terça-feira, maio 24, 2005

Sinopse - Castor et Pollux

"Castor et Pollux, tragédia lírica de dois heróis, com duas versões para a mesma tragédia: a versão de 1737, superabundante, solenizada pela incidência de divertissements, adornada por um prólogo bastante opulento e a versão de 1754, sem prólogo, que se desenrola em torno de uma intriga que vem a humanizar um conflito desumano graças a uma estratégia de sentimentos mais móveis..." (L'Avant-Scène Opéra - dezembro de 1982)

Nossa audição de domingo será a versão de 1737, portanto a ela nos ateremos.

Personagens:

Minerva, Vênus, O Amor, Marte no prólogo, Télaïre, filha do Sol, Phébé, princesa de Esparta; uma aia de Hébé; uma Sombra contente; Castor, filho de Tuyndare, rei de Esparta e de Léda; Pollux, filho de Júpiter e de Léda; Júpiter; o Sumo Sacerdote de Júpiter, dois Atletas

Prólogo:

De um lado ruínas de pórticos e estátuas mutiladas: as Artes ali estão abandonadas, tendo a seus pés esferas, globos e seus atributos ao sabor do vento; de outro lado estão suas bases quebradas (as bases das esculturas), os Prazeres estão aí e parecem mortos; vêem-se ao fundo tendas e os contornos de acampamentos.

O prólogo se desenvolve num local utópico onde a guerra destruiu tudo que é fonte de harmonia sobre a terra - as Artes - e nos céus - os Astros. Para que a paz retorne Minerva, a protetora das Artes e o coro pedem a Vênus para aprisionar Marte, o deus da guerra (Vênus, ô Vênus).

Uma doce sinfonia, mesclada por alguns ruídos de guerra e de trombetas, anuncia a descida de Vênus e de Marte. Este deus aparece sobre uma nuvem, algemado pelos Amores, aos pés de Vênus.

Vênus desce dos céus e Marte, atingido pela flecha do Amor, depõe suas armas defronte a bela deusa.

Marte e Vênus descem: os pórticos onde estão as Artes e as bases onde estão os Prazeres, reaparecem em seu estado original e são embelezados pela presença de Vênus: as tendas e os acampamentos de guerra desaparecem.

A festa e o júbilo podem recomeçar. Primeira gavota, Segunda gavota, Primeiro minueto, Primeiro tambourin, Segundo minueto, Segundo tambourin

Ato I

O local destinado à sepultura dos reis de Esparta: luzes sepulcrais iluminam alguns desses monumentos: ao centro, os preparativos das pompas fúnebres de Castor.

Uma cerimônia religiosa, ao redor de um monumento funerário, (Que tout gémisse). Castor, que se liga a um amor recíproco a Télaïre, morreu pelos golpes de seu rival, Lincée. Phébé se esforça para consolar Télaïre prostrada em seu desespero após a perda de Castor (Tristes apprêts).

Escuta-se uma sinfonia militar e cantos de vitória

A novidade que Pollux vem para vingar a morte de seu irmão matando Lincée dá ao local um ar de alegria.
Primeira ária para os atletas. Segunda ária para os atletas. Terceira ária para os atletas.

Assim que Pollux explica a Télaïre que ele a ama (Je remets à vos pieds). Em resposta, ela pede a Pollux para trazer de volta Castor do Inferno (Allez, Prince!). Pollux decide agir em nome do amor e da amizade (Le souverain des Dieux).

Ato II

No vestíbulo do templo de Júpiter onde tudo é preparado para um sacrifício.

Natureza e Amor partilham o coração de Pollux (Nature, Amour). Salvar seu amigo Castor significa renunciar a seu amor por Télaïre. Um breve diálogo com a princesa não lhe deixa nenhuma esperança, pois ela não o ama (Si de ses feux). O Sumo Sacerdote anuncia a aparição de Júpiter (Le souverain des Dieux).

Júpiter aparece, sentado em seu trono, em toda a sua glória.

Pollux suplica a Júpiter para que o ajude a resgatar Castor para Télaïre (Ma voix, puissant maître du monde). Sem convicção Júpiter anuncia sua decisão: Pollux deverá tomar o lugar de Castor no Inferno (J'ai voulu te cacher). Mas, para o dissuadir, Júpiter pede à tropa dos Prazeres para que se desdobrem diante de Pollux todos os seus charmes e volúpias celestes (Avant que de céder).

Hébé dança à frente dos Prazeres celestes, tendo em suas mãos guirlandas de flores com as quais tentam enredar Pollux.

Entrada de Hébé e de seu séqüito (Connaissez notre puissance). Primeira e segunda árias para Hébé e seu séqüito. Sarabanda.

Pollux resiste à sua tentação e confirma a sua decisão de descer ao Inferno (Si je romps).

Ato III

A entrada do Inferno, cuja paisagem é guardada por monstros, espectros e demônios: é uma caverna que vomita chamas sem cessar

Phébé tenta a todo custo impedir Pollux de penetrar no Inferno (Rassemblez-vous, peuples), tudo em vão (Je vole à la victoire). À chegada de Télaïre, que havia consultado seu pai Apollon (Aux pieds de ses autels), ela apoia Pollux em seu ato. Phébé toma conhecimento que Pollux adora Télaïre. Ela dá vazão à sua dor (Quel aveu!), e enquanto Télaïre reencontra esperança, Pollux se abandona a seu sofrimento. Enquanto o Inferno atacam furiosamente Pollux (Primeira ária - Brisons tous nos fers - e Segunda ária dos Demônios), Mercúrio junta sua tropa infernal de seu caduceu (bastão de ouro, com duas serpentes defrontadas e enroscadas em torno dele, sob um par de asas em que se termina a extremidade superior) e adentra com Pollux na caverna. Phébé decide o seguir (Tous cède à ce héros vainqueur!).


Ato IV

Os Campos Elíseos; diversos grupos de sombras contentes aparecem ao fundo

Castor enfim aparece (Séjour de l'éternelle paix). Sua estada nos Campos Elíseos não apaga a lembrança de Télaïre. As Sombras contentes deixam este lugar encantador (Ária para as Sombras - Qu'ils sont hereux - Loure, gavota, Primeiro e Segundo Passepieds) , mas elas se escondem a partir da chegada de Pollux (Fuyez, fuyez, Ombres legères). Este explica a Castor que ele poderá deixar o Inferno e que ele reverá Télaïre (Rassurez-vous). Castor entende também que Pollux ama a princesa mas que se sacrifica por ele. Pressionado a voltar a reencontrar sua amada, Castor jura ficar apenas um dia na Terra para voltar a vê-la e voltar para liberar Pollux do Inferno (Oui, je cède). Gavota.


Ato V

Uma vista agradável nos arredores de Esparta

Phébé se revolta contra a sorte que atinge Pollux (Castor revoit le jour). Para a sua alegria Télaïre revê Castor (Le ciel est donc changé) e fica sabendo que seu amado deve abandoná-la (Castor, et vous m´abandonnez?). Desesperada ela tenta o deter mas os elementos se rebelam (aqui trata-se de uma menção a fatores atmosféricos) e os raios espoucam.

Júpiter desce do céu sobre sua águia

Ele anuncia que Castor está liberado de seu juramento e que ele partilhará a sua imortalidade com Pollux (Les destins sont contents). Pollux e Castor se reencontram (Mon frère, ô ciel).

Os céus se abrem e deixam ver o Zodíaco; o Sol em seu carro começa sua jornada, nas nuvens ao fundo se descobre o palácio do Olimpo onde os deuses estão reunidos

Júpiter anuncia que Castor e Pollux tomarão seu lugar no Zodíaco em sinal de amizade (Tant vertus). Télaïre é convencida a alçar aos céus sua beleza (Et vous jeune mortelle).

Divertissement: entrada dos Astros (Giga, Chaconne).

Traduzido do L´Avant-Scène Opéra

Jacques

:

Blogger Dalva M. Ferreira said.

No “King Lear”, Shakespeare escreveu:

“We make guilty of our disasters the sun, the moon, and the stars; as if we were villains by necessity, fools by heavenly compulsion.”

É, não dá para culpar os astros das nossas próprias fraquezas... devemos encarar os fatos. Castor e Polux não passam de pontos distantes na imensidão do universo.

Mas o artista tem a nossa licença para conduzir a nave estelar a esses mundos, e, pensando bem, qual a diferença entre a ópera “Castor e Polux” e os filmes “Star Wars”, ou “Mad Max” ou mesmo "2001 a Space Odissey"? a platéia, talvez? ou nem tanto.

Interessante...

25 maio, 2005 05:16  

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