sábado, abril 09, 2005

Meus livros, meu orgulho! E algumas árvores no meu caminho...

Tem gente que não liga para livros, tem gente que nem tem livros.

Sempre que vou visitar a casa nova de um amigo, faço o "tour", normalmente pelas mãos da dona de casa, que vai discorrendo: -"Aqui é a sala, aqui é o nosso quarto, aqui fica o nenê, aqui é o canto de bagunça do mais velho, aqui é a sala de televisão"...

O tour sempre é variado, mas nunca varia, deu para entender? Assim é...

Sempre fico curioso, onde estão os livros? Pois é! Quase sempre não há... Quando muito três livros (provavelmente ganhos) de fotos, um livro sobre o Ayrton Senna, uma Bí­blia... ainda faltaria um para meia duzia.

Eu, ao contrário, rato de livros, tenho uma bibblioteca que cresceu comigo. Livros sempre foram meus companheiros inseparáveis. Eles se amontoam em todos os cômodos da casa, nas estantes, sobre as mesas, apinhados em armários e gavetas, enfim, para onde olho, lá estão meus inseparáveis amigos.

Sempre que posso vou parando em livrarias. Nunca tenho í­mpetos de consumista, sou um consumidor moderado de quase todos os tipos de livros (e discos, CDs e DVDs). Folheio um aqui, outro alí­ e nem sempre levo, dor de consciência talvez. Tem uma pilha que ainda não li, mas não tenho pressa, vou saboreando as capas, vou lendo numa ordem diferente da que comprei, não há regras.

Emprestar livros? Não! Sou ciumento demais. O último que fui forçado a emprestar não fui eu quem autorizou, esse crime lesa patrimônio cultural foi parar na França... E se eu não cobrasse o famigerado sobrinho, teria ficado sem... Salvou-me o Rum Creosotado. Peraí­, esse é outro capí­tulo... E essa é velha, hein? Meu passado depõe. Não, meu livro apareceu! Sabe-se lá como. Aliás nem me interessa! O bom filho à casa retornou. Obrigado cunhada (a responsável pela volta do filho pródigo)!

Há cerca de cinco anos, no meu vasculhar de livros, ainda naquele tempo existiam livrarias que vendiam só livros, pasmem, vi um livro sobre as árvores que ladeiam nossas mal cuidadas ruas de São Paulo. Vi, olhei e gostei. Mas meu orçamento andava meio baleado e eu anotei mentalmente que seria um livro a comprar, brevemente.

Vai daí­ que sumiu o dito livro! Não achei mais, em nenhuma livraria, nesses últimos anos. Toda vez lá chego eu perguntando: -"Moça! Tem um livro que eu vi sobre árvores plantadas na cidade de São Paulo, você tem?"

Nem tem e nem conhece... Eu não desisto, repito, qual um mantra, sempre a mesma pergunta. Já vi olhares piedosos, interrogativos, aflitos, mãos que compulsam catálogos, mentes caridosas que vão às estantes para tentar achar pelo assunto, a maioria esmagadora com um não pronto na lingua...

Agora com o computador então, a resposta vem mais rápida, uma olhadinha e pimba! -"Não!" (Fim de papo)

Não é não! Não há a quem recorrer...

Ontem foi diferente. Sob um sol abrasador, um congestionamento, uma livraria que, intuí­, teria ar condicionado, que eu nunca tivera oportunidade de parar pois sempre estou com pressa de ir a algum lugar...

Resolvi parar o mundo que eu queria descer. Encostei numa vaga, o carro, quem você pensou que fôsse? Entrei na livraria e entoei o meu mantra.

Pois não é que tinha o raio do livro! Aliás dois! Diferentes. O vendedor me explicou que primeiro havia um da mesma autora sobre o mesmo assunto e era um que eu não conhecia, depois é que vinha o tal sobre as árvores de São Paulo!

O, ou os, livros haviam sido reeditados! Não me cabendo em mim e nem acreditando muito, pedi para ver.

Lá estavam! A autora, Jean Irwin Smith, os dois livros, reeditados. O primeiro chama-se Que Árvore é Aquela? O segundo, Árvores Ornamentais na Cidade de São Paulo.

Ao ler a introdução lá está, Jean chegou ao Brasil há mais de 30 anos, queria escrever um livro, aliás ilustradí­ssimo com lindas aquarelas, onde se pudesse conhecer o nome das árvores e algo sobre as mesmas. São Paulo, a cidade e suas ruas sombreadas por árvores, pasmem, foi sua inspiração. São Paulo de todos nós!

E foi escrevendo o primeiro, aquarelando folhas, as flores, olhando as ruas de São Paulo, limitou-se ao que viu perambulando por boa parte da cidade e as que possue em sua casa ou imediações, lá pelas bandas da Chácara Flora onde mantém uma espécie de coleção particular. Depois, não contente com o número de espécies que haviam ficado para trás, completou mais um volume no mesmo estilo do primeiro. Ambos se complementam. Provavelmente não esgotam o assunto, São Paulo é imensa, seu povo e suas árvores, idem!

Seu jardim é ponto de visita obrigatório de grandes apaixonados pela botânica.

E no entanto, a maioria dos espécimes está por aqui mesmo, em nossas ruas, por vezes retorcidas e deformadas pela poda impiedosa que muito mal fazem os que dela deveriam cuidar.

Seu primeiro livro data de mais de 20 anos. O segundo, menos, é o caçula.

Como andamos cegos por nossa cidade! Dois livros inteiros sobre as árvores da nossa amada São Paulo! E basta olhar para os lados! Ao vivo e a cores!

Por favor, não me peçam os livros emprestados. Eu sofreria muito se os emprestasse...

Já, os livros de Jean Irwin Smith, os recomendo por serem únicos.

Jacques

:

Anonymous Anônimo said.

Olá Jacques,

Também adoro meus livros da Jean... São apaixonantes e inspiram esse olhar da beleza da nossa cidade! Todos deveríamos cultivar esse olhar de encantamento e surpresa com tanta coisa linda, diferente e única que rodeia nossas vidas nessa mega cidade que na maioria das vezes nos faz esquecer da sua essencia em meio a tanto caos!!

22 janeiro, 2008 00:01  

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