sexta-feira, julho 29, 2005

Händel - Rinaldo

Neste domingo, 31 de Julho, às 15:00hs, a Cultura FM de São Paulo vai irradiar a ópera Rinaldo de Händel.

O anúncio:

TEATRO DE ÓPERA - O mundo da lírica em obras completas
HAENDEL - Rinaldo. Solistas: Cecilia Bartoli, Bernarda Fink, David Daniels, Gerald Finley, Luba Organasova, Daniel Taylor. Academy of Ancient Music. Reg.: Christopher Hogwood.

Quem já leu anteriormente, onde eu dizia que Bartoli é, sem dúvida, um dos mais completos sopranos da atualidade, há de me desculpar a repetição. Outra repetição, após se firmar nos papéis mais ligeiros, mais cômicos e mais populares do repertório, Bartoli "descobre" seu talento para interpretar papéis mais maduros, mais difíceis. próprios de quem não está procurando o sucesso fácil, o aplauso do público. É pela grande voz e pela grande atriz, que se descobre o grande desafio de interpretação que Bartoli se impõe.

O repertório de Bartoli é impressionante e, mais uma vez, ela nos surpreende com uma atuação belíssima nessa ópera de Händel, ópera antiga, difícil, que passou um bom tempo "na prateleira" à espera de bons cantores, boa orquestra e ótimo regente que encarassem a difícil missão de tornar pública essa bela obra, para gáudio dos apreciadores da boa música. É um prazer tornar a ouvir toda essa juventude de Bartoli, uma juventude madura num repertório de período clássico, um soprano que toma o desafio de cantar uma ópera do início do século XVIII (1711) no final do ano 2000, às portas do século XXI.

Rinaldo

Ópera em três atos de Georg Friedrich Händel, libreto de Giacomo Rossi com base em Aaron Hill. Estréia em Haymarker, Londres, 24 de Fevereiro de 1711 (7 de Março no calendário moderno).

Personagens:

Goffredo, general do exército cristão (contratenor ou contralto)
Almirena, sua filha, noiva de Rinaldo (soprano)
Rinaldo, herói cristão (mezzo-soprano)
Eustazio, irmão de Gofredo (contralto)
Argante, rei de Jerusalém e amante de Armida (baixo)
Armida, feiticeira, rainha de Damasco (soprano)
Um mago cristão (baixo)
Um arauto (baixo)
Uma sereia (soprano)
Duas sereias (sopranos)

É interessante notar que à época de Händel, os cinco primeiros papéis masculinos acima foram cantados por castrati e quatro deles também por mulheres. Sobre esse assunto falaremos em outra oportunidade.

Ato I

Os cruzados sitiam Jerusalém e, na expectativa da vitória de seu general, Goffredo promete a mão de sua filha, Almirena, ao herói Rinaldo, que a ama e é correspondido. Um arauto sarraceno anuncia que Argante, rei de Jerusalém, solicita audiência com Goffredo. Anunciado por trompetas e tímpanos e precedido por suas tropas em parada espetacular, Argante entra e pede uma trégua de três dias (ária "Sibilar gli angui d'Aletto").
Goffredo aceita sem hesitar e Argante, mais confiante nos estratagemas de Armida (por cujos encantos confessa suspirar, numa breve ária) que na força das armas de suas tropas, se rejubila com o resultado de sua iniciativa.
Conduzida numa carruagem puxada por dragões, entra Armida, que invoca as Fúrias numa bela ária com a indicação furioso. Ela faz ver a Argante que só a eliminação de Rinaldo permitirá derrotar os cruzados e anuncia que tratará ela mesma de tirar o herói do caminho.
Numa paisagem idílica, Rinaldo e Almirena trocam juras de amor ("Angeletti, che cantate"). O casal entoaum delicioso dueto mas, subitamente, surge Armida que, com a ajuda de seus poderes sobrenaturais seqüestra Almirena. Rinaldo queixa-se tocantemente ("Cara sposa") de ser incapaz de intervir.
Goffredo e Eustazio chegam, lamentam a infelicidade que se abateu sobre eles mas manifestam, numa ária cheia de jovial otimismo, a esperança de que um amigo cristão poderá ajudá-los. Rinaldo recobra a confiança e, numa ária rápida de grande virtuosidade, ("Venti turbini, prestate") jura vingança.

Ato II

Uma embarcação está ancorada na praia, tendo ao leme um espírito sob a aparência de uma linda mulher. Sedutores cantos enchem a noite e, ao chegar, acompanhado de Goffredo e Eustazio, Rinaldo é convidado a embarcar para ser levado a Almirena. Horrorizado ao ver que o herói aparentemente se deixa seduzir pelos encantos de uma sereia, esquecendo seus deveres de guerreiro, Goffredo não compreende que a partida de Rinaldo tem por objetivo precisamente salvar a sua filha, e tenta detê-lo.
No palácio de Argante, Almirena não dá ouvidos às declarações de amor do rei e continua lamentando a sua condição de prisioneira. Sua ária "Lascia ch'io pianga", uma das mais belas de Händel, foi extraída de uma sarabanda de uma de suas óperas anteriores, Almira, de 1705 (Quase todos conhecem e já ouviram essa ária, verdadeiramente uma jóia musical).
Quando Rinaldo chega, é imediatamente interceptado por Armida, que também se apaixonou pelo cavaleiro cristão e, para seduzí-lo, toma a aparência de Almirena. Rinaldo está a ponto de ceder à tentação mas algo o retém. Sua ária de bravura ("Abbruggio, avampo, e fremo") é seguida de um acesso de cólera de Armida, furiosa porque ele não sucumbe às suas carícias mas é incapaz de invocar as Fúrias contra um homem que ama. A introdução largo é toda ternura e fervor mas, na breve seção intermediária (presto) ela rivaliza com a virtuosidade de Rinaldo.
Entra Argante, que julga estar falando com Almirena, e reitera seus protestos de amor, prometendo libertá-la do jugo de Armida. Quando a feiticeira readquire a sua aparência, irrompe em violenta altercação com seu antigo amante e jura numa esplêndida ária ("Vo' far guerra") retirar a proteção que lhe tem dado.

Ato III

Vê-se Goffredo ao pé de uma montanha em cujo pico se ergue o castelo mágico de Armida, guardado por monstros. Os monstros rechaçam a primeira investida dos cristãos, mas, o mago promete liberar Rinaldo e a filha de Goffredo, entregando-lhe varinhas mágicas que o ajudarão a quebrar o feitiço de Armida.
No jardim do palácio, Armida planeja matar Almirena. Rinaldo chega a tempo de impedí-la e está pronto a trespassar a feiticeira com sua espada quando intervêm as Fúrias, salvando-a. Chegando, Goffredo consegue, com o auxílio das varinhas mágicas, fazer desaparecer o castelo, surgindo um deserto ao fundo do qual se divisa a cidade de Jerusalém. É a vitória para os cristãos, celebrada com convicção por Rinaldo. Armida e Argante assistem ao desfile de suas tropas (Marcha) celebrando num dueto sua reconciliação e a batalha que se prepara.
Goffredo, Almirena e Rinaldo se rejubilam por estarem livres do feitiço de Armida; cantada em uníssono com o violino, a ária "Bel piacere", é de encantadora beleza e leveza. Eustazio convoca os três à tarefa que os aguarda, e é a vez das tropas cristãs marcharem diante de seu comandante, ao som de uma arrebatadora melodia, com tambores e trompetes, já ouvida em ópera anterior de Haendel, Ópera do Mendigo. Tímpanos e trompetes igualmente acompanham a virtuosísitica proclamação de Rinaldo ("Or la tomba"), logo seguindo-se a batalha, marchas e contramarchas de ambos os lados, até que a intervenção do herói decide o resultado. Feitos prisioneiros, Argante e Armida são perdoados e convertidos ao cristianismo (Händel mudou esse desenlace na versão de 1731, Armida e Argante descem aos infernos ao invéz de se converterem ao cristianismo). Rinaldo pode agora desposar Altamira e um coro final louva a virtude.

Jacques

Baseado numa sinopse extraída do The New Kobbe's Opera Book

:

Blogger Dalva M. Ferreira said.

Muito bom, Jacques! Bem exposto, e agora é só conferir.

29 julho, 2005 22:54  
Blogger Dalva M. Ferreira said.

Pronto! conferido... gostei muito da "Rinaldo". Bela orquestração, lindas arias. Eu não a conhecia, confesso, mas gostei muito, e, principalmente, porque baixei a letra pela internet e fui acompanhando. É outra coisa! Imagino que a montagem, no teatro deva ser muito bonita também. Pela primeira vez posso comentar alguma coisa, e dizer que as partes que mais gostei foram as árias "Laschia ch'o pianga" e "Sorge nel petto". E também o coro, no final...

31 julho, 2005 18:31  

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