Libreto? - Parte II
Enquanto sigo escutando Castor et Pollux, de Rameau, na Radio Cultura FM (aliás, é muito linda!) vou voltar a dar uma pincelada na função do libreto das óperas.
Não digo que seja uma raridade hoje em dia mas, a verdade, é que, nos últimos anos, para nós leigos, o libreto deixou de ter a importância que nossos avós davam a essa peça.
E porque caiu em desuso?
Por que os teatros se modernizaram. É fácil entender.
Pela foto que ilustra este artigo dá para ter uma idéia qual era o contexto do libreto há muitos e muitos anos.
Já, há alguns bons anos , existe o programa do teatro onde consta a sinopse, da qual sempre aqui falamos, a crítica ou um ensaio sobre a ópera, o autor, o libretista, a orquestra, o regente , os solistas, o coro, fotos, enfim, os aspectos técnicos da récita. Essa lista pode variar de teatro para teatro, de ópera para ópera, é uma peça gráfica que persiste até nossos dias, cada vez mais bonita. Alguns podem ser considerados verdadeiras obras de arte. Independentemente do valor artístico, devem ser lidos antes da récita para que possamos usufruir das informações alí estampadas.
E o libreto? O libreto é a parte escrita da ópera. A música da ópera está nas pautas dos músicos, nas partituras. Igualmente a parte vocal está nas partituras dos solistas e do coro. A partitura do maestro é uma loucura, uma linha para cada instrumento (ou grupo), uma linha para cada solista , outra linha para o coro....
O libreto é apenas a parte escrita da ópera. Lá há uma pequena descrição do ambiente onde se passa cada cena da ópera e os diálogos, as falas de cada um dos solistas, a letra dos coros e assim vai. Há muito que deixou de integrar o programa.
Pois bem, a maioria dos libretos (originais) não passa disso. Aí entrou uma outra componente ditada pela globalização. Uma ópera de autores italianos, por exemplo. Se ela fôsse encenada em Londres, ou Paris, ou o país que fôsse, o teatro poderia fornecer o libreto original com a tradução, normalmente lado a lado. Genial! Nossos avós iam acompanhando o desenrolar da ópera e ao mesmo tempo a tradução para que pudessem entender o que ia pelo palco.
E hoje?
Hoje em dia, subproduto do cinema, temos as legendas! E ai? Aí fica fácil... Pela sinopse eu fico sabendo o que vai pelo palco e pelas legendas eu acompanho comodamente o libreto, na minha língua...
Daí os libretos perderam o seu encanto. Ainda acompanham os CDs mas a tendência é para a economia, das dezenas de óperas que tenho em DVDs, o libreto escrito não mais acompanha. O libreto é um artigo cada vez mais raro. Uma pena...
E se eu quiser acompanhar pelo libreto? Se quisermos em papel impresso teremos de ir à editora e comprar o libreto. Nada simples. Outra opção é a internet. Da minha experiência posso dizer, a grande maioria das óperas que são encenadas até hoje, apresenta sempre uma versão do libreto na internet. Algumas com tradução para outras linguas, é só procurar...
Os sites são muitos, mas para exemplificar cito o OperaGlass, este site é mantido pela Stanford University. Vale a pena dar uma espiada.
Para citar mais de um site, o OperaResource index é outra opção. Em espanhol? Kareol... Outro, Web La Opera -Hispaopera...
É mais uma questão do quanto queremos nos aprofundar. Uma simples pesquisa no Google vai nos apresentar resultados espantosos...
O importante é antes de iniciar um ato da ópera que estamos vendo, ou escutando, conhecer a sinopse do ato e acompanhar as legendas que, certamente, estarão presentes nos teatros. Para os DVDs de ópera ainda podemos nos dar ao luxo de escolher a versão em que queremos as legendas. Uma pena que os libretos hoje em dia estejam mais para versões eletrônicas do que para aquele livretos que acompanham os CDs.
Ainda muito há para se falar sobre o assunto...
Jacques
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