"Quis hic locus,quae regio,quae mundi plaga?"
Sêneca
Olá!
Sei que pode parecer erudição barata citar filósofos em vão. Gostaria de me desculpar de antemão.
Não era a minha intenção original. O título aqui serve para demonstrar que há milênios o assunto está em baila.
Durante este fim de semana li muitos editoriais. Normalmente leio apenas os do jornal que assino. Intuo que este jornal tem uma linha política definida e que, portanto, assume a defesa de sua ideologia. Como normalmente coincide com a minha, não me espanta de ver expresso em letra de imprensa opiniões que compartilho.
Acontece que, para contentar "gregos e troianos", havia mais de um jornal à nossa disposição, onde me encontrava. Como sempre faço nessas ocasiões, ponho-me a ler todas as colunas que consigo. Não vejo como conseguiria ler todo esse material no dia-a-dia, pois aí não haveria tempo suficiente para toda essa imensa quantidade de leitura.
Pois bem, de tudo que li, cheguei à conclusão que estamos sendo lenientes com nossos representantes do poder. Certo que sou o enésino a chegar à mesma conclusão. Uma série de reportagens já esmiuçou essa afirmação.
O voto é obrigatório, somos obrigados a votar nos candidatos aos cargos eletivos. Fazemos nossa obrigação e esperamos a próxima eleição, que também será obrigatória. Em pouco tempo a maioria de nós simplesmente apaga o nome de quem votou.
Ficamos orgulhosos de nossa democracia e guardamos zelosamente nosso título de eleitor até a próxima eleição. Após o nosso ato patriótico, simplesmente deixamos de acompanhar o desenrolar (ou seria o enrolar?) dos atos dos nossos representantes. Até aqui estamos chovendo no molhado. Ou você acha o contrário?
A partir da afirmação acima, pus-me a pensar no quanto vale o nosso voto... Ora, apesar da grande maioria não lembrar em quem votou e, ainda que nosso candidato não tenha sido eleito, é motivo para aguardar passivamente o desenrolar (enrolar) dos fatos?
A pergunta que eu faço, é suficiente votar e torcer para dar certo? E somos patriotas? E quem é o meu, o seu, o nosso representante?
Se não cobramos deles aquilo que achamos certo, como é que queremos que nossas opiniões sejam ouvidas?
Será que aqueles quatro anos entre eleições são suficiente para darmos a nossa nota ao desempenho de nossos representantes? Óbvio que não!
A meu ver, é necessário atuar nesse intervalo imenso que separa duas eleições. Se não estamos satisfeitos com aquilo que anda por aí, hoje, se a política anda capenga como vem andando, o que eu e você deveríamos fazer? Sermos patriotas! Exigir de nossos representantes uma clara postura de ação.
Se não exigirmos essa postura de ação, estaremos sendo coniventes com que anda acontecendo por aí...
Alguns dirão, os tempos na política são diferentes dos tempos da iniciativa privada. Muito bem, de antemão aceito essa argumentação. O que não dá é ver dia após dia, semana após semana, mes após mes, ano após ano os mesmos assuntos sendo "empurrados" e nenhuma solução seja dada. Cada dia que passa nosso país vai ficando mais para trás. E com ele nós todos estamos indo para trás.
E hora de nós, cidadãos que honramos nossos deveres, exigir de nossos representantes que também assim façam.
E para fazer que isso aconteça precisamos ligar para eles, ou então mandar um e-mail, um fax, uma carta sobre aquele assunto que achamos que não está sendo bem conduzido. E não esquecer de que, quando encontrarmo-nos pessoalmente com esses cidadãos, o questionamento é mais do que válido.
Num desses artigos que li, comentáva-se que os próprios jornalistas ficam sem o "feedback" necessário. Tiragens de centenas de milhares de jornais, diariamente, geram algumas dezenas de cartas , telefonemas, etc.
Televisão do Senado, da Câmara, da Assembléia é para ver como vêm agindo esses portentos... Tirando aquela meia dúzia de assuntos que polariza nossa comunidade, você já tentou ver (e ouvir) quais são os assuntos que campeiam por alí?
Se não começarmos a fazer logo a nossa parte, não poderemos exigir que nosso país comece andar nos trilhos do desenvolvimento.
É isso.
Jacques
:
"Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim,
Olha que a rapaziada tá sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim...
Sem preconceito, sem mania de passado,
Sem querer ficar do lado
De quem não quer navegar,
Faça como o velho marinheiro,
Que, durante o nevoeiro,
Leva o barco devagar...
Tá legal!"
....assim falava Zaratustra, ou melhor, Paulinho da Viola, com maestria.
Concordo, caro Jacques, ainda que me sinta presa aos laços, cipós e lianas enredadeiras que prendem os herdeiros do nosso golpe militar ao chão áspero da subserviência, do temor reverencial. Com medo de ser feliz, como todos os que votaram no homem, mais por espírito-de-porco do que por convicção política. Meu jornal também traz essas notícias, e eu fico aqui pensando: e agora?
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