segunda-feira, abril 18, 2005

Como resolver problemas com a ajuda de um mágico




Um de meus ídolos tardios, não que não fôsse gênio muito antes de conhecê-lo, foi Richard Feynman.

Nascido em 1918, Richard Phillips Feynman nasceu em Manhattan, New York, Estados Unidos. Desde cedo se mostra um cientista nato. Colaborou no esforço de guerra, durante Segunda Guerra Mundial, no projeto Manhattan, para a construção da bomba atômica. Foi prêmio Nobel de Física em 1965, junto com Schwinger e Tomonaga. Sua contribuição à ciência é enorme. Ainda em 1986 participou da Comssão de Investigação sobre a explosão da nave espacial Challenger. Veio a falecer em 1988.

Como curiosidade, houve uma passagem sua pelo Brasil, no Rio de Janeiro, de agosto de 1951 a junho de 1952. Fez pesquisa e ensinou física na Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O que fascina, apesar da estatura deste gênio, é a facilidade com que consegue passar ensinamentos, de uma maneira simples, para assuntos de alta complexidade.

Não temam, caros leitores, que eu vá me aventurar a colocar aqui nenhuma alta teoria matemática, nem ao menos nenhuma grande explicação científica. Apenas pretendo mostrar como raciocinava fácil o nosso mágico.

Digo mágico, porque o que li sobre Feynman, de seu livro (muito engraçado além de tudo) autobiográfico, "Surely You're Joking, Mr. Feynman", que aliás tive a grata surpresa de saber que foi traduzido para o português, sob o título de "Deve ser brincadeira, sr. Feynman", é de uma simplicidade que só pode ser atingida por sêres muito superiores, que, no entanto, sabem como transmitir ao próximo, seus conhecimentos.



Este livro é a ponta do iceberg que encanta aqueles que desejam conhecer como pensava esse físico, a um só tempo, um gênio e um mágico.

Entre os muitos problemas de que se ocupava Feynman, havia o princípio da mínima ação. Não nos ocuparemos da alta estratosfera teórica que circunda o problema. No entanto, para a alta complexidade de seu tratamanto, Feynman "bolou" uma analogia que encanta. Se não podemos nos alçar a altura de entender a alta teoria, vamos nos deleitar com a facilidade de seu raciocínio.



Imaginem que o salva-vidas, numa praia, percebe que há um nadador em dificuldades no mar. Existem três possibilidades para que ele atinja o nadador no mínimo de tempo.

Qual seria a trajetória a ser seguida? A 1? A 2? Ou a 3?

Por partes, se seguissemos a trajetória 1, é a trajetória, por terra, mais rápida, mas como a distancia no mar seria a maior, e a velocidade de natação é menor, o tempo para chegar até o nadador seria maior. Portanto fica descartada essa opção.

Restam-nos as outras duas opções. Iniciamos pela trajetória 3. Aí a stuação se inverte, o percurso por terra é maior, mas a natação tem seu tempo minimizado...

A solução 2 é um compromisso, nem o percurso por terra é muito grande e nem o percurso no mar é tão grande.

Aí caberá ao salva-vidas decidir. Se as distancias forem semelhantes, terra e mar, a opção 2 é a mais correta, se, ao contrário, o percurso a ser vencido na natação for relativamente maior, escolheríamos a opção 3, essa seria a opção a ser escolhida por ser a mais rápida...

Feyman usa essa analogia, simples demais, para ensinar o seu "Princípio da Mínima Ação" que explica muitos dos princípios de Física Quântica e assuntos tais como propagação, reflexão e refração de raios luminosos, partículas quânticas entre outras tantas partículas sub-atômicas.

Existem outras histórias curiosas e divertidas que envolvem Feynman e seus alunos. Muitas são antológicas. Entre seus livros para nós leigos, o livro aqui citado é uma leitura onde se sorri da primeira à última página. Aqui e alí daremos gostosas risadas. E viveremos o dia a dia de um cientista que tinha tudo para ser hermético mas que era simples demais. E se não era simples demais como cientista, era simples como ser humano.

Mas isso já é uma outra história...

Jacques

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