quarta-feira, agosto 17, 2005

Don Pasquale - Gaetano Donizetti


Don Pasquale é uma das principais óperas cômicas do século XIX e uma obra-prima de Donizetti, ao lado de Lucia di Lammermoor. Trata-se de um drama buffo, com libreto de Giovanni Ruffini e Gaetano Donizetti, a partir do libreto de Angelo Anelli para a ópera de Stefano Pavesi, Ser Marcantonio (1810). Ambientada em Roma, passa-se em meados da virada do século XIX/XX.

Donizetti ganhou renome e reputação pela versatilidade: foi autor tanto de obras-primas dramáticas (sérias) como Lucia di Lammermoor e Maria Stuarda – pontos culminantes do romantismo musical -, quanto de comédias desbragadas, como é o caso de L'Elisir d'Amore e Don Pasquale.

Os tipos criados em Don Pasquale excedem a simples caracterização estereotipada dos personagens da comédia clássica. As melodias escritas por Donizetti parecem descrever precisamente as emoções das personagens: a astúcia e dissimulação de Norina/Sofrônia, a ingenuidade de Pasquale, o cândido lirismo do herói-comum Ernesto e a esperteza e humor do Dr. Malatesta.

A ópera é extremamente veloz na condução da trama, reservando surpresas e qüiproquós a cada momento, até a hilária conclusão do terceiro ato, onde Don Pasquale se percebe vítima de um embuste cômico. Reúne todos os ingredientes da commedia "dell'arte", mas trabalhados com um perfil de composição dramático, caracteristicamente romântico.

Ato I

Primeiro Quadro
Estamos na casa de Don Pasquale, velhusco celibatário, rico, educado e de bom coração. Ele espera por seu amigo Malatesta, conhecido por ser um “faz-tudo”.
Don Pasquale quer casar seu sobrinho Ernesto com uma jovem de sua predileção mas o rapaz ama Norina, uma jovem, bela e afetuosa viuvinha e espera apenas a aquiescência do velho para casar, já que depende do dinheiro do tio. Don Pasquale garante que, se Ernesto não casar com quem ele quer, será deserdado e posto fora de casa e ele mesmo, Don Pasquale, buscará uma noiva e se casará.

Malatesta é então, encarregado por Don Pasquale de conseguir uma noiva. Ele diz conhecer uma, bela como um anjo e muito recatada e obediente: é sua própria irmã. É tudo que Don Pasquale deseja e já sente um fogo insólito que rejuvenesce. Sabedor da decisão do tio, Ernesto sente que perderá Norina, seu sonho, suave e casto e fica desolado.

Segundo Quadro
Na casa de Norina. Ela está lendo romances e comenta também ela saber a arte de se fazer amar. Malatesta avisa-a do que está acontecendo e promete ajudá-la no casamento com Ernesto, mas ela terá que fazer o que ele mandar e a primeira coisa, é tornar-se a noiva prometida para Don Pasquale. Ela deve simular ser uma moça casta, meiga, trabalhadora, um verdadeiro anjo de candura. Entre risadas os dois acertam como irão proceder

Ato II

Casa de Don Pasquale. Sozinho, Ernesto lamenta sua triste sorte. Perderá a herança, o abrigo da casa e pior: perderá Norina, já que não terá dinheiro para casar. Talvez o melhor seja buscar terras distantes e augurar felicidades para sua amada. Ele sai.

Don Pasquale chega e espera por Malatesta que chega em seguida trazendo Norina que vem com o rosto coberto por um véu. Ela se mostra receosa, como uma recém saida de um convento. Don Pasquale está encantado, enquanto entre si, Norina e Malatesta morrem de dar risadas. Ela diz não gostar de teatros, de compras e nem de festas. Gosta mesmo de ficar sossegada em casa e diz chamar-se Sofrônia. Quando ela tira o véu, Don Pasquale quase desmaia diante da beleza da jovem e quer se casar logo. Que Malatesta vá buscar o tabelião, mas este já está na antesala, tudo de acordo com o plano.

O tabelião entra. Na verdade, é um criado bem pago por Malatesta e faz o falso ritual do casamento de Sofrônia com Don Pasquale. Ernesto chega e cria logo um embaraço, mas o tio explica que como ele não se casara com sua predileta, agora ele mesmo se casava com aquela bela menina. Ernesto fica boquiaberto ao dar de cara com Norina mas, Malatesta chama-o de lado e explica o que estão fazendo e o próprio Ernesto assina o contrato de casamento como testemunha.

Terminada a cerimônia, Ernesto dá uma sonora gargalhada e Don Pasquale expulsa-o de casa. Norina toma a frente e impede-o, por ser um gesto rude impróprio no seu novo marido e exige que Ernesto fique. E aí começa a tomar uma série de atitudes que infernizam a vida do pobre velhote, que jamais imaginara que sua mulher poderia ser assim: ditatorial, gastadeira, festiva e pouco amorosa com ele.

ATO III

Primeiro Quadro
Na mesma sala da casa de Don Pasquale. Por todos os lados estão vários pacotes das muitas compras que Sofrônia fizera e vários cabelereiros, modistas e inúmeros criados não param de entrar e sair. Don Pasquale está sentado ao lado, desolado com tudo aquilo que está lhe custando uma fábula de dinheiro. E Norina avisa que irá ao teatro e em meio à discussão, ela dá-lhe uma leve bofetada, embora arrependida. É demais para o velhote que logo avisa que pedirá divórcio e pior: ele encontra um bilhete falso e marotamente deixado à sua vista, onde alguém diz estar esperando a “adorada Sofrônia naquela noite”.

Ao chegar Malatesta, Don Pasquale arrasado, explica-lhe o que está acontecendo e se propõem a ir surpreender Sofrônia e seu misterioso admirador. Provada a traição, ele pode mandar a mulher embora.

Segundo Quadro
Árvores em um jardim. Ouve-se a voz de Ernesto cantando uma serenata e, logo em seguida, surge Norina, trocando belas frases de amor. Malatesta e Don Pasquale chegam e o velhote põe a lanterna no rosto de Norina que diz estar apenas passeando, posto que Ernesto se escondera.
O velho está furibundo e Malatesta diz a Sofrônia que ela deverá sair da casa de Don Pasquale, porque no dia seguinte, já se terá uma nova esposa naquela casa e que esta, irá mandar de fato.

Sofrônia finge espanto e pergunta com quem esta nova mulher se casará. “É Norina, que se casará com Ernesto!”, informa Malatesta. Don Pasquale mostra-se radiante por contrariar Sofrônia e por poder se livrar dela. Sofrônia diz opor-se ao casamento e só acreditará se de fato ele acontecer. Don pasquale diz para Ernesto que consente que ele se case com Norina e manda buscar sua noiva. Malatesta diz não ser preciso, já que ela está ali mesmo.

Don Pasquale está admirado e fica intrigado ao saber que Sofrônia é Norina. Malatesta explica que a farsa fora a única forma de mostrar ao amigo o grande perigo de casar-se com alguém mais jovem. Malatesta, Ernesto e Norina beijam o velhote, pedem-lhe perdão e ele, muito feliz por livrar-se do pesadelo, pede que Deus que os una de bom grado, com sua herança, natural.

Resumo da ópera por Edson Lima em junho 2001.
silved@uol.com.br


Jacques

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