sexta-feira, setembro 30, 2005

O Rei Arthur - Sinopse e o contexto

Le roi Arthus at at La Monnaie: Dagmar Schellenberger as Genièvre and Douglas Nasrawi as Lancelot

Photo: Johan Jacobs

Ernest Chausson completou apenas uma ópera, Le Roi Arthus, mas é sem dúvida a maior homenagem francesa a Wagner. Na realidade o público francês nunca foi muito receptivo à obra de Wagner, apesar deste ser muito popular entre os compositores franceses. Ninguém pode argumentar que a ópera seja uma obra prima mas é uma peça fascinante - a última chama da influência wagneriana na França, antes da chegada do talento de Debussy, profundamente anti-wagneriano.

Nascido de uma família bem de vida, de Paris, em 22 de Janeiro de 1855, Chausson era uma criança talentosa, além da música tinha pendores para a pintura e para a poesia. Apesar disso, seu pai, como o pai de muitos compositores, não achava que a música fosse uma carreira viável para seu filho e forçou-o a estudar Direito. Em 1877 Chausson se formou , a duras penas, advogado, ele havia cumprido o desejo familiar mas se recusou a seguir carreira. Relutantemente, seu pai acedeu ao desejo de seu filho, sustentá-lo por uns tempos na carreira que o jovem Ernest havia escolhido.

Assim é que em 1879 Chausson inicia seus estudos, primeiro com Massenet e mais tarde com Cesar Franck. No mesmo ano ele viaja a Munique onde assiste à produção do ciclo de Ring de Wagner, a influência de Wagner sobre esse jovem é intensificada em 1880 quando Chausson assiste Tristan und Isold, e em 1882 quando ele consegue uma entrada para assistir à estréia de Parsifal.

Ele e sua mulher, Jeanne Escudier (a quem dedicou o seu poema-tonal Viviane, com o subtítulo de " Sobre a lenda da Távola Redonda") passaram a lua de mel em Bayereuth, e estabeleceram-se numa calma e tranquila existência, da qual Le Roi Arthus ocupou, por nove anos de idas e vindas a partir de 1886. Embora Chausson nunca tenha desempenhado um papel maior do que periférico no mundo musical da época, as suas soirées atraiam compositores famosos como Mallarmé, Debussy e Albénis. Morreu apenas com quarenta e quatro anos, numa queda de bicicleta patética, um fim inglório para um dos últimos compositores românticos franceses.

Um dos fatos interessantes dessa obra, raro mesmo, é que o libreto foi composto pelo próprio Ernest Chausson. Se não foi o unico, certamente foi dos poucos que reuniam talentos músicais e poéticos para uma empreitada dessa envergadura.

Le roi Arthus: Andrew Schroeder as Arthus, Yves Saelens as Lyonnel, and Klaus Florian Vogt as Lancelot

Photo: Johan Jacobs

Le Roi Arthus

Composta entre 1896 e 1895
Primeira exibição em 30 de Novembro de 1903, pouco mais de quatro anos após a sua morte
Libreto e Música de Ernest Chausson

Ato I

Arthur (Arthus) celebra a vitória sobre os Saxões e abraça o Cavaleiro Lancelot, seu primeiro Cavaleiro, não percebendo o caso que este mantinha com com sua própria esposa Guenevere (Guenièvre). Mordred descobre os amantes juntos e na luta que se segue Mordred é ferido por Lancelot, que consegue escapar. Arthur fica horrorizado com a notícia do adultério de sua mulher e manda buscar Lancelot que ignora a intimação do rei e foge com Guenevere.

Ato II

Arthur visita o seu mago, Merlin, que lhe confirma o amor de sua mulher a Lancelot e lhe conta que o seu reino está destinado a perecer. Arthur jura vingança e, tomando Excalibur, deixa Camelot. Quando os dois homens se encontram, Lancelot se recusa a lutar e foge, Guenevere fica horrorizada com a recusa do duelo pela sua conquista e estrangula-se com seus próprios cabelos.

Ato III

Arthur perde o trono para Mordred e, numa última batalha contra Lancelot, o fere de morte. Arthur perdoa o Cavaleiro moribundo e embarca num pequeno barco que o levará a Avalon.

Resenha sobre a gravação

Embora a fonte consultada, Opera The Rough Guide, em que baseamos esse artigo, diga que a gravação que ouviremos é a única, pelo menos mais uma gravação eu encontrei na Internet. Portanto, na parte em que essa unicidade deixa de existir, esse trecho foi omitido.

"Essa gravação de 1986 tem um som sem substancia (washy no original) que combina com a música de Chausson. Armin Jordan é um protagonista entusiasta e interpreta seu personagem e sua fala combinando as linhas orquestrais com um ouvido afinado, especialmente no finale onde ele consegue criar uma maravilhosa atmosfera mística. Gino Quilico é um Rei que soa afetuoso e cálido, não dando a vazão à loucura que o atinge quando descobre o adultério de sua mulher. Gösta Winbergh, apesar do seu registro leve e mozartiano de sua voz de tenor, injeta estatura heróica à música de seu personagem Lancelot. Teresa Zylis-Gara foi, nos vinte anos que antecedem esta gravação, uma excelente soprano e sua voz não era mais a mesma à epoca em que gravou esse registro, sua voz não era mais tão sedutora, mas ainda assim ela consegue elevar sua voz a criar a atmosfera de tensão que seu personagem requer."

Portanto, é importante a ópera de Chausson, quer pela qualidade sua de música e de texto (libreto), quer pela raridade de sua representação. Ainda que não tenha sido um sucesso de público, Chausson é um devotado e competente compositor. A experiência de escutá-lo é uma surpresa muito agradável.

Jacques

:

Blogger Dalva M. Ferreira said.

Lembra da poesia? "Mon bon monsieur, apprenez que tout flatêur vit au depends de celui que l'ecoute..." Eu adorei as fotos, tinha esquecido de comentar...foi até bom, pois fui pesquisar o Jacobs na net, e achei esse site: http://johan.jacobs.net/

muito bonito, você, como fotógrafo, deve conhecer e deve gostar!

PAZ!

01 outubro, 2005 11:12  

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