quarta-feira, abril 13, 2005

Um depoimento

Ontem, ao brincar a respeito de meu amigo Sir Ivanhoe Cedric Quaff e suas trapalhadas, omiti a parte onde Lady Skimbleshanks imagina o primeiro fumando cachimbo.

A verdade é que, contando a história de trás para frente, a última vez que fumei cachimbo foi em 8 de Maio de 1988. Coloco aqui a minha experiência própria em deixar de fumar por achar que esta possa ser útil àqueles que como eu tenham chegado à conclusão que é hora de parar.

O começo, como sempre, é banal. Vontade de me sentir adulto, imitar os mais velhos, sentir-me como um cáuboi no meio de um saloon com toda aquela fumaça, conquistar as mocinhas e por aí vai.

Acontece que aquele esforço para parecer tão fashion tem o seu preço. Eu já vinha notando uma grande falta de fôlego, um mal estar interno que só fazia aumentar minha dependência ao fumo, minhas crianças cheiravam mal, assim diziam meus amigos, em outras palavras, é claro...

Aí, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança pela primeira vez, o dos quarenta anos, resolvi fazer um checkup. Tornando curta uma história, meu médico, após um pífio trezentos metros na esteira ergométrica, me avisou, se quiser mais tempo de vida, deixe de fumar. Isso foi lá por Fevereiro do mesmo ano.

Resolvi fazer, por conta própria, usar a velha receita, se pifei com trezentos metros é por falta de preparo físico, vou começar a andar. Anda que anda e eu só fazia o papel de Don Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura...

Não conseguia andar mais do que umas poucas quadras, no plano, claro, e morria após o esforço.

Já haviam se passado dois meses e o resultado de meu exercício era muito lento, praticamente nulo, eu diria.

Dia da Vitória, 8 de Maio, ao ver um documentário na TV Cultura, senti um mal estar tremendo, físico e mental. Afinal o que eu queria da vida? Viver ou entregar minha pobre alma prematuramente?

Optei por terminar de dar minhas últimas baforadas no cachimbo. Não externei a ninguém minha decisão tomada alí sem maiores pensamentos. Pensei comigo, vou continuar a levar meu cachimbo, meu fumo e meu isqueiro por algum tempo. Se sentir vertigens, se achar que vou morrer, se minha força de vontade faltar, se vier a desfalecer, volto a fumar.

Pois bem, carreguei comigo, durante um mês, toda tralha. Fui forte. Acho que nunca precisei ser tão forte. Me senti um adulto pela primeira vez em anos...

Não pensem que tenha sido fácil. Não foi!

Mas a força de vontade, a determinação e a minha vontade prevaleceram.

Pensei que iria engordar. Não engordei! Por que? Porque coloquei na minha cabeça que iria recomeçar a minha vida, mais sadio!

Coloquei na minha cabeça que daquele ato, deixar de fumar, dependia minha saúde. Comecei a andar, aos poucos, mais e mais distancia.

Contratei um técnico para me acompanhar no reaprendizado. O dia que consegui "correr" os meus primeiros trezentos metros, chorei! Aos poucos fui progredindo, um quilometro, dois... Aí passei a correr por tempo, 30 minutos, aumentei até uma hora. Já percorria boas distancias em velocidades bem baixas, mas minha saúde melhorou.Já conseguia conversar enquanto corria. Tornei-me um outro homem.

Não é o caso de ficar analisando cada conquista que fiz, o que posso dizer é que, quando corri uma maratona, meu filho correu comigo os últimos 195 metros, muita emoção! Chorei que me acabei!

Eu havia corrido quarenta e dois quilometros sozinho! Verdade que já havia decorrido sete anos entre minha decisão e o dia da maratona. Mas valeu cada metro! E os últimos metros na companhia de meu filho... Não dá para traduzir em palavras, eu realmente sou um homem muito feliz!

E tudo isso eu devo àquele Dia da Vitória, que foi também a minha!

Este é o meu depoimento pessoal. Eu fiz a minha parte. O Criador me ajudou e me inspirou! E meu filho me coroou! Eu passei a ser um ex-fumante!

Jacques

PS: Não tenho postura de chato, se os outros querem fumar, não é meu problema. Não faço da minha experiência uma catequese, cada um deve decidir pelos atos que pratica e arcar com as conseqüencias. Meu depoimento só tem a intenção de ajudar! Espero que ajude!

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Blogger Dalva M. Ferreira said.

Virou moda observar o jardim do vizinho! que o hábito seja benéfico, estimulando nosso cuidado constante com os canteiros. Semeadura no tempo certo, regas regulares, adubação adequada, bem como a necessária poda... Daí vão saindo flores nada tristes, e nada baldias.
Comentando o seu generoso depoimento, devo acrescentar que já parei com esse vício terrível faz uns seis anos. Mas devo agradecer a ajuda recebida no ACTION LASER (cujo site é www.actionlaser.com.br). Sem as abençoadas agulhinhas, não sei como teria conseguido vencer a batalha - sem sofrer!

15 abril, 2005 16:13  

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