De "Oberto" e da humildade
Giuseppe Verdi
nasceu em Roncole: 9 ou 10 de Outubro de 1813
faleceu em Milão: 27 de Janeiro de 1901
Oberto, Conte di San Bonifacio
1ª ópera (26 anos)
Libreto: Tomestocle Solera de libreto de Antonio Piazza ("Rocester")
Estréia: (Milão) Teatro alla Scala, 17 Novembro 1839
Oberto, conde de San Bonifácio (baixo)
Leonora, sua filha (soprano)
Cuniza, irmã de Ezzelino da Romano (mezzo-soprano)
Riccardo, conde de Salinguerra (tenor)
Imelda, confidente de Cuniza (mezzo-soprano)
Figurantes
Nobres e vassalos
Antecedentes
Giuseppe Verdi teria escrito 28 óperas. Dissemos "teria" propositadamente – já que o mistério da sua, ou das suas, primeiras óperas ainda está por decifrar. Diz-se que a 1ª ópera escrita por Verdi, aos 22 anos, terá sido "Rocester", recusada pelo Teatro de Parma, e cujo manuscrito se terá perdido.
Fala-se também duma 2ª ópera, "Lord Hamilton", com libreto de Antonio Piazza. E diz-se que terá sido com base neste libreto, profundamente modificado, que Temistocle Solera terá escrito um novo libreto para uma 3ª ópera que viria a ser apresentada no Scala no dia 17 de Novembro de 1839.
É com base nestas suposições que se deduz que "Oberto" não terá sido a 1ª mas sim a 3ª ópera de Giuseppe Verdi.
A verdade é que, quer tenham ou não existido "Rocester" e "Lord Hamilton", não restam dúvidas de que a 1ª ópera de Verdi levada à cena foi mesmo "Oberto", recebida com grande entusiasmo pelo público do Scala – por tal forma que o teatro lhe encomendou de imediato três novas óperas para serem apresentadas durante as temporadas seguintes.
Ato I
A ação passa-se em 1228 quando Oberto, Conde de San Bonifacio, derrotado por Ezzelino da Romano, se vê obrigado a ceder as suas terras aos Condes de Salinguerra, buscando exílio em Mântua, e deixando a filha, Leonora, em Verona à guarda duma velha tia. Leonora é seduzida por um jovem que se apresenta sob uma falsa identidade, e que depois a abandona. Esse jovem é o próprio conde Riccardo de Salinguerra que, depois dessa aventura amorosa, pede em casamento Cuniza, irmã de Ezzelino, e princesa do Castelo de Bassano. A ópera inicia-se precisamente no dia do casamento de Riccardo e de Cuniza, quando o conde é aclamado pelo povo ao dirigir-se para o castelo. Riccardo não esconde a sua felicidade, motivada não tanto pelas núpcias como pela ascendência ao trono. Leonora aproxima-se furtivamente do castelo queixando-se da traição de Riccardo. E é também para o castelo que se dirige Oberto, informado que fora pela irmã do que se passara, e decidido a punir a filha e o seu sedutor. Quer o Acaso que Oberto e Leonora se encontrem, e que a jovem obtenha o perdão do pai ao mostrar-se igualmente determinada a exigir uma reparação da ofensa. É assim que acabam por continuar juntos a caminhada.
Entretanto, no castelo, Cuniza recorda a sua infância feliz, ao mesmo tempo em que manifesta alguma angústia em relação ao casamento. Riccardo chega e tenta contagiá-la com a sua alegria. Pouco depois chegam Oberto e Leonora que pedem a Imelda, confidente de Cuniza, para serem recebidos pela princesa. Cuniza recebe-os, e, perante os fatos relatados, decide confirmar pessoalmente a veracidade das acusações. Depois de pedir a Oberto que se mantenha escondido num quarto próximo, Cuniza fica com Leonora para se confrontarem com o sedutor. Ao entrar na sala, e ao ver Leonora, Riccardo sente-se gelar. Mas rapidamente regressa à sua habitual falsidade acusando a jovem de o ter traído, e dizendo que fora ela quem o obrigara a afastar-se. Não resistindo a uma tal afronta, Oberto entra e desafia Riccardo para um duelo. Em face de debilidade das justificativas de Riccardo perante a indignação de Oberto e Leonora, Cuniza vê justificados os seus temores compreendendo a verdadeira natureza do seu noivo.
Ato II
O 2º ato inicia-se com Imelda informando a princesa de que Riccardo deseja falar-lhe. Não estando disposta a escutar mais falsas acusações, Cuniza está determinada a obrigar Riccardo a cumprir a jura feita a Leonora.
Entretanto Oberto enviara um mensageiro para desafiar Riccardo para um duelo, e espera-o impacientemente nos jardins do castelo. É surpreendido por alguns cavaleiros, acreditando ter sido traído pelo mensageiro. Apesar de saber estar sob a proteção da princesa, não correndo o risco de ser preso, Oberto continua dominado pela desconfiança, e pelo desejo de se vingar. Mal Riccardo aparece, volta a desafiá-lo para um duelo acabando por conseguir convencê-lo apesar da diferença de idades.
Cuniza e Leonora chegam no instante em que os dois se preparam para o confronto. Indignada, Cuniza acusa Riccardo de covardia, enquanto Leonora compreende que, apesar de todas as humilhações, ainda ama o traidor. Cuniza entende esse sentimento e, afastando generosamente a sua própria tristeza, ordena, diante de todos, que Riccardo repare o seu erro casando-se com Leonora. Oberto finge aceitar, mas, às escondidas, volta a desafiar Riccardo acusando-o de covardia se não fingir também aceitar essas núpcias reparadoras para, em seguida, se ir defrontar com ele nos bosques vizinhos. Esta cena de reconciliação não convence nenhum dos presentes, e, enquanto os cavaleiros comentam com ceticismo o que se passou, Riccardo mata Oberto em duelo fugindo em seguida presa dos remorsos.
Cuniza e Imelda inquietam-se com a ausência dos dois homens quando chega a notícia da morte de Oberto. Leonora fora procurar o pai que encontrara já sem consciência. Tendo desmaiado, é levada em braços pelos cavaleiros. Cuniza tenta em vão consolá-la, enquanto se debate com o sentimento de culpa e uma angústia inexplicável. É então que chega um mensageiro com uma carta de Riccardo: ele diz que fugiu, implora o perdão de Leonora enquanto lhe oferece de novo a sua mão e os seus bens. Profundamente magoada e desgostosa, Leonora diz que decidiu acabar os seus dias num convento. Depois... volta a desmaiar. A ópera termina com todos lamentando Leonora amargamente.
Jacques
PS: É com muita humildade que sinalizo que, pela primeira vez, não consta de nenhuma das minhas literaturas nenhuma sinopse a respeito desta ópera. Mesmo pesquisando a Internet, as informações foram escassas e não me satisfizeram. Dou mão à palmatória, o texto é resultado de muita leitura e pouco resultado. Mas, como sempre há um lado positivo, aprendo mais um pouco, aliás, bastante.
Apenas para comparação, há alguns bons anos, um professor e amigo meu, maestro, hoje famoso, nos falou em aula que não havia gravação da segunda ópera de Puccini, Edgard. Achando ser quase impossível, pus-me a pesquisar e depois de dias encontrei a citada gravação (Scotto, Bergonzi, Killebrew, Sardinero, Opera Orchestra of New York, Eve Queller) . Comprei duas, dei uma de presente ao meu grande amigo. O paralelo da lição, é muito provável que a minha dificuldade em pesquisar sobre esta primeira ópera de Verdi seja fácilmente resolvida por alguns de meus leitores, uma palavrinha chave que não descobri, um site que não percebi, enfim, um detalhe tolo que faria minha resenha um ato banal.
Normalmente as primeiras obras de qualquer compositor, mesmo os mais bem sucedidos, carecem da experiência, isso só virá a acontecer ao longo da vida e da obra. Normalmente são obras que, embora muito bem compostas, carecem de importância relativamente a trabalhos posteriores. Isso não as desmerece, ao contrário, são os degraus, necessários, que seus compositores trilham para ascender ao patamar da fama que fazem jus.
Dessa experiência tirei mais uma lição. Nunca diga, em termos de música, que não existe tal ou tal gravação ou informação. A verdade é que somos muitos limitados e eu, muito mais do que gostaria.
Mais um motivo para aprender!
:
gostei. a primeira foto acho q é a de divulgação. as outras eu peguei na página do luiz kleber q canta na ópera, alguém deve ter tirado e enviado para ele. não sei quem foi. beijos, pedrita
Bacana... agora sim, vamos às falas...
Beijos!
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