quinta-feira, julho 14, 2005

Só pode dar certo!


Ópera Estatal de Praga


Olá!

Recém chegado de uma viagem, tive a oportunidade de conhecer mais algumas salas de concerto aí por esse mundo tão grande. Sempre que podia, assim que chegava a uma nova cidade e antes de encostar o corpo que ansiava por um merecido descanso, lá ia eu ler todos os folhetos de concertos que conseguia na portaria do hotel.

É incrível de ver como a vida cultural da maioria das cidades por aí investe pesado na música clássica. É verdade também que o preço é muito salgado, ainda mais para os nossos padrões, mas, é gratificante ver o número de concertos que são levados pelos teatros que tive oportunidade de visitar ou, pelo menos, ficar sabendo que não poderia ir pois os ingressos já estavam esgotados há meses.

Chama também a atenção o número de pessoas que andam, para cima e para baixo, carregando seus instrumentos. E, pelo tamanho e formato das caixas, também chega-se à conclusão de que existe um número muito grande de instrumentos que são estudados e tocados. Mais ainda, todas as faixas etárias, desde o jovem até senhores (e senhoras), estão nesse mercado. Dá gosto de ver todas essas pessoas andando de trem, de metrô, de ônibus ou simplesmente à pé, indo e vindo pela cidade com seus pesados intrumentos.

Para citar a cidade que achei mais exuberante, Praga, na República Checa, há dezenas de concertos diários, dá para acreditar? Muitas igrejas e sinagogas se juntam às salas de concerto ou o teatro de ópera para dar, quase sempre, dois concertos por dia... Um à tarde, às 15 horas, e outro à noite, às 19 ou 20 horas. Eu vou repetir, e não achem que eu estou exagerando, são dezenas de concertos por dia.

Tive a felicidade de assistir à última audição da estação de óperas da temporada de 2004/2005 tendo assistido a Aída de Verdi. Isso por que em todos os dias anteriores, por alguns meses, houve apresentação de óperas diáriamente, cada dia uma ópera diferente, provávelmente uma dezena delas que se revezavam a cada noite... É de cair o queixo!

Dava gosto de ver a platéia, desde crianças na mais tenra idade até velhinhos, todos arrumadinhos, felizes de estarem presentes alí, naquele espaço, aplaudindo com muita vontade o excelente espetáculo que estávamos presenciando.

Ainda quando chegávamos ao teatro já dava para ver que a maioria vinha de metrô ou de ônibus, todos despreocupados e usando uma joinha ou um relógio, nada muito ostensivo, claro, mas dá para invejar a tranquilidade com que caminhavam pelas ruas. Igualmente, na saída, disciplinadamente, todos se dirigiam à estação de metrô ou de ônibus, alguns de carro, sem atropelos, sem atravessar fora das faixas ou o sinal vermelho, todos sorrindo, se cumprimentando, indo para suas casas sem nenhuma preocupação com segurança...

Dá para intuir que todos os envolvidos nesses concertos, os músicos, os cantores, os teatros todos têm lucro. Nós, o público, também. Dá para sentir que as crianças, desde cedo, são educadas a participar desses eventos e que certamente darão continuidade a essa manifestação tão importante da cultura.

Por oportuno, é lógico que ao lado da música clássica, existe também o público para os outros gêneros musicais. Ninguém é obrigado a gostar apenas de música clássica ou erudita, aliás, ambos os termos, a mim, parecem um pouco emproados. Todos os gêneros estão representados nessa farândola musical. Eu apenas me ative aos concertos de música clássica porque são os que me mais me atraem.

Os programas que acompanham cada um desses espetáculos eram meticulosamente confeccionados, dando todas as informações necessárias sobre a audição. Aprendi muito lendo esses programas. No caso da Ópera de Praga, o programa vinha em checo, inglês, francês e alemão. Disso falaremos em outra oportunidade...

Jacques

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Anonymous Anônimo said.

adorei seu texto jacques, desde q tive contato com o livro a ópera tcheca do lauro machado coelho fiquei curiosa de conhecer a república tcheca. adorei a foto do teatro. vejo realmente um grande interesse de investimento em cultura pela necessidade da informação nos países que vieram do comunismo e socialismo. não há tanto interesse comercial. claro que querem ganhar, mas há um interesse muito grande em proporcionar estrutura para que estudem devidamente os instrumentos. beijos, pedrita

15 julho, 2005 15:41  

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