tenha caído 19% nos últimos dez anos. Trata-se de um mercado restrito por natureza, porque não tem grande apelo entre os jovens, os maiores consumidores de discos. Além disso, foi prejudicado pela saída de cena dos regentes que pertenciam à geração dos "supermaestros". O simples fato de o nome do regente austríaco Herbert von Karajan (1908-1989) aparecer num disco já garantia boas vendas ao selo Deutsche Grammophon – a ponto de ele gravar as sinfonias de Beethoven por seis vezes e todas elas renderem lucros. No caso da ópera, as dificuldades são ainda maiores. Nem todo fã de música clássica gosta do gênero. As gravações também são muito mais caras – elas requerem a presença de cantores badalados, um maior número de ensaios e o envolvimento de orquestra, coro e outros recursos. Hoje em dia, entre os regentes, somente nomões como o argentino naturalizado israelense Daniel Barenboim e o russo Valery Gergiev teriam cacife para gravar uma ópera em estúdio. Mas nem eles se arriscam.

Outro fator determinante na decadência dos CDs de ópera foi o advento do mercado de DVDs. Uma obra de Wagner ou Mozart dura em média de três a quatro horas. É mais interessante assistir a uma produção desse tipo – cujo atrativo está não apenas na música, mas também no cenário e na interpretação teatral – num formato com som e imagem. A ironia é que, além de mais atraente, o registro de uma ópera em DVD sai muito mais em conta que uma gravação de disco em estúdio. Para baratearem a produção, as principais casas de ópera se associam a emissoras de TV e companhias de disco. As montagens da Royal Opera House são produzidas em parceria com a BBC, por exemplo.

Placido Domingo encarou Tristão e Isolda como o grande desafio de sua carreira. Uma das principais obras do repertório de Wagner, ela exige do tenor um esforço sobre-humano no final do segundo ato e no início do terceiro. Domingo fez quinze sessões de gravação a fim de que seu Tristão ficasse irretocável. As críticas são unânimes em apontar o desempenho do tenor como um dos melhores de sua carreira. Se esse for realmente o último disco de ópera gravado em estúdio, ao menos terá sido em grande estilo.

Por que não vale a pena gravar óperas

A gravação em CD de Tristão e Isolda, com Placido Domingo, consumiu 920 000 dólares, e até o momento vendeu apenas 15 000 cópias.

Segundo a revista The Economist, seriam necessários
50 anos para a gravadora recuperar o investimento.

Já o custo médio da montagem de uma ópera de Richard Wagner é de 460 000 dólares, e o gasto para transformá-la em DVD seria de 180 000 dólares.

Total: 640 000 dólares. Sua venda estimada é bem maior: 50 000 cópias.

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Anonymous Anônimo said.

li várias matérias sobre essa gravação. pena que muitas gravações brasileiras não tenham o mesmo espaço. muito raramente. beijos, pedrita

15 setembro, 2005 08:28  

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